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Antes de entrar no processo de reforma íntima é preciso que se conheça e aceite quem é, aceite a sua natureza. É preciso aprender a viver com quem é e não querer mudar-se.
Participante: não ficar brabo com suas limitações?
Mais do que isso. É saber quem é e estar em paz consigo do jeito que é.
Isso é importante de ser alcançado porque só na hora que não luta contra o ego, contra sua razão, consegue paz. Só na hora que para de reclamar do azulejo velho pode colocar o novo. Enquanto disser que o velho não presta, não conseguirá colocar o novo e por isso não terá paz.
A primeira coisa que o buscador precisa fazer é viver a si mesmo. Para isso precisa conhecer-se e se amar. Vamos falar um pouco sobre se amar.
Amar-se não é, dentro do exemplo que estamos usando, não querer se contrariar com quem não gosta do seu esporte, mas dizer ‘eu não gosto de quem não gosta dele, e daí’? Reagir dessa forma a si mesmo, à sua natureza, é a única coisa que pode lhe deixar em paz consigo mesmo. Essa postura trará paz porque irá gerar uma aceitação da sua reação. Não aceitando, querendo mudar o que pensa, sente, não terá paz, pois estará em contrariedade consigo mesmo.
Participante: está me parecendo que estamos justificando as ações do ego …
Não, é isso.
Compreenda que você não nasceu para lutar contra o ego, para muda-lo, mas sim para se se libertar dele. Essa libertação, por mais difícil que possa ser a compreensão do tema, acontece quando você o aceita como ele é.
Entenda que a parede que vai receber o azulejo novo é você e não o ego. Não se coloca esse tipo de azulejo na personalidade humana.
Participante: entendo tudo isso que você está dizendo como uma ideia de aceitação.
Não, não é aceitação. Por favor, não use essa palavra.
Acreditando em aceitar-se dirá que é uma droga, que não tem jeito mesmo, que não presta para nada. Não é isso que estou falando. Estou dizendo que ao perceber que na personalidade humana existe a informação que você é uma droga diga: ‘sim, sou uma droga, e daí’?
Deu para sentir a diferença? É mais do que simplesmente se aceitar; é amar-se do jeito que é. Quem se ama, por pior que seja, não se castiga, não se acusa, não se aflige, não se diminui. Pelo contrário, se enaltece.
Só aceitando que não presta viverá o lastimar pelo que é. Amando, mesmo que seja uma droga de pessoa, não criticará a si.
Participante: isso dá paz?
Sim. Na hora que aceitar que é uma droga, sem se criticar por isso, não entrará em contrariedade quando alguém lhe chamar de droga, quando alguém lhe criticar, dizer que não presta. Na hora que não lutar mais contra quem lhe considere uma droga, viverá em paz.
Compreendeu agora a grande oportunidade que existe no momento onde está acontecendo um sofrimento? ‘Sim, eu perdi a paz nesse momento. Porque isso aconteceu? Porque eu não gosto do que aconteceu. Então, preciso aceitar que não gosto e aceitar que o outro tem o direito de não gostar, para não sofrer mais’.
Nesse momento encontra a paz consigo e quando isso acontece há uma vitória na guerra e não em uma batalha apenas. Portanto, voltando ao caso da pessoa que falou do filho, o trabalho de reforma íntima não é larga-lo, deixar de cuidar dele, nem mudar o seu jeito de ser. É dizer a si mesmo: ‘eu sou super protetora. Sou e daí?’
Sei que parece inicialmente que fazer isso dá força à razão, mas é o contrário: tira força dela. Porquê?
Participante: porque aquilo não lhe atinge mais …
Exatamente. O que você é não lhe atinge mais, não lhe causa mais contrariedade.
Lembre-se que a prova é a razão gerar alguma consciência que cause contrariedade. No momento que se ama, que a criação mental não lhe atinge, venceu a prova.
A razão é o tentador. No caso, a tentação criada pela razão é para você sofrer porque não consegue deixar de super protetora no relacionamento com seu filho. Como se amou sem restrição, ou seja, sem depender de não relacionar-se com ele desse jeito, aquela tentação perdeu força. Você a venceu. E mesmo que a razão use essa consciência outras vezes, como superou o apenas colocar em prática o ensinamento e se amou do jeito que é, essa tentação não mais causará contrariedade. Se alguém lhe chamar de feio causa contrariedade, na hora que amar ser feio, o que os outros disserem não mais trará sofrimento. ‘Sou feio mesmo, e daí? Sou feio, mas sou eu’.