Enviar texto por Whastapp
Enviar texto por Telegram

Participante: uma vez que o desejo é algo inerente à nossa natureza e materialmente falando só podemos viver movidos pela força dos desejos, como poderíamos executar planos mundanos sem estarmos identificados com o mundo? Não seria isso uma contradição?

Não, não seria uma contradição. Por quê? Porque não é você quem monta planos humanos.

Os planos de vida que traçam caminhos de vida na Terra não é você, o humano quem monta. Na verdade, as coisas da vida acontecem. Ou será que ainda não reparou que, por mais que deseje ou planeje fazer alguma coisa, o resultado disso quase sempre não é o que esperava. Diria que por, melhor que seja o planejamento, o que quer acontece ocorre apenas uma vez em um milhão de planejamentos. Portanto, não é porque planeje que acontece alguma coisa.

O que vai acontecer, ou seja, a realização ou não de seus desejos e planejamentos, não depende de você. Por isso, pode viver muito bem sem planejar nada. Aliás, é você que ao se prender ao desejar, que gera algum problema para vida. Gera desarmonia porque quando vive o apego ao desejo, passa a usar o seu egoísmo. Por causa dele passa a desejar o que é desejado pela mente e se ele não vem acontece o sofrimento.

Sei que pode ter estranhado o que falei, mas é a realidade: quem deseja alguma coisa é a mente e não você. O desejo é inerente à natureza humana, ou seja, inerente ao egoísmo. Só deseja alguma coisa quem é egoísta. Quem não é egoísta não quer nada.

Se você, como disse na sua pergunta, acha que precisa desejar, isso não tem problema nenhum. O que pode trazer problema é o apego. Por isso digo: se quiser, deseje, mas não se prenda ao desejar.

Eu queria ganhar um carinho. Queria, mas não ganhei. E daí? O que vou fazer? Vou ficar esperneando, brigando com Deus porque não ganhei um carinho.’ Esse é que é o problema.

O problema não é ter desejo, mas sim desejar o que é desejado pela razão. É a razão que cria o desejo e quando ela fizer isso seu trabalho é observar isso e dizer para si mesmo: “opa, aqui tem uma arapuca montada. Se eu me apegar a isso, vou sofrer. Então, vou me libertar desse desejo. Vou deixar a razão criar o desejo e responder a ela: se conseguir, consegui; se não conseguir, não consegui’.

 Desejar, ter posse, ter paixão, nada disso tem problema. O problema para quem busca a paz e a felicidade é quando se deixa esses elementos comandarem o seu viver.

Ter esse conhecimento é a coisa mais importante da sua vida. Quem se deixa levar pelas obrigações e necessidades geradas pelo ego, pelas condicionalidades geradas pela razão é aquele que está em desarmonia com o universo. Por quê? Porque quer ter alguma coisa que não tem. Quem está em harmonia com o universo, vive o que tem.

Outra coisa que falamos durante os últimos 21 anos: a maior mentira do universo é acreditar que ama tudo o que tem, mas não tem tudo o que quer. