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A primeira natureza ou comportamento que norteia a vida e gera os desejos do ser humanizado é o materialismo.
O espírito quando encarnado é sempre materialista por essência. Mesmo aqueles que buscam a Deus, na verdade ainda almejam o bem material. Já o espírito norteia a sua interatividade com base na natureza espiritual.
Sei que muitos estão pensando que estou faltando com a verdade quando afirmo que até aqueles que buscam a Deus querem o materialismo, mas é isso mesmo. Por exemplo: vocês hoje abandonaram o prazer (se divertir, passear assistir televisão, namorar) para poderem comparecer aqui. Para vocês, essa é uma demonstração clara que são espiritualistas. Mas, antes de encerrar a questão, vamos compreender as intenções que trouxeram cada um até aqui.
Vieram aqui como fruto de um desejo de estar, ou seja, decidiram que queriam estar aqui antes de vir? Então, estão buscando satisfazer esse desejo e isto é materialismo. Se estivessem aqui sem antes terem decidido e planejado estar, então, estariam vivendo com a natureza espiritual.
O exemplo que usei é uma demonstração de materialismo, apesar do que muitos acham, pois, ser materialista não é apenas querer objetos materiais (dinheiro, bens materiais). Materialista é aquele que quer a felicidade material, o prazer, a satisfação de ver seus desejos realizados.
Esperar viver aquilo que se quer: isto é materialismo. Mesmo que o desejo seja voltado para as coisas divinas, quando existe o contentamento de ter realizado o que era desejado o ser humanizado vive a sua natureza humana e não a espiritual.
Sonhar em realizar os desejos, não importa quais sejam, é viver a partir da natureza humana.
Ter o espiritualismo como base de vida é mais do que se voltar para as coisas divinas. Caracteriza-se por alcançar a felicidade com as coisas divinas. Quem alcança essa felicidade vive na equanimidade (‘se for, é bom; se não for, também estará bem’) e não no prazer (‘que bom, consegui vir’) ou na depressão (‘eu queria tanto ter ido’).
Portanto, quem quer viver a sua natureza espiritual precisa reformar-se. Precisa deixar de sonhar conseguir realizar seus desejos para viver a felicidade e vivenciá-la sempre, mesmo que o sonha não seja alcançado.
O segundo aspecto da natureza humana é que ela age sempre guiada por regras e normas.
Essa é uma forma de viver que não se coaduna com o Universo espiritual, pois os seres universais reconhecem o direito de livre arbitrar sobre as ações que cada espírito tem. Como reconhecem esse direito, não creem em regras e normas que padronizem uma ação como certa e classifiquem outras como erradas.
Essa forma de viver aplica-se a todos os acontecimentos da existência de um espírito. Mesmo que o ser venha a ser prejudicado com o que o outro faz, por conta do reconhecimento do direito de livre optar pelo que quer do outro, o espírito nunca o acusa ou ataca.
Já aqueles que vivem apegados à natureza humana não vivem assim. Sempre julgam os acontecimentos da vida por regras normativas que criam o certo e o errado a ser feito. Mesmo o trabalho de elevação espiritual é realizado a partir de codificações que criam obrigações que precisam ser cumpridas.
Apesar de aparentemente para vocês humanos ser necessário se cumprir obrigações e sujeitar-se a normas, a evolução espiritual não necessita disso. Por isso Paulo nos ensina: “É claro que ninguém é aceito por Deus por meio da Lei, pois as Escrituras dizem: ‘viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus’. (Gálatas, 3, 11)
No mundo espiritual não existem padrões e regras porque não existe individualismo, ou seja, cada um experimenta a sua individualidade pelo seu caminho. Apenas uma coisa existe no Universo e ela é genérica: o Amor.
Só o amor é comum a todos os espíritos e, por conseguinte o amar. Assim sendo os espíritos vivem pela consciência amorosa que possuem e não por padrões ditados por quem quer que seja, inclusive Deus.
Portanto, para se viver a natureza espiritual é preciso ligar-se sempre ao amor e não a regras de comportamento. Este é o segundo aspecto que precisa ser reformado por aquele que pretende aproveitar a oportunidade da encarnação que está tendo.
A terceira característica diferente entre as naturezas é que a humana é individualista enquanto que a espiritual é universalista.
A natureza humana está sempre buscando o seu bem individual enquanto que a espiritual está sempre buscando viver para o próximo, para servir o próximo sem intencionalidade alguma.
A natureza espiritualista é completamente livre de paixões individualizadas e, portanto, sem desejos a serem satisfeitos. O único objetivo da natureza espiritual é servir incondicionalmente ao próximo.
Já a natureza humana é apegada a paixões que geram vontades. Ela não consegue lidar com os elementos da existência carnal sem gerar uma paixão individual. Mesmo no tocante ao relacionamento com as coisas divinas, a natureza humana está sempre pensando em si primeiro.
Por exemplo, vocês vieram aqui para evoluírem, para adquirir conhecimento para a sua evolução ou para servir ao próximo? Claro que foi para si, para ganhar. É este egoísmo de querer para si, mesmo que seja a elevação espiritual, que caracteriza a natureza humana.
Aquele que vivesse na essência espiritual viria aqui sem planejar, sem desejar, mas porque Deus o trouxe. Estaria aqui participando desta conversa com a consciência amorosa, ou seja, emanando amor e não prestando atenção em regras e normas para sua evolução. Enquanto aqui permanecesse não esperaria receber nada, mas estaria sempre voltado a expandir o amor para servir ao próximo.