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Paz!
Hoje vamos abordar mais um acontecimento da vida humana que é difícil de ser abordado, pois a mente humana trabalha dentro de um sistema gerado a partir de verdades pré-concebidas. Quando se aponta essas verdades, a mente guita muito alto. Por isso mais uma vez peço que ouçam tudo que tenho para dizer e não deixem a mente se defender no meio da nossa conversa.
O tema de hoje é injustiça social.
Vamos falar do fato de haver pessoas que não têm o direito a casa própria, têm que morar em barracos. Vamos falar do monte de crianças que são abandonadas e largadas no meio da rua, que passam frio e também daqueles que por conta de um sistema político são preteridos no tocante à sua necessidade de paz.
Quando se fala desse assunto, a mente humana sai correndo para atacar governantes e poderosos. Ataca esses elementos, dizendo que estão promovendo uma injustiça social. Mas será que estão?
É isso que vamos conversar hoje. De passagem, já que o tema é uma injustiça, vamos também conversar sobre os momentos onde a sua mente diz que você foi vítima de uma injustiça. Então, vamos lá.
Como sempre, a primeira coisa que fazemos ao analisar um acontecimento é ver a hipocrisia que a mente humana trabalha. Vamos fazer isso agora.
Quando um ser humano está na frente de uma pessoa injustiçada socialmente, o que a sua mente faz? Gera crítica, ódio por alguém, desconfiança. É assim que ele reage.
É difícil o evento onde a mente gere uma atitude de socorrer aqueles que são necessitados. Primeiro a crítica, depois o socorro, quando se lembrar disso. Mas, mesmo quando gera essa atitude, a mente não propõe dar ao outro o que você possui, dividir seu bem, mas sim aquilo que é considerado supérfluo, extra, que está sobrando ou não tem mais utilidade.
Já disse no estudo do Senhor da Yoga que quando vê uma criança passando fome na rua você pode levá-la para a sua casa, dar um banho nela, dar alimento, arrumar uma cama para ela dormir, matriculá-la numa escola. Mas a mente humana não fala nada disso. O máximo que sugere é que dê um dinheirinho, pouco para não fazer falta, para ela comer um prato feito. Isso não resolve o problema, mas a mente se vangloria por ter socorrido aquela criança.
Quando vê uma pessoa sem teto, por que sua mente, que está tão preocupada com a injustiça social, não diz para dividir a sua casa com aquela família? Não, o que faz é criticar, acusar, dizer que os governantes não prestam. Ela nunca diz para dividir o que é seu como Cristo ensinou. Essa é a hipocrisia da mente humana.
Na verdade, menos de dez por cento da população do mundo passa por necessidades, por injustiças. Sendo assim, se apenas uma pessoa em cada dez realmente ajudasse ao invés de distribui apenas o que é supérfluo, já não haveria mais necessidade e injustiças sociais.
Então, teoricamente se acabarmos com a hipocrisia da mente humana e pararmos de apenas acusar poderíamos dizer que seria fácil resolver o problema. Só que a injustiça social nunca foi resolvida.
Durante toda a história da humanidade existiram pessoas que tiveram carências, que foram justiçadas. Por isso nessa análise precisamos usar o caminho dos ensinamentos dos mestres, e é o que vamos fazer agora.
A minha primeira pergunta para entender isso é a seguinte: o que é aplicar a justiça? O que é necessário para se aplicar uma justiça? O que faz o juiz quando julga e analisa?
Um processo é montado com depoimentos de acusação e de defesa. Depois o juiz analisa tudo o que é dito e chega um veredito. Esse veredito é a aplicação da justiça.
Ora, já conversamos aqui que na pergunta hum de O Livro dos Espíritos, se diz que Deus é Causa Primária de todas as coisas, mas será que é Ele que causa a injustiça? Acho que não. Por quê?
Porque também em O Livro dos Espíritos e nos ensinamentos de os mestres há uma unanimidade falar que Deus é a Justiça. Ora, se Ele é a Justiça, não pode ser injusto.
Antes de avançarmos pergunto: por que Deus é a Justiça? A resposta também está na resposta à pergunta hum de O Livro dos Espíritos: porque é a Inteligência Superior, ou seja, porque possui a capacidade máxima de avaliar a obra de cada um e dar segundo essas obras.
Só Ele pode determinar realmente a resposta perfeita àquilo que foi plantado. Sendo assim, quando age gerando a Causa Primária não pode cometer injustiça. Essa é a consciência que acaba com a ideia da existência de injustiça, mas poderíamos ainda ver outro aspecto.
Deus dá a cada um segundo as suas obras. Sendo assim, se aquela pessoa não tem teto, não tem o que comer, foi Deus que julgou que mereciam passar por isso. Através da Inteligência Suprema soube que era justo que passassem por aquilo.
Isso quer dizer que aquela pessoa estaria sofrendo um castigo, uma pena? Para a mente humana sim. É assim que ela interpreta tudo aquilo que é considerado mau.
