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Como disse, a razão não é universal, pois possui verdades que valem apenas para si mesmo. No entanto, há outro motivo pelo qual ela não pode ser um guia infalível para aquele que quer aproveitar a encarnação. Para falar disso vou continuar no exemplo que citei: achar algo bonito.
Quem não achou algo belo um dia e no outro não? Tenho certeza que isso já aconteceu na vida de todos vocês, não?
O que é isso? É formar um conceito sobre outro. O que isso pode lhe trazer de malefício? O não saber mais no que acreditar. Não estou falando em crer no nada, mas em estar em dúvida no que acreditar.
O fato da razão criar diversos conceitos diferentes a respeito do mesmo tema é um malefício para aquele que quer alcançar a elevação, pois dessa forma é criado um emaranhado de conceitos onde o ser se perde.
Aprisionado a uma grande quantidade de conceitos, não sabe mais o que deve usar como valor essencial de sua vida. Com isso se perde completamente na questão da elevação espiritual.
Dou como exemplo a própria religiosidade que o ser vive. Quem nunca se viu perdido com a sua religiosidade por acreditar em uma religião num momento e depois em outra? Será que a posição certa para rezar é de mãos postas como fazem os católicos, de braços erguidos como fazem os evangélicos ou com as mãos em concha, como fazem os espíritas? Mudando a crença, mudam as posturas da reza e o ser humanizado que vai acumulando verdades acaba não sabendo como agir.
Portanto, para alcançar a elevação espiritual é preciso abandonar o raciocínio e entrar na vida meditativa. O que é essa vida? É a negação dos conceitos gerados pela razão.
Participante: é nada saber?
Não posso dizer isso, pois senão você irá querer eliminar todos os conceitos e jamais conseguirá fazer isso. O que estou falando é que deve, ao invés de se deixar levar pela correnteza do pensamento, mergulhar na profundeza da formação mental para ver o que há por trás do que está sendo dito pela mente.
Quando sua mente lhe dá um pensamento está usando um conceito. Por exemplo: ela diz que determinada pessoa é seu pai. Quando isso acontece, quem vive meditativamente mergulha nessa razão ao invés de se deixar levar (acreditar) na correnteza formada pela mente. Ao invés de aceitar o que foi dito, questiona se realmente tal pessoa é seu pai, o que representa a crença de ter um pai humano, se esse conceito está em consonância com o resto que acredita. Fazendo isso, chega a novo conceito.
Quem realmente vive meditativamente, ou seja, transforma o valor essencial de sua vida e, ao invés de parar aqui, novamente medita sobre as respostas que surgirão da meditação. Chegará a outros conceitos, que novamente serão meditados.
Esse é o processo meditativo que marcará a vivência no novo mundo. É esse o novo sistema que a inteligência, o espírito, adotará.
Participante: posso dizer que esta meditação é tentar chegar o mais perto possível da Verdade absoluta?
Sim, pode dizer isso. Pode dizer que meditar é ir aos poucos se libertando das verdades relativas, pois a cada nova compreensão estará sempre abandonando a anterior.
Meditar é sair da superficialidade da vida e começar a mergulhar num oceano chamado vida. Mas, para isso é preciso se libertar da correnteza superficial.
O conceito que a mente exprime por raciocínios é a correnteza superficial da vida. Ele não leva a lugar nenhum: nem à realização material, nem à espiritual. Sei que vocês podem imaginar que isso está errado, que os conceitos ou ideias de um ser humanizado podem levá-lo a algum lugar, mas isso não é real.
Será que alguém consegue o sucesso material só porque pensa de uma forma? Acho que não. Quantos pensam do mesmo jeito e não conseguem?
Será que as suas ideias levam ao sucesso espiritual? Também acho que não. Se levassem, Cristo não falaria contra os professores da lei, ou seja, os seres humanizados que possuem uma grande cultura – e por isso pensam de uma determinada forma – mas que não conseguem elevar-se.
Muitos, por exemplo, tem ouvido o que falamos. Acham que aprenderam muitas coisas. Na verdade receberam apenas conceitos e apenas tê-los não os leva a lugar algum.
Quantos já não me ouviram dizer que Deus é a Causa Primária de todas as coisas, mas ainda vivem com a ideia que outras pessoas são capazes de agir e lhe ferir? Por que isso acontece? Porque os conceitos que já tinham não foram meditados com as novas informações que receberam. Ou seja, não meditaram sobre o que acham dos outros a partir do ensinamento que Deus é Causa Primária de todas as coisas e por isso ainda acham que eles são capazes de lhes ferir.
Se quem me ouviu mergulhasse no oceano da vida com o tanque de respiração repleto dos ensinamentos, o conceito que afirma que determinada pessoa é um inimigo e por isso sempre agirá para feri-lo mudará. Mergulhar dessa forma é, quando vem à consciência a ideia sobre o outro, se perguntar: ‘o que é uma pessoa? É a encarnação de um espírito. Quem coordena a encarnação de cada ser universal? Deus. Sendo assim, quem agiu contra mim foi Deus e como eu O amo, não vejo no que fez uma maldade’.