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O que estou querendo dizer é que deve dar ao bandido o direito de roubar. Se fizer isso, não terá medo dele. O bandido tem o direito de lhes roubar e até matar. Sabiam disso?
Participante: e eles acham isso tão natural, não é?
Não, não estou falando do que eles acham. Estou dizendo que têm o direito de lhe roubar, sabiam disso?
Participante: por que?
Porque eles nasceram para isso. Eles nasceram para seres assaltantes e vocês que são roubados nasceram para viver isso.
Eles são agentes carmáticos. Ninguém é roubado se não merecer ser roubado, se isso não fizer parte do gênero de provas pedido antes da encarnação.
Cristo fala uma coisa interessante. Vocês já repararam que o sol nasce para o bom e para o mal? Quando diz isso quer dizer que aos olhos de Deus não há diferença entre um bandido e um santo, um honesto. Porque para todos é dada a mesma oportunidade. Que oportunidade? A de viver a sua ação carmática que servirá como instrumento para a elevação espiritual.
Por isso digo: dê paz aos bandidos. Quanto mais se revolta com ele, mais aumenta a revolta nele. Quanto mais age contra o seu inimigo, mais fomenta nele o querer se vingar de você.
A instabilidade da segurança, não passa só em confiar em Deus. Passa em começar a plantar a paz com todos. Na hora que a paz com o seu próximo, eles vão plantar com outros e assim a felicidade cresce.
Me lembra outra história:
Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita. Acontece que essa menina frequentava as aulas da escolinha local no mais lamentável estado: suas roupas eram tão velhas que seu professor resolveu dar-lhe um vestido novo.
Assim raciocinou o mestre: é uma pena que uma aluna tão encantadora venha às aulas desarrumada desse jeito. Talvez com algum sacrifício, eu pudesse comprar para ela um vestido azul.
Quando a garota ganhou a roupa nova, sua mãe não achou razoável que, com aquele traje tão bonito, a filha continuasse a ir ao colégio suja como sempre, e começou a dar-lhe banho todos os dias, antes das aulas.
Ao final de uma semana, disse o pai: Mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more num lugar como este, caindo aos pedaços? Que tal você ajeitar um pouco a casa, enquanto eu, nas horas vagas, vou dando uma pintura nas paredes, consertando a cerca, plantando um jardim?
E assim fez o humilde casal. Até que sua casa ficou muito mais bonita que todas as casas da rua e os vizinhos se envergonharam e se puseram também a reformar suas residências.
Desse modo, todo o bairro melhorava a olhos vistos, quando por isso passou um político que, bem impressionado, disse: É lamentável que gente tão esforçada não receba nenhuma ajuda do governo”. E dali saiu para ir falar com o prefeito, que o autorizou a organizar uma comissão para estudar que melhoramento eram necessário ao bairro. Dessa primeira comissão surgiram muitas outras e hoje, por todo o país, elas ajudaram os bairros pobres a se reconstruírem.
E pensar que tudo começou com um vestido azul.
Não era intenção daquele simples professor, consertar toda a rua, nem criar um organismo que socorresse os bairros abandonados de todo o pais. Mas ele fez o que podia, ele deu a sua parte, ele fez o primeiro movimento, do qual se desencadeou toda aquela transformação.
É difícil reconstruir um bairro, mas é possível dar um vestido azul.