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Eu queria que compreendessem uma coisa: evolução espiritual é uma caminhada. Essa caminhada começa em uma estrada larga, muito bem asfaltada, com todo conforto e segurança. Chega até ter corrimão para não caírem.

Só que nesse caminho aos poucos a estrada vai se deteriorando e estreitando. Chega ao ponto de em um determinado momento só sobra uma picada no meio da mata. Aquela estrada que ela larga, muito bem aparelhada, de repente transforma-se em um lugar que mal dá para se colocar um pé do lado outro. É preciso colocar um pé na frente e outro atrás.

Só que não para por aí. Chega uma hora que essa estrada vira uma caminhada sem caminho, ou seja, não há mais estrada nem picada. Você se depara com uma mata fechada onde não há nem trilhas. É preciso ir rasgando a mata para poder avançar.

Essa é uma característica da evolução espiritual. Durante o seu transcorrer vai chegar um ponto onde terá que caminhar sem caminho para percorrer. Onde terá que abrir a sua própria picada no meio da mata.

Só não esquecendo, estou falando com seres humanos que acreditam que podem fazer coisas e que dizem que querem fazer a evolução espiritual.

A estrada segura são as diversas religiões. Ao segui-las você vai recebendo pacotes de atitudes, de ações que, vamos dizer assim, balizam a busca da evolução espiritual.

Esse é um caminho seguro porque você está completamente balizado. A religião mostra onde deve ir, o que deve fazer, como deve se portar.

Só que aos poucos, esse balizamento vai se perdendo. Ele não consegue mais solucionar determinados acontecimentos da vida, já não tem mais repostas para algumas coisas.

É nesse momento que a estrada se fecha, o asfalto acaba, as proteções somem, mas você vai ter que continuar caminhando, mesmo sem corrimão para apoiar. Nessa etapa é preciso ter que caminhar muito seguro de onde se está colocando o pé.

Tudo isso acontece até que cega um determinado momento, que é o que vocês estão vivendo: o momento onde se chega a uma doutrina monista. Quando isso acontece, o caminho acaba.

A ideia da existência de tudo em uma única coisa, como conversamos dentro do estudo “Universo universal” tira o caminho, a trilha da sua frente. Mas, mesmo assim é preciso caminhar.

É sobre isso que queria falar. Desde que entramos nos estudos monistas tem muita gente pedida. Como vocês dizem, estão como cachorros correndo atrás dos rabos. Isso acontece porque não há mais caminhos marcados, ou seja, não há mais verdades que guiem, porque vocês começam a ter que destruir tudo que aparece pela frente.

Nesse momento é como se tivesse acabado a trilha e tivesse apenas uma mata à sua frente. Com essa situação, vocês, que estavam acostumados a estrada larga, não sabem lidar. Por isso hoje, vou dar uma ideia de como desbravar a floresta.

Um detalhe: vou dar uma ideia, mas quem tem que desbravar a mata é você. Não vou falar de todos os tipos de árvores que podem aparecer a sua frente. Ou seja, não vou falar de situações específicas, caso a caso, mas de uma maneira genérica. Vou falar da mata em si, pouco importando se a árvore à frente é espinhenta ou não.

Esse caminho, ou melhor, essa caminhada sem caminho, se faz, usando verdades, que ainda são relativas, para poder lutar contra uma ideia. Por exemplo: foi dito, e acho que vocês que estão aqui acreditaram, senão não estariam mais, que todos possuem só verdades relativas. Foi dito que ninguém é dono da razão nem da verdade.

Essa verdade, que como disse ainda é relativa, tem que estar cimentada em você para que possa ser usada como facão para destruir a mata. Se estiver, não importa mais o que você ou o outro falem ou pensem, não importa que assunto seja, dirá a si mesmo: nenhum dos dois tem razão, está certo. Quando vier a vontade de retrucar o que o outro está dizendo, abrirá a trilha da elevação dizendo a si: não falo nada, isso é apenas a verdade dele. Vou calar minha boca.

Quando vier uma situação que traga agonia, que medo, o facão que abrirá a trilha é o ensinamento que diz que tudo é ilusão. A partir do momento que desbrava essa mata com o facão ‘tudo é ilusão’ diz a si mesmo: para que vou ter agonia, para que que vou ter medo? A situação que me agoniza é ilusão. Nesse momento a agonia não importa mais.

Ao longo desses dez anos, mas principalmente a partir dos estudos monistas, fomos colocando realidades, que ainda são ilusórias, verdades relativas, que ainda são relativas, mas que servem como facão para desbravar a mata e conseguir caminhar no sentido da elevação espiritual. Use-as sem economizar.

Queria deixar uma coisa bem claro para aqueles que estão perdidos com relação aos ensinamentos. Eu falo, por exemplo, assim, você tem que buscar a felicidade. Alguns respondem: tenho que buscar o que? Não existe nada a ser buscado, pois tudo está em mim, como o senhor ensinou.

Certo, eu ensinei isso. Só que ao invés de usar esse ensinamento contra novos, deve usar para outras situações, inclusive contra a dúvida a respeito do novo ensinamento. Se não fizer isso, vai ficar andando em círculos, correndo atrás do rabo.

Tem uma que vocês não levam em conta: eu não posso falar completamente dentro do monismo, pois existem pessoas que veem aqui que ainda estão andando em trilhas largas. Para esses tenho que colocar pelo menos um corrimão: busca a felicidade, faça isso, faça aquilo, faça aquilo outro. Esses são facões que vocês têm para abrir novas picadas e que preciso ir passando para os mais novos. Por isso muitas vezes, sou obrigado a dar ideias do que fazer.

Apenas para encerrar quero deixar uma coisa bem clara: não importa onde esteja, amanhã ou depois terá que trilhar um caminho diferente, terá que fazer uma caminhada sem caminho. Para isso é preciso usar as bases da nova vida para libertar-se da forma de viver humana. Libertar-se da reação que tinha até então a determinadas coisas.

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