Se o ser humanizado não se prender apenas à questão da elevação espiritual e viver influenciado pelos conhecimentos e fé mística, não conseguirá aproveitar a sua encarnação no sentido de alcançar a elevação espiritual. Para isso ele precisa estar consciente da sua essência: o ser universal, o espírito.
“55. Ó Partha, quando o homem está satisfeito no ser, pelo próprio ser em si e despojou-se por completo de todos os anelos da mente, então, diz-se que tal homem possui uma sólida sabedoria. (Bhagavad Gita, capítulo II)
O espírito quando se humaniza passa a ter de si uma visão diferente do que ele é: imagina-se um ser humano nascido de uma mulher. É esta visão sobre si mesmo que leva o espírito a apegar-se aos anseios e sistemas humanos e que o faz achar necessário aquilo que a mente exige como interesse individual.
“O apego à matéria gera uma paixão contra a natureza”. (Fala de Cristo desencarnado através do Evangelho de Maria Magdala, página 8)
Acontece que tudo aquilo que é feito em contrário à natureza do espírito causa danos a ele. Se o caminho místico existente no planeta Terra está apegado aos anseios e sistemas humanos de felicidade, tudo o que é feito através dele, seja através das crenças ou rituais, acaba sendo danoso ao espírito. É por isso que Cristo ensina:
“… se jejuardes, pecareis contra vós próprios, se orardes, sereis condenados e se derdes esmolas, levareis malefícios a vosso espírito”. (Evangelho de Tomé, logia 14)
E Krishna ensina:
“43. De nada valem ao buscador os votos, as austeridades praticadas, a caridade feita, se esse ainda não controlou sua língua, seu pensamento, seu intelecto, como também de nada serve pretender levar água numa jarra de barro que ainda não foi cozido, pois tal jarra sempre vaza. O mesmo acontece com a falta de autoconhecimento. Sem a adequada introspecção, a reta meditação não é alcançada e todo o resto resulta inútil”. (Bhagavata Puranas, capítulo X)
Por causa destes ensinamentos dos mestres o ser humanizado precisa compreender que o seu apego às coisas deste mundo, inclusive as informações místicas, não o leva a alcançar o objetivo da encarnação.
“42. Dá-te conta do bem que representa o ser em ti e do mal que o ego (mente) pode ocasionar. Depois disso, domina tua fala, domina tua mente, domina tuas formas de respirar e teu pensamento; domina também o falso entendimento ou intelecto impuro, porque, graças à purificação do entendimento, nunca mais voltarás a este mundo”. (Bhagavata Puranas, capítulo X)
A reforma íntima é o trabalho da existência humana, mas ela não será feita enquanto o espírito acreditar-se humano. Por isso, Cristo ensina:
“quando virdes aquele que não nasceu de mulher, prosternai-vos de face no chão e adorai-o: ele é vosso pai” (Evangelho de Tomé, logia 15).
Enquanto o ser universal acreditar que é um humano que nasceu de uma mulher se focará nos sistemas humanos de vida, que se prendem ao anseio de preservar seus interesses, e não naquilo que o espírito sabe que precisa para a sua existência eterna. Para poder mudar a sua forma de viver, então, precisa começar alterando a visão que tem de si mesmo. Mudando a consciência que tem sobre si mesmo, este ser não mais se apegará às crenças e práticas místicas e com isso poderá, então, aproveitar a oportunidade da encarnação.
Aquele que não se conscientiza de sua essência e vive esta existência como se humano fosse, está na pobreza e será a pobreza – Ensinamento de Cristo transmitido através da logia 3 do Evangelho Apócrifo de Tomé.