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E peço a Deus que, da riqueza da sua glória, dê a vocês o poder por meio do seu Espírito, para que sejam fortes no íntimo de vocês mesmos. Peço também que, por meio da fé, Cristo viva nos seus corações. E oro para que vocês com raízes e alicerces profundos no amor, compreendam bem, junto com todo o povo de Deus, o amor de Cristo em toda a sua largura, comprimento, altura e profundidade. (Capítulo 3 – versículos 16 a 18)
Vejam que beleza esta afirmação de Paulo: vocês são incapazes de conhecer bem o amor de Cristo. Por isso pede a Deus que lhes instrua sobre este amor.
Para vocês, o amor de Cristo é servidão. Imaginam que apenas porque o mestre lhes ama deve lhes servir atendendo a tudo que desejam. Só que o apóstolo diz antes: ‘peço também que, por meio da fé, Cristo viva nos seus corações’.
Quando Paulo nos falou isso quis dizer que os seres só compreenderão o amor de Cristo quando tiverem a fé, quando tiverem confiança e entrega absoluta a Deus. Enquanto isso não existir, é impossível se compreender o amor de Cristo.
Digo isso porque o amor de Cristo não é aquele que objetiva lhe satisfazer, mas é o real, o puro, o sublime. É aquele que não se preocupa em satisfazer as vontades do outro, mas sim em auxiliar a todos na sua evolução espiritual, no processo de universalização, em aproximar cada um de Deus.
Para entender isso, é preciso que haja a fé, ou seja, que o ser mesmo que ainda queira algo, não se entregue ao querer individual. Melhor era não querer, mas se ainda há vontade, o ser não deve se entregar a ele. Só assim, ele pode compreender o amor de Cristo.
Quem tiver a fé verá no assaltante que entra na sua casa, no seio da sua família humana, o amor de Cristo. Compreenderá que ele não é um intruso que está atacando a sua família, mas alguém que pertence ao mesmo ramo familiar que você e que por isso também é dono daquilo que ele pegou para si.
Verá no ataque à sua individualidade, na injustiça, o amor de Cristo. Isso porque compreenderá que não há ataques, mas uma nova oportunidade de aproximar-se de Deus, de elevar-se espiritualmente.
Sim, peço que vocês venham a conhecer o seu amor, ainda que ele não possa ser completamente conhecido, para que assim o próprio Deus encha o nosso ser. (Capítulo 3 – versículo 19)
Paulo fala que precisamos conhecer realmente o amor de Cristo, mas logo depois nos alerta: apesar de buscar esta compreensão, o ser não irá compreender completamente este amor.
O que Paulo está nos falando é que o ser encarnado jamais conhecerá na profundidade os seus carmas. Jamais compreenderá, por exemplo, o amor de Cristo que manda o bandido entrar na sua casa. Ele diz isso porque o ser humanizado quer saber para poder amar.
Sendo assim, ele irá querer saber porque mereceu que aquilo acontecesse, o que fez antes para agora ter que viver esta situação. Essas resposta, nesta vida, ele jamais terá. Por isso, não conseguirá, enquanto encarnado, conhecer em profundidade o amor de Cristo.
É isso que Paulo está nos ensinando. Ele espera que o ser humanizado compreenda o amor de Cristo, mesmo sabendo que jamais terá a compreensão plena. Com isso ele está nos alertando que devemos nos sentir amado mesmo sem conhecer o porquê das coisas, o para que, o como, quando ou o que fiz. Simplesmente se sinta amado por Cristo e Deus sem compreender a motivação que levou o amor a se expressar daquela forma.
Sei que muitos imaginam que são capazes de descobrir a lógica que levou a vivenciar determinadas coisas. Por exemplo: algumas pessoas imaginam que perderam a mão nesta vida porque em outra tirou o braço de alguém. Só que essa lógica é ilógica, porque é apenas humana e não divina, já que é gerada pela mente.
Lembremo-nos do que Paulo já nos ensinou: Deus não deixa o homem conhece-Lo através da sua lógica Por isso o apóstolo fala que é importante que o ser não compreenda totalmente o amor de Cristo para que Deus lhe encha mais. Se o ser conhecesse a lógica, soubesse o porquê das coisas, seria ela que iria lhe encher e não o amor de Deus.
Além do mais, quando não se tem lógica, o que se tem? A fé, que é o que Paulo diz que é o instrumento para se viver o amor de Cristo.
A lógica humana é a comprovação material, o saber, a cultura. Quando o ser sabe porque as coisas aconteceram, é este saber que lhe dirige a ação é não a fé. Não há exercício da fé quando se usa a lógica. Como Deus dá de acordo com o exercício da fé, como ensinou Cristo – ‘foi sua fé que lhe curou – se o ser soubesse o porquê e para das coisas que acontecem na vida humana, dentro da lógica divina, ele nada poderia receber.
Por isso, a ausência de conhecimento do porquê e para que das coisas é o único instrumento que pode fazer Deus lhe dar tudo o que Ele prometeu.
E agora glória seja dada a Deus, que, por meio do seu poder que age em nós, pode fazer muito mais do que pedimos ou pensamos. Glória a Deus por meio da Igreja e de Cristo Jesus, por todos os tempos e para sempre. Amém! (Capítulo 3 – versículos 20 e 21)
Com as graças de Deus.