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Procurem descobrir quais são as coisas que agradam ao Senhor. Não participem das coisas inúteis que os outros fazem e que pertencem à escuridão. (Capítulo 5 – versículos 10 e 11)
Quais são as coisas inúteis que pertencem a escuridão? Tudo que é humano, que satisfaz o seu ego. Tudo que satisfaz desejos, tudo pelo qual você tenha paixão, tudo que que possua: tudo isso são coisas humanas e por isso pertencem a escuridão.
Desejar uma casa, tê-la, gostar dela, tem alguma coisa de espiritual nisso?
Participante: depende do ponto de vista. Se eu chegar a comprar é porque era para isso.
Sim, concordo, mas não foi isso que perguntei. O que questionei é se desejar ter uma casa, gostar da que tem ou querer controlar o que acontece com ela é algo espiritual ou material? Não.
Participante: acho que é, porque pode fazer parte do carma, da prova do espírito.
Pode, não: é parte da prova do espírito. Tudo o que acontece é fruto da lei do carma, é provação para o ser. Portanto, relacionar-se com a casa com estas emoções faz parte do carma de um ser. Agora, viver o carma internamente, não é provação: é resposta.
Ter o pensamento que desejável ter a casa, é o carma. Desejar, ou seja, viver a ideia como certa, é a resposta à prova. Esta está em desacordo com o mundo universal, pois o ser quando liberto da influência das ideias materiais, ou seja, do egoísmo, não quer nada que não tenha.
O ser elevado, aquele que está em ligação com o universo, pode, quando encarnado, comprar uma casa, mas o faz sem a ânsia de possuir uma. Ele apenas constata que possui o dinheiro e compra a casa, ao invés de ficar acalentando por anos o sonho da casa própria.
O ser humanizado, aquele que está preso as ideias mundanas, se preocupa em ter uma casa própria. Acha que é certo e que deve fazer isso para poder deixar algo de bem para os filhos. Isso são ideias materiais, ideias que estão presas ao egoísmo, pois quem pensa assim, na verdade está querendo buscar a fama de ser um bom pai e não pensando no filho propriamente.
É isso que Paulo está se referindo. Ele está dizendo, por exemplo, que o verdadeiro cristão não deve se preocupar em comprar casa ou não. Fala que aquele que vive uma vida cristã não perde tempo se preocupando em comprar carro, pois sabe que se tiver que compra-lo, fará isso.
O ensinamento é neste sentido, a ação espiritual do ser é neste sentido. O espírito não se preocupa com ações externas. Elas, para ele, acontecem normalmente. Já o ser humano vive na preocupação com os acontecimentos. ‘O que vai acontecer amanhã? Será que amanhã eu terei trabalho? Será que amanhã conseguirei comprar um carro, uma casa, etc.? Será que amanhã conseguirei fazer isso ou aquilo’?
Tudo o que ser pensar com relação a acontecimentos de sua vida material, além de ser posse, é perda de tempo, o amanhã pertence a Deus. Como ensina Cristo, os humanos não têm como fazer um fio da cabeça deles ficar branco.
O amanhã será do jeito que Deus quiser. Por isso é perda de tempo ficar se preocupando com os acontecimentos de amanhã. Espiritualmente falando isso é uma total ignorância, pois ele já está traçado.
Além do mais, o amanhã é o resultado do hoje. Por isso, se neste momento você está preocupado com o amanhã, não tem nada hoje para poder gerar um amanhã para você, a não ser a preocupação com o futuro. Assim, de presente em presente, o ser humano vai vivendo preso ao amanhã e jamais vive o dia único que existe para viver: o agora.
É isso que Paulo está nos ensinando nesta carta. Nela ele nos fala da vida cristã, da vida daqueles que sabem que são espíritos. Estes devem se preocupar com a vida espiritual, com o seu futuro eterno. Eles não se preocupam com o seu futuro material nem com o dia a dia da sua existência material.
Ao invés de se preocupar com o que vai fazer amanhã, o que precisa realizar materialmente, aquele se sabe espírito preocupa-se com o merecimento que irá gerar para o amanhã. Por isso, ocupa-se como o momento de agora.
‘Vou prestar bem atenção em como estou vivendo hoje, para poder saber o que merecerei amanhã’. Este é o pensamento de quem vive uma vida cristã.
Participante: é difícil deixar de planejar a vida …
Sim, mas porque isso acontece? Porque o ser humano não sabe abrir mão do suposto comando que possui das coisas.
Abrir mão do suposto comando é dizer ‘seja o que Deus quiser’ para o futuro. ‘Amanhã vou na escola. Não sei se irei. É apenas um pensamento que me veio, mas não sei se conseguirei realizar essa ação’. Esta é a forma de pensar de quem vive uma vida cristã, mas quem não vive dá ao pensamento pensado o caráter decisivo. A partir disso, o ir à escola amanhã pensado transforma-se numa certeza.
Quem disse que porque este pensamento veio com certeza a ação será realizada? O ser humano pensa que porque decidiu ir à escola chegará lá. Ele pode até sair de casa para fazer o que imaginou, mas quantas coisas podem acontecer no caminho que levem este ser a não chegar ao seu destino? Acontecendo isso, culpará alguém, outro ou a si mesmo, reclamará de alguma coisa, perderá sua paz e felicidade. Com a vivência dessas coisas, deixou de amar
É isso que Paulo está nos ensinando. Ele está dizendo: se preocupe com a vida espiritual. Se ocupe em estar atento ao hoje para poder descobrir o que receberá no amanhã, para que quando ele chegue, você possa amar a Deus acima de Todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.