Enviar texto por Telegram
Participante: tenho pensado muito sobre o título de um livro que comecei a ler. O título é ‘A insustentável leveza do ser’. A felicidade que Deus dá parece que não tem peso algum, porém quando quero agarrá-la por meio da razão parece sumir, como se fosse insustentável. Por exemplo: às vezes estou feliz sem saber que estou. Essa ideia de ser feliz só me vem a consciência quando penso posteriormente e afirmo que estava feliz. Porém, tão logo faço essa afirmação racional o estado de felicidade parece sumir. É assim mesmo? O simples fato de querer manter o tal estado de felicidade já é sinal de que ele não está mais presente?
Vou começar pela sua afirmação: a felicidade que Deus dá. Desculpe, mas a felicidade que cita, a incondicional, não é dada por Deus. Na realidade, ela está no seu íntimo.
A felicidade incondicional é sua, está dentro de você. Apesar disso, não consegue vive-la por que está apegado àquilo que a razão cria.
A felicidade que Deus dá é o prazer. Dá como prova. Já a felicidade incondicional, a bem-aventurança é algo interno, que está dentro, é seu. O problema é que essa felicidade está além da razão. Por isso, a razão é incapaz de conhecer essa felicidade.
Você falou muito bem: estou feliz e nem sei. O que é vivido nesse momento que se é feliz nem sabe é a felicidade incondicional. É por ela estar além da razão que quando começa a pensar na felicidade, no estar feliz, a perde.
Porque a perde? Porque a felicidade incondicional não pode ser mensurada, imaginada, vivida, conhecida pela razão. A razão não tem elementos para reconhecer a felicidade incondicional.
Portanto, essa felicidade pode ser sentida, mas quando sabe que está sentindo, deixa de a sentir, pois o saber é gerado pela razão, é uma consciência.
É exatamente o que falou. A felicidade incondicional é tão leve, tão insustentável que não consegue saber que é feliz.