Existem diversos fatores que a mente usa para o desconcentrar do espiritual, da vida eterna. Chamo esses fatores de algemas. São elementos que o mantém preso à própria humanidade.
Como disse são muitos, por isso nesse momento não falarei de todos. Nesta mensagem abordarei apenas três desses elementos. Só que antes de falar deles, gostaria de colocar mais uma coisa.
O libertar-se dessas algemas passa pela primeira parte da primeira verdade universal que citei anteriormente: não existe o ser humano. É preciso estar atento à questão da inexistência da personalidade humana e do próprio mundo humano, como fala a segunda verdade universal, porque as algemas trazem com elas uma sedução fundamentada em questões do ser e do mundo humano para o espírito encarnado, para o ser humanizado.
Que sedução é essa? É o apelo emocional de positividade do valor material de determinados acontecimentos. Para explicar isso, vou usar um exemplo que já conversamos muito: a caridade material, dar alimento a quem tem fome.
Essa ação, como já conversamos, se ainda vivenciada dentro de uma busca de satisfação individual, de fazer o que acha certo ou o que quer fazer, leva a um determinado fim que é a própria vivência do mundo material por ele mesmo. Apesar disso, a prática dessa ação é cercada pela humanidade de uma aura de santidade, por um valor de algo nobre, certo, do bem.
É essa aura, que é um valor dado pela humanidade, que acaba seduzindo aqueles que buscam aproximar-se de Deus. Aprisionados a esse valor e convictos de que estão praticando o bem, aquele que faz a caridade preso às suas intencionalidades imagina que está fazendo o certo e que está caminhando para Deus.
Aqueles que vivem o valor humano imaginando que estão realizando algo investido de uma positividade na busca da aproximação de Deus só possuem esta crença porque estão desligados da concentração no ser. Se estivessem ligados, talvez se lembrassem dos ensinamentos dos mestres sobre o assunto.
Lembrariam que o Espírito da Verdade disse que a verdadeira caridade acontece quando se tem benevolência, indulgência e perdão. Lembrariam que Cristo ensinou que quando se dá alguma coisa aos outros não deve se contar nem ao melhor amigo o que se fez.
Que importância tem para um espírito comer ou não? Nenhuma. O próprio Cristo ensina que não devemos nos preocupar com a comida e a bebia que precisamos. Afinal, se Deus é quem alimenta os pássaros e os animais, porque se esqueceria de nós?
Nesse ensinamento o mestre faz duas perguntas interessantes que acho que aqueles que estão buscando a elevação espiritual precisam responder para si mesmo: ‘Afinal, será que a vida não é mais importante do que a comida? Será que o corpo não é mais importante do que as roupas’?
É a preocupação com o que comer que a mente gera durante a vida que acaba vestindo a ação da caridade material com uma capa de santidade que leva o ser humanizado a se interessar pela sua prática. Por causa dessa mesma capa, imagina que está caminhando para Deus, quando na verdade não está.
Apegado ao valor humano, à aura de santidade da ação que o mundo humano dá a ela, acontecerá aquilo que já brincamos diversas vezes falando: acorda do outro lado e encontra três diabinhos dizendo surpresa, não era bem isso que precisava ser feito para alcançar o reino dos céus.
Essa é a importância dessa mensagem: compreender que o mundo humano possui um valor para as coisas e que esse não é o mesmo para o espiritual. Entender que isso acontece por conta dos objetivos de vida, que são diferentes para um e outro mundo.
Compreender, também, que para prender a esses valores, algemar a esse mundo, a mente trabalha com instrumentos que dão determinados valores às coisas, para que vocês, enganados, achem que estão fazendo alguma coisa, quando na realidade não estão. É a esses valores que chamo de algemas do mundo.
Agora podemos começar a conversar das algemas que quero falar hoje.