Quando coloca Deus como Causa Primária, se o que acontece não é considerado bom, é sinal de que está havendo um castigo. Mas, será que está havendo um castigo?
Na pergunta de hoje, o outro do livro do Espírito, é dito que, o Espírito escolhe, fala-se, determinado venero de forma.
Na resposta á questão duzentos e cinquenta e oito de O Livro dos Espíritos é dito que não é Deus quem obriga o ser encarnado a passar por nada. É ele que escolhe suas provas.
Sendo assim, quando a mente humana acusa de mal o que a Causa Primária gera, não há castigo, não há pena. O que está acontecendo é Deus dando a cada um segundo as suas obras dentro do que cada pediu para a sua vida humana antes da encarnação.
Veja, o que você chama de injustiça social foi pedida pelo espírito antes da encarnação e foi dada por Deus, porque Ele sabia que era justo e necessário que passasse por aquilo.
Aí, os mais apegados à mente humana, ao sistema humano de vida, diriam: ‘se pudesse pedir o que quero, é claro que pediria apenas as coisas boas, o que é melhor para mim’. Essa questão também foi respondida pelo Espírito da Verdade: isso é uma visão humana.
Para o mentor do espiritismo o espírito, quando liberto da influência da matéria, ou seja, do sistema humano de vida, não se preocupa em buscar o bom. Ele possui outro objetivo: o crescimento espiritual.
Então veja, além de não ser uma injustiça, porque é fruto de uma Inteligência Superior, a injustiça social foi pedida pelo espírito quando de posse de sua consciência espiritual, ciente do que ia viver. Pediu a aparente injustiça porque sabia que era exatamente aquilo que poderia lhe ajudar na evolução espiritual.
Essa é a confusão que a mente humana faz e com isso não deixa você compreender perfeitamente o tema. Nada acontece por acaso, nada acontece porque alguém quer fazer um mal para outro. Tudo provém de uma Inteligência Suprema, aplicando a Justiça Perfeita e seguindo o que foi pedido antes da encarnação.
A realidade é essa: a partir do que é pedido pelo espírito, que no momento da escolha possui a consciência de saber que aquilo que vai vivenciar é a coisa mais importante para a sua existência universal, para a sua existência eterna, Deus dá a cada um segundo sua obra.
É por isso que nunca se acabou com a chamada injustiça social nesse mundo. É por isso que sempre houve ditadores, homens fortes que tiram vantagem dos outros deixando-os na pobreza. Isso sempre existiu e jamais acabará. Enquanto houver espírito que precise daquela situação, ela continuará existindo. Essa é a compreensão que o espiritualista tem da vida.
Novamente analisei os acontecimentos humanos a partir do ensinamento dos mestres e não daquilo que a humanidade fala sobre as coisas. Por causa desses corrimões que acabamos de falar o espiritualista não se deixa levar pela pena por quem sofre uma aparente injustiça social, nem pela acusação àquele que promove a situação. Ele ajuda, se ajudar, se conseguir ajudar, o outro, mas ignora o sofrimento criado pela mente.
Como disse no início, é um assunto difícil para se falar, porque vocês estão viciados numa bondade que não existe. Mas, de qualquer maneira, não é um assunto novo.
Em um livro de André Luiz, ele narra a história de uma família onde o pai usou o único bem que ele tinha, uma casa, para o funcionamento de um centro espírita. Esse pai morreu deixou a casa para o centro. A família não tinha onde morar nem o que comer.
O filho era revoltado com a situação. Dizia que deveriam tirar os espíritas de lá e alugar a casa para terem o que comer. A mãe e a irmã, no entanto, defendiam a presença dos espíritas, mesmo passando necessidades.
Quando volta para o mundo espiritual André Luiz compreende que aquele espírito revoltado, o filho, precisava passar por aquela situação. Mais: que a mãe e a irmã não tinham esse carma, mas vieram para essa vida para ajudá-lo a aguentar a falta de dinheiro.
Então, o que estou falando não é novidade no mundo humano. É só procurar o ensinamento dos mestres que vocês encontraram esse raciocínio.
Agora, só mais um detalhe.
Sei que é muito difícil compreender o que falei sobre a injustiça social. Só que essa mesma consciência precisa ser aplicada a cada momento onde você achar que foi injusto o que aconteceu com você. Se é difícil se libertar do sofrimento que os outros passam, digo agora que precisa também se libertar do sofrimento que você passa.
Ao invés de julgar aquele que me provocou uma injustiça, ao invés de gritar, criticar, compreenda que aquele momento onde aparentemente saiu perdendo foi um ato gerado pela Inteligência Suprema lhe dando o que pediu. Pediu não por qualquer outro motivo, mas sim porque sabia que precisava passar por aquilo para chegar à elevação espiritual.
Esse é o trabalho que o espiritualismo faz para utilizar a encarnação, a série de acontecimentos da vida, para aproximar o que se quer.
Que vocês fiquem na paz.