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Participante: você já falou por diversas vezes que é preciso amar a todos, mas acho que eu não sei bem o que é o amar universal. Poderia nos dizer o que é este amar e citar alguns exemplos na vida prática?
Posso, é fácil fazer isso.
O que é amar universalmente? É não amar egoisticamente.
Como na prática se sabe que está amando universalmente? Quando não distingui o certo do errado, o limpo do sujo, o arrumado do desarrumado, o bonito do feio.
Quando, por exemplo, vê na atitude de outro uma arrumação que gosta e elogia, isso não se traduz em amar universalmente. Isso porque só elogia o que lhe convém elogiar. Quando vê um errado na atitude de outro e critica, o faz com base naquilo que acha certo. Essa crítica não pode ser por amor.
Em qualquer dos dois casos não amou universalmente porque seu estado de espírito existiu a partir de seus próprios conceitos. Ou seja, amou egoisticamente.
Amar é viver a vida sem aplicar adjetivos a nada e a ninguém. Amar é simplesmente amar e quem ama não vê feio ou bonito, certo ou errado. Quem ama, só ama.
Então, amar universalmente é isso: participar da vida sem colocar adjetivos nela. Isto porque qualquer adjetivo que se coloque é fundamentado no egoísmo, ou seja, é fundamentado no que você acha daquilo.
Participante: mas, como eu vou amar uma pessoa que pratica o mal? Eu não ia estar apoiando esta pessoa.
Mas, acabei de dizer que não se dá adjetivos. O mal que você diz é um adjetivo que coloca a algo que é Perfeito, que vem de Deus. O que você chama de mal é a ação carmática Perfeita, é Deus dando a cada um segundo suas obras.
Quanto ao apoiar, não falei que deve apoiar qualquer pessoa, mas que deve amar a todos. O ato de apoiar só ocorre quando há um certo presumido; não estou falando em certo, mas em Perfeito.
Eu, como Cristo, estou afirmando que o que é chamado de bem e mau, são frutos do amor de Deus. O bem e o mau são adjetivos gerados a partir dos conceitos humanos e pela ação egoísta.
Para poder amar não julgo ou acuso, mas também não elogio. Vivencio tudo na neutralidade, ou equanimidade como Krishna chama este estado de espírito.
Foi assim Que Cristo viveu. Ou você acha que ele morreu com raiva de quem enfiou a lança nele ou dos doutores do Cinéreo que o acusou? Claro que não.
Mas ao não ter raiva deles, o mestre não compactuou com as ações por praticadas. Compactuou com Deus que estava fazendo aquilo acontecer.
Participante: Isso é difícil demais.
Sim, para o ser humano é difícil demais amar universalmente, mas para o espírito ou para aqueles que, como Cristo, se abstém de ganhar e levar vantagem nos acontecimentos da vida, não.
Paulo ensina assim: o pecado nasce da lei. Se não houver lei, não haverá pecado. Portanto, se você acabar com suas leis, acaba com o pecado seu e dos outros. Por isso deixo bem claro: não há como amar universalmente sem abandonar os conceitos que se usa para julgar o mundo. Sendo assim, para começar a amar o próximo, comece trabalhando para libertar-se de si mesmo.
Lembre-se que Cristo ensina: é preciso amar o próximo como a si mesmo. Amando-se livremente, poderá amar o próximo livremente, mas como só ama a si através de regras, só pode amar o próximo desse jeito.
Participante: o Dalai Lama foi perguntado sobre o que achava a respeito dos chineses que invadiram o Tibet. Ele disse que como ser humano devia odiá-los, mas não conseguiu odiar ninguém. Sabia que havia algum motivo para que aquilo tivesse acontecido.
Vivendo assim, digo que o Dalai Lama é mais cristão que aqueles que se dizem seguidores de Cristo. É mais cristão que o Papa que diz que Judas é um traidor covarde.
É cristão porque seguiu o ensinamento de Cristo: Pai, perdoa porque eles não sabem o que fazem.