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Participante: estudei para fazer uma prova. Depois que fiz minha mente ficou me perturbando: será que passei, será que não passei? Reagi dizendo: fiz o meu melhor, se passar passei, se não passar não passei. Achei que tinha feito o certo, mas agora o senhor fala desse jeito e me vem a ideia que fiz tudo errado. Dá um desânimo.

Não, vocês não fazem errado quando agem dessa forma. Apenas fazem incompleto, pois não acabaram com a coisa velha.

Vocês já me ouvem há bastante tempo. Têm tentado colocar em prática o que venho falando. Apesar disso, na hora do desespero ninguém consegue escapar da contrariedade, do sofrimento. Porquê? Porque não destruíram a verdade velha, a verdade humana.

Na hora que o sapato aperta em cima do calo é que descobre que não tirou o calo. Nesse momento não é hora de se culpar, de criticar dizendo que fez errado. É preciso dizer a si mesmo que fez o que achou que tinha que fazer e se conscientizar de que enfrentou uma batalha, mas ainda não venceu a guerra.

A hora da vitória é o momento em que se vai ao médico e, se preciso, tirar o dedo fora. Como diria Cristo: é melhor entrar no reino do céu sem um olho do que ir para o inferno com os dois.

Com essa comparação surge a pergunta que todo pretendente a espiritualista precisa fazer a si mesmo: até que ponto estão dispostos a ir para realizar a reforma íntima? Terão coragem de arrancar seus olhos ou seus dedos?

Essa é uma pergunta que precisam fazer a si mesmos: até que ponto estão dispostos a sacrificar os valores que pertencem ao mundo humano? Isso é algo que precisam observar em seus corações.

Participante: falando especificamente de mim, se fosse para fazer tudo o que fiz, humanamente falando não faria. No entanto, veio a vida e foi me tirando as coisas, me levando ao despossuir, me deixando sem saber como seria o dia de amanhã e eu tive que fazer. Com isso fui vivendo da melhor forma possível o que a vida ia criando.

Certo, a vida tirou, mas para viver da melhor forma possível precisou sacrificar muita coisa, muitos anseios. Mas, não é disso que estamos falando.

O que estamos dizendo não tem nada a ver com sacrifício por não ter, mas em conhecer até onde está disposto a tendo, abrir mão. Estamos falando com a mulher que tem filho e perguntando se ela está disposta a abrir mão do seu poder materno, das verdades que são inerentes a ela, dos sonhos e aspirações que tem com relação ao filho.

Quero saber até onde aguentam o sacrifício humano necessário para poder conseguir a universalização.

Sabe, querer vencer, fazer, passar, evoluir, é humano. Só que mesmo humanamente falando sabemos que toda vitória exige sacrifícios. Como se diz na Terra, ninguém faz um ovo frito sem quebrar a casca.

Será que sabem disso? Será que têm consciência de que é preciso quebrar a casca para poder fritar o ovo?

Não estou falando que precisam chegar ao sacrifício extremo: abandonar, largar tudo. Isso não é sempre necessário, mas muitas vezes pode ser o caminho. Por isso é preciso se perguntar: você tem medo de que isso seja preciso? Se for, estaria disposto a pagar esse preço para poder ter aquilo que diz que quer(espiritualização)?

Participante: é, somos obrigados a quebrar os ovos …

Não, você não é obrigado a quebrar o ovo, apenas não diga que é um quebrador de ovos. Assuma o que é: ‘sou humano, gosto de ser, não quero deixar de ser e não vou me preocupar com isso, pois como dizem os espíritas, tenho muitas encarnações para fazer qualquer coisa’.  

Participante: na prática, o que seria quebrar o ovo?

Abrir mão de alguma coisa humana, perder o que não está disposto a perder.

Participante: materialmente?

Na vida.

Não estou falando fisicamente: perder dinheiro, casa, carro, família, amigos, etc. Estou falando, por exemplo, da sua fama de boa pessoa, de bom amigo, de fazer o que é certo, de pagar as contas em dia, de realizar sonhos, conquistar vitórias. Pode ser, por exemplo, não ter medo de perder a sua integridade como ser humano.

Participante: algo que como humanos valorizamos bastante. Só não pode acontecer alguma coisa com a minha mão, pois sou músico…

É, você me lembrou de um moço que dizia que gostava muito de mim. Um dia falando desse tipo de ensinamento disse que ia afundar o barquinho de pescaria dele. Pronto, brigou comigo.

Participante: mas, porque você ia fazer isso?

Claro que não ia fazer. Só estava passando o ensinamento: o que você está disposto a sacrificar para se espiritualizar?

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