Os homens devem amar as suas mulheres assim como amam o seu próprio corpo. O homem que ama a sua esposa ama a si mesmo. Porque ninguém nunca odiou o seu próprio corpo; ao contrário, alimenta-o e toma conta dele, como Cristo faz com a Igreja, pois somos membros do seu corpo. Como dizem as Sagradas Escrituras: “É por isso que o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher, e os dois se tornam uma só pessoa”. Há uma grande verdade revelada nessa parte das Escrituras, e eu digo que ela se aplica a Cristo e à Igreja. Mas também se aplica a vocês: cada marido deve amar a sua esposa como a si mesmo, e cada esposa deve respeitar o seu marido. (Capítulo 5 – versículos 28 a 33)
Vamos tentar entender isso como Paulo nos ensina.
Ele fala que o homem e a mulher deixam a sua casa e formam um novo núcleo onde não exista marido ou mulher, ou seja, fala de um lugar onde os dois fundem-se num só.
O apóstolo está dizendo primariamente algo que repetimos há pouco tempo. O casamento perfeito acontece quando cada um dos seus membros abre mão de tudo em favor do outro. Com isso, os dois seres constituem uma nova identidade: o casal. Quando isso acontece, os dois vivem as verdades do casal e não mais as suas verdades individuais.
Quando existe um casal, quando cada um vive para o outro, o homem nem a mulher vivem mais as suas próprias verdades, mas sim aquelas que resultam da fusão deles. O problema é que o marido casa com a mulher e continua querendo ser ele mesmo e ela da mesma forma. Isso não dá certo, pois os dois se chocam o tempo inteiro.
Neste caso não há um casal, não há um casamento. O que existe são duas individualidades que coabitam o mesmo teto.
Mas, o ensinamento de Paulo nos leva ainda mais longe neste trecho. Ele diz que o casal formado pelo casamento é o mesmo que existe da fusão de Cristo com a igreja. Diante dessa afirmação temos que compreender que não existe igreja sem Cristo e nem Cristo sem igreja.
A igreja que estou falando aqui não é especificamente da católica ou evangélica. Estou usando este termo referindo-me a qualquer lugar onde se pratica uma religiosidade.
Não existe templo onde se exerça a religiosidade se lá não estiver Cristo, o amor. É preciso a fusão perfeita entre a igreja e o Cristo, a religiosidade humana e o amor universal. Se a religiosidade é a ação da religação com o espiritual, com Deus, esta precisa estar perfeitamente sincronizada com Cristo. Por isso, não pode ser vivida com experiências não vivenciadas pelo mestre nem com um amor diferente do que ele ensinou.
É isso que Paulo está ensinando. Se não houver a fusão da religiosidade humana do ser encarnado com a mensagem e o amor ensinado pelo mestre, não há casamento entre o espírito e Deus. Por isso, quem exerce essa religiosidade buscando a felicidade, o prazer, na Terra, não consegue se juntar a Deus.
Quem busca, por exemplo, na sua religiosidade a vingança contra o mal sofrido, não se funde com Deus. Quem busca na sua religiosidade a conquista de bens ou de suprir carências, não se funde com Cristo. É isso que Paulo está nos dizendo.
É preciso que a religiosidade do ser encarnado, ou seja, a busca da religação com Deus, esteja perfeitamente harmonizada com os ensinamentos e o amor deixado por Cristo. Se não houver este direcionamento, não há o casamento, não há a ligação com Deus.