Participante: A partir do que tenho ouvido do senhor, tenho tentado praticar. Por exemplo: às vezes tenho uma dor de cabeça e procuro não ligar para ela. Quando consigo, ela acaba a sumindo. O engraçado é que consigo fazer isso com a dor, que aparentemente é uma coisa difícil de ser superada, mas, quando vejo fios de cabelo branco, não consigo deixar para lá…
Você está falando de dois trabalhos completamente diferentes. Um é o trabalho junto à percepção, o outro nas sensações. O que lhe perturba não é o branco do cabelo, mas sim a vaidade. Ou seja, a perturbação não surge do ver o cabelo branco, mas do orgulho próprio ferido. Neste caso, não se trata de ficar a equânime com a percepção do cabelo branco, mas sim com a sensação da vaidade.
Participante: É isso que estou falando. A dor, que é uma coisa que aparentemente mais difícil de lidar, não judia tanto quanto a vaidade…
A dor não é pior coisa, porque ela é resultante da vaidade. O mais difícil para o espírito encarnado não é vencer a percepção, mas sim uma sensação.
A sensação é tão importante que a própria percepção nasce dela. Quem tem sensação de vaidade, vive percepções que falam de feiúra, de defeitos, mesmo quando outros têm, na mesma cena, a sensação de beleza…
Voltando à questão das percepções, falei muito do frio, mas este ensinamento vale para todas elas. Por exemplo: não existe mau cheiro. O que existe é a percepção de um odor que vem acompanhada do adjetivo mal e da sensação de não gostar…
O cheiro não existe: é uma percepção que Deus lhe dá e ao mesmo tempo lhe propõe a idéia de que ele é mau. Isto para que você espírito opte pela equanimidade, demonstrando assim o seu amor a Deus acima de todas as coisas…
Mas, quando você vencer a percepção e a sensação de mal, o que acontecerá? Será que irão acabar todos os cheiros? Claro que não… O que irá terminar é a sensação de mau.