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Participante: como vou dizer para mim mesma que não é importante lavar a louça se não é isso que sinto?

É isso que estou dizendo: é preciso trabalho lento e gradualmente para se libertar dos gunas. Não será de uma hora para outra que vai fazer.

O que está fazendo agora?

Participante: ouvindo o que o senhor está falando.

Certo, está me ouvindo, mas como está fazendo isso?

Se estiver em rajas, não conseguirá ouvir e nem entender o que estou falando. Ou seja, se estiver vivendo com pensamentos que a impulsione a fazer alguma coisa, não conseguirá ouvir, mentalmente falando, o que estou dizendo.

Estando em rajas, ou seja, impulsionada a agir, nesse caso ter que lavar a louça, irá comparar o que estou dizendo com os seus conceitos sobre louça. Como a minha palavra possui a característica sattva (se lavar, lavou) que é contraposta a rajas, fatalmente terá razões que se oporão a aceitar o que está sendo conversado.

Isso acontecerá, mesmo que preste toda atenção no agora. Mesmo que esteja atenta ao que estou falando, o vício criado pelo pensamento a partir de conceitos (tem que se lavar louça, não pode se viver com louça suja), impulsionado com a presença de rajas (que impulsiona a agir seguindo os conceitos), não lhe deixa me ouvir sem poluição. O vício que a sua mente possui é a poluição que distorce o que eu falo.

Sabe o que esse vício mental impulsionado por rajas está causando em você quando falo em não ser obrigado a lavar louça? Síndrome de abstinência. Está agindo como um fumante que vê o seu maço de cigarros acabar a noite. Ele entra em desespero com a possibilidade de não fumar e não presta atenção a mais nada.

Portanto, mesmo que esteja presente com atenção no que estou falando, o momento de agora, não conseguirá imaginar ser possível viver sem praticar aquela ação. Por isso, não aceitará como verdadeiro e possível o que estou orientando a fazer.

O estar presente no momento não resolve, porque está aqui externamente e não internamente. Por dentro está vivendo a síndrome de pânico que acabei de falar.

Por isso estou dizendo que é preciso estar aqui, mas com atenção ao seu raciocínio e não ao que estou falando. Para que? Para inibir a característica rajas ou tamas que os pensamentos de agora estão usando. Para inibir os carmas, os conceitos, o vício e a preocupação com o fato do futuro ser diferente daquilo que depende (síndrome de abstinência)

Saiba que entregar-se ao raciocínio que polui as percepções só lhe faz viver em rajas ou tamas e nunca sem sattva. Para viver assim é preciso agir no pensamento.

Participante: não entendi isso.

Deixando-se guiar pela mente jamais atingirá pensamentos com características sattvas: serenidade, devoção, pureza. Sempre viverá realidades criadas com características de rajas ou tamas, ou seja, realidades onde é obrigada a fazer alguma ação e atingir uma determinada intencionalidade ou onde deve se omitir a fazer qualquer coisa.

Dessa forma, viverá sem vivenciar a realidade real da vida. Estará sempre vivendo superficialmente, ou seja, em realidades criadas por seus conceitos através de pensamentos que são formados com características rajas e tamas.

Se conseguir agir para libertar-se da força de real do pensamento viverá em devoção (sattava).

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