Áudio

Entenderam tudo o que disse, não é? Ninguém tem dúvida nenhuma, ninguém quer perguntar nada.

Participante: ontem você falou que hoje ia nos ensinar, dar um toque de algumas formas, algumas ferramentas para nos libertarmos desses apegos.

Sim.

A primeira coisa falei ontem: respeitar o próximo. Dar ao outro o direito de ser, estar e fazer o que quiser. Lembram disso?

A segunda também falei ontem: usar o outro como guia daquilo que você precisa se libertar.

Participante: usá-lo como mestre.

A palavra mestre, nesse caso, é muito complicada, Mestre é quem ensina. O outro não ensina nada, aponta o caminho que você precisa percorrer. Ele não ensina como vencer, como se libertar de um apego. Ele aponta o que vencer.

Certo? Então esse é o segundo caminho.

Terceira: compreender que cada um tem uma história. Mais: que você é decorrência da sua própria história. Por isso não existem duas pessoas iguais, que compreendam um assunto da mesma forma. Sobre isso não falei ontem, falo agora.

Sabe, você não sabe a vida que ele viveu, não sabe o que ele passou, mas saiba que tudo que viveu, tudo que passou, é usado hoje para criar uma compreensão sobre o que está acontecendo nesse momento. Tudo que ele viveu, que passou, é usado para criar uma compreensão sobre o que está vivendo agora.

Por exemplo, quem nasce de pai rico não dá o mesmo valor às coisas daquele que nasceu de pai pobre e construiu tudo com seu sacrifício. Por isso quem construiu seu presente não pode exigir do outro que encare as coisas do mundo da mesma forma que ele.

Praticar esse conhecimento compõe uma técnica chamada olhar o mundo pelos olhos dos outros. Vocês não praticam essa técnica no dia a dia. Só olham o mundo pelos olhos de vocês, ou seja, por aquilo que acham que é certo, através daquilo que acreditam que deveria ser o valor de determinada coisa.

Essa é outra forma de se libertar dos apegos.

Ah, mas Joaquim eu não conheço a história dele. Estou o vendo pela primeira vez’. Isso não importa, essa verdade se aplica a qualquer um, tanto faz.

O importante não é saber como ele pensa, mas saber que ele não pode ter a mesma compreensão que você, pois viveu uma história diferente, e respeitar a compreensão dele. Mais: saber que ele não pode ter uma compreensão diferente daquela que tem.

Mais uma dica para viver em paz. Essa está em Tiago, na Bíblia: confessem seus pecados um ao outro. Esse é um caminho muito rápido para a libertação.

Sabe, vieram me dizer que você falou isso de mim, é verdade? Você disse mesmo que não gosta de mim, é isso mesmo’? Falar assim ao invés de dizer: ‘você falou mal de mim. Porquê’? Através desse caminho você quer ouvir a opinião dele sobre o assunto, ao invés de partir de uma verdade absoluta, de uma realidade.

Um detalhe dessa caminhada: a partir do momento que perguntar é verdade, ouça o que ele falar e para você o que disser será verdade. Esqueça tudo o que achou até aquele momento.

Sabe porque esse é o caminho ensinado por Tiago? Sabe qual é o seu pecado? É ir contra Deus. Bom.

Participante: meu Deus ou seu Deus?

Deus.

Participante: acho que o maior pecado é não reconhecer que tudo é divino e respeitar tudo.

Não.

Seu maior pecado é achar que sabe o que ele está pensando, sabe por que ele fez isso ou aquilo. É saber que ele não presta, que é uma pessoa que não vale nada. Seu maior pecado é o julgamento do outro.

Por que isso é um pecado? Porque você está se julgando o filho de Deus.

Você gosta quando julgam o seu? Deus também não gosta quando se julga o dele.

Isso é pecado porque você está indo contra Deus. Você está acusando o filho dele de não prestar, de estar errado, de ser um safado. Você mesmo diz: filho meu educa eu, os outros não podem falar nada.

Portanto, o seu pecado é o que acha dele. Por isso, confesse para ele o que você acha dele. Mas confesse, não acuse. A partir daí ouça o que ele tem para dizer em defesa. Ouça e apague o que você acha sobre o assunto. Assim, acaba a briga.

O problema é que você acredita que o que acha dele está certo, que ele realmente não presta. A partir dessa crença a mente começa a criar histórias, gera coisas que diz que ele está fazendo. Lembre-se: quem conta um conto aumenta um ponto. Ou seja, ela vai aumentando o atrito com o próximo, você vai acreditando e cada vez mais perdendo a sua paz.

Havia uma historinha que eu contava. Um moço estava fazendo uma coisa em casa e precisava de um martelo. Aí ele disse: vou lá no meu vizinho pedir um emprestado. Foi andando e a mente trabalhando: mas se o meu vizinho estiver usando o martelo agora? Quando chegar lá vou dizer tudo bem, eu preciso do seu martelo emprestado. Ele vai dizer que está usando. Digo, então que sei que ele está usando, mas eu também estou precisando. Meu vizinho vai me dizer: você não sabe que estou usando agora?

Assim pensando vou andando. Chegou na porta e bateu. Quando o vizinho atendeu dizendo bom dia ele respondeu: fique com seu martelo.

Vocês estão rindo? Mas é isso que fazem o dia inteiro: criam seus próprios problemas.

Vocês dizem que a honestidade, ser honesto com o outro é uma virtude. Apesar disso só falam mal do outro escondido. Não têm coragem de chegar na frente dele e falar.

Então, aí estão quatro trabalhos para você fazer para ter paz, para ajudar a se libertar dos apegos que geram sofrimento. Tem outros, mas esses quatros já dão para quebrar um bom galho.

Participante: que galho? Você quebrou a árvore inteira.

Compartilhar