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Os que confiam na sua obediência à Lei estão debaixo da maldição de Deus. Porque as Escrituras Sagradas dizem: “Todos os que não obedecem sempre a tudo o que está escrito no Livro da Lei estão debaixo da maldição de Deus”! É claro que ninguém é aceito por Deus por meio da Lei, pois as Escrituras dizem: “Viverá aquele que por meio da fé é aceito por Deus”. Mas a Lei não depende da fé. Ao contrário, como dizem as Escrituras: “Quem obedecer aos mandamentos da Lei viverá”.

Porém Cristo, tornando-se maldição para nós, nos livrou da maldição imposta pela Lei. Como dizem as Escrituras: “Maldito todo aquele que foi pendurado numa cruz”. Isso aconteceu para que a bênção que Deus prometeu a Abraão seja dada, por meio de Jesus Cristo, aos não-judeus e para que todos nós recebamos pela fé o Espírito que Deus nos prometeu.

Deixe-me comentar um pouco este texto de Paulo, pois pode ser que estejam meio “perdidos”.

Paulo começa falando que a lei é “boa”, depois diz que ela é “má” e acaba dizendo que Jesus Cristo, pela lei religiosa hebreia, é mal visto por Deus porque foi crucificado. Vou falar rapidamente sobre isto porque neste mesmo estudo já tocamos no assunto e ele também foi à base do “Estudo da Carta de Paulo aos Coríntios I”.

Cristo “quebrou” todas as leis religiosas de então, pois, se ele não quebrasse a lei de Moisés, não poderia ter trazido uma nova lei. Toda lei que é criada para legislar sobre algum aspecto que já tenha sido alvo de análise, “quebra”, ou seja, altera, a legislação anterior.

Portanto, se ele trouxe uma nova lei esta quebrou a anterior, alterou a sua eficácia. Vou explicar este “quebrar” que Cristo realizou para ficar mais claro o ensinamento.

Na verdade, este “quebrar” que Cristo executou não é acabar com a lei de Moisés, pois o próprio mestre disse: da lei não se tira uma vírgula nem um ponto. A quebra proposta por Cristo não está no texto legal, mas na sua interpretação: mas eu vim dar o verdadeiro sentido dela.

O sentido que Cristo alterou diz respeito à obrigatoriedade, à coerção, que estava embutida na lei de Moisés e que, por causa desta mesma característica (obrigatoriedade de cumprimento), o próprio profeta foi forçado a quebrá-la.

Moisés quebrou sua própria lei ao escravizar-se a ela, sentindo-se obrigado a cumpri-la. Se a lei, por exemplo, diz que não se pode matar, como então o profeta condenou pessoas à morte por apedrejamento?

Esta ambiguidade, que serve inclusive como argumento para alguns críticos do Velho Testamento, só existia porque Moisés era escravo da lei e nem percebia que a estava ferindo querendo cumpri-la ao “pé da letra”.

Voltando, então, ao real sentido que Cristo trouxe para lei, quem se prende aos Dez Mandamentos como código irretocável, deixa de matar porque estava proibido agir desta forma. Para estes o cumprimento da lei é feito pelo medo, pela coerção.

Pela lei de Cristo matar ou não (a ação) deixa de ser o importante, o que deve ser legislado, mas o que realmente importa é ter a consciência amorosa. Por isto o mestre resumiu toda a lei nos dois mandamentos amorosos, ou seja, ele legislou sobre o sentimento e não sobre a ação.

Quando o ser humanizado cumpre a “nova lei” alcança a consciência amorosa e aí, continua não matando, mas não por medo de represálias, mas por não querer trazer sofrimento ao próximo.

Pela lei de Moisés quem mata pode ser “condenado” pela sua ação, mas pela de Cristo, esta condenação surge não pela ação, mas pela alteração de frequência sentimental: o não amor. O espírito que fere a lei de Cristo é “condenado” (gera um carma) não por matar alguém, mas por não amar.

É este ponto onde Cristo “quebra” a lei: o cumprimento por coerção (“eu não mato porque é proibido”). Isto de nada vale aos olhos de Deus, pois permanece o desejo de matar e como Cristo ensinou, se o ser humanizado apenas desejar já terá adulterado.

Portanto, para se seguir os ensinamentos de Cristo é necessário silenciar o desejo, pois ele é oriundo da ausência do amor ao próximo, da consciência amorosa.

Então, Cristo “quebrou” a lei de Moisés, mas isto não quer dizer que não manteve o cumprimento dela. O que alterou foi a forma como se relacionar com a lei: não mais com uma obrigatoriedade, mas com uma consciência amorosa de não ferir ao próximo. 

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