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Participante: a figura do computador, do programa é boa …
Sim, mas não termina só nisso. Trata-se de um programa e você precisa se afastar das criações dele. Esse afastar-se consiste em ver a realidade com outros olhos, ou seja, explorar por todas as possibilidades, e não optar por nenhuma realidade gerada nesse processo.
Aí é que surge o grande problema.
Participante: resolver um problema traz outro?
Sim, porque tratam o que sabem como um tesouro.
Quantas vezes já conversamos com pessoas e quando eu digo algo diferente do que pensam a primeira coisa que fazem é dizer que não é bem assim e tentam me provar que o que sabem é a realidade? Se eu lhe digo que essa camisa é branca, dirá que não, que é vermelha. Se eu digo que alguém não fez determinada coisa, a pessoa logo responde que fez sim, que ela sabe que sim.
As verdades que possuem são tratadas como algo de um valor inestimável e por isso morrem defendendo-a.
Participante: compreendo. Isso quer dizer que se eu escolher uma das possibilidades me dano.
Sim, mas o que estou falando não é de não suar, mas que o problema para fazer o que lhe indiquei, para caminhar o caminho que mostrei, é a forma como se relacionam com as suas verdades. Tratam a elas como se fossem algo importantíssimo. Como se fosse algo que não pode abrir, como se precisasse dela, como se não pudesse abrir mão de ter uma.
Se começar a discutir com você sobre algo que imagina que conhece, me dirá que o que estou falando não é certo e me explicar como é. Claro que se sair de si e olhar aquela realidade com outros filtros verá outras possibilidades de realidades e pode até abrir mão desta, mas a dificuldade de fazer isso se encontra no trato que tem com as suas verdades: eu sei …
Isso que eu acredito é irretocável, vocês pensam. Por isso não estão dispostos a abrir mão do que tem. Este é o primeiro ponto para fazer o que falei: mudar o trato que tem com suas verdades. Ao invés de imaginar que sabe as coisas e por isso tratar a verdade como algo que não pode ser questionada, precisa lidar com elas de uma forma menos possessiva.
O problema é não ter a forma de lidar com a verdade: como se fosse coisa preciosa.
Deixe fazer uma pergunta. Você está para trocar o piso da sua casa, não é?
Participante: sim.
Porque, eu acho que esse está muito bom.
Opa, antes que você comece a me explicar os defeitos que este piso tem, lembre-se de que isso deve ser tratado de você de uma forma não possessiva e não real. Precisa olhar com outros olhos e libertar-se da ideia de que precisa muda-lo.
Isso é o que acabamos de falar e você disse que entendeu. Porque quando falei que não precisava você logo defendeu seu ponto de vista? Porque eu ataquei a sua verdade. Tendo em vista a importância que ela tem para você e a forma como se relaciona com ela, tratou logo de defende-la.
Participante: não é bem isso. O fato é que as coisas vão sendo constituídas ao longo dos anos através de comprovação. Por exemplo, quando eu como engordo, quando não, emagreço. Isso virou verdade por causa de anos de observações O que você acha se eu viver isso apenas como uma verdade minha?
Sim, é uma verdade só sua, já que tem pessoas que comem um prato muito cheio de comida e não engordam.
A questão que levantou faz parte da universalidade da verdade. A verdade humana é individual, pertence só a ele mesmo. Mas, existe outro aspecto envolvido na verdade relativa: a eternidade. Nenhuma verdade humana dura eternamente.
Por isso, se você disser que essa é a sua verdade individual de hoje e que pode não ser a mesma no futuro, aí aceito. De nada adianta acreditar apenas na individualidade dela, pois se amanhã não comer e não conseguir emagrecer vai sofrer.
Na verdade, quando você me fala na verdade sendo comprovada pela observação, está me falando na força de maya. O programa da sua vida, a sua mente, já lhe disse diversas vezes que tal coisa dá em determinado resultado. Por isso, ele lhe diz que pode acreditar. Você acredita e cai.
Participante: porque, então, quando quis comer como uma pessoa normal eu engordei quase dez quilos?
Porque este trabalho que estamos conversando não é para lhe engordar ou emagrecer. A prática do ensinamento não mudará o seu peso, a sua forma, mas sim a forma como se relaciona se por acaso engordar ou quando emagrecer. Ou seja, vai lhe tirar do ciclo de dor e prazer.
Emagrecer ou engordar não é problema. O importante é entender como convivem com a verdade que a mente cria. Acham que é algo do qual dependem para existir e por isso não deixam ninguém nem chegar perto dela, ameaçá-la. Por causa desta forma de lidar com elas é que não fazem o trabalho.
A verdade para vocês é um bem muito precioso. Quantas vezes já conversamos sobre pessoas e suas ações e você me disse que determinada pessoa estava agindo neste sentido ou com aquela intencionalidade e eu disse que não era isso? Quando isso aconteceu, sempre me respondeu: ‘está sim, tenho certeza’ …
Só que quando falo sobre o que as outras pessoas estão fazendo, não estou querendo quebrar a sua verdade, ensinar o certo. O que quero fazer é aumentar as possibilidades das intenções delas para eu você olhe por um ângulo diferente aquele acontecimento. Só que não faz isso, porque não consegue abrir mão do que acha. É neste ponto que estou alertando.
Participante: só que não estou falando de outras pessoas, mas de mim mesmo.
Eu também. Não estou falando do que outra pessoa fez, mas daquilo que você achou que foi feito.
Sempre que conversamos eu tento abrir o leque de possibilidades de coisas que tenham acontecido justamente para que você não escolha uma e por esta característica humana de ter como um bem imenso a sua própria verdade, você não me ouve e prefere ficar com a sua interpretação.
É isso que estou falando. Para poder fazer a dissociação a primeira coisa que precisa ser alterada é o trato com que se relaciona com suas verdades. Essa mudança se consiste para aquilo que vocês mesmos dizem: tudo pode ser, pode não ser.
É preciso, então, mudar a forma de lidar com as verdades que já estão, ou seja, com os filtros.
Participante: eu não posso mudar a minha verdade.
Não estou falando em alterá-la, mas mudar a forma como se relaciona com ela. Não é dizer que pode comer e não emagrecer, mas constatar de que porque comeu engordou, mas assim mesmo não ter certeza de que comer faz engordar.
Participante: leva, porque para mim sempre faz isso.
Sim, hoje e para você faz, mas será que amanhã ou para aquela outra pessoa ali essa verdade é absoluta?
É sua verdade, mas já houve dias onde comeu e não engordou.
Participante: isso nunca aconteceu.
Nunca aconteceu de comer diversos dias e não engordar, mas algumas vezes isoladamente aconteceu.
Mas, isso não importa. O importante e o que estou querendo alertar é que para fazer a dissociação precisa mudar a forma de se relacionar com o que sabe hoje. Se não mudar, jamais questionará a verdade, o filtro.
Acreditando que o reflexo daquela camisa é vermelho, sempre conseguirá distingui-lo, mesmo sem luz. Com isso não abrirá o leque de possibilidades para outras coisas e irá querer defender suas verdades quando elas forem contrariadas.
Participante: mas, tem coisas que estou conseguindo fazer e o senhor disse que não era possível ser feito.
Você não me conhece? Sempre que diz que pode eu digo que não, quando diz que não, eu falo que pode. Isso porque quero sempre abrir o leque de possibilidades para que não gere uma verdade para você. Se acreditar que pode, quanto mais com o meu aval, não conseguindo o sofrimento será inevitável. Como estou preocupado com a capacidade de sofre que possuem, prefiro ser sempre o advogado do diabo para que não aumentem a possibilidade de conseguir o que querem.
É só essa a minha função e ela é desse jeito porque vocês precisam se libertar da força de maya, ou seja, deixarem de acreditar que alguma coisa é realmente absoluta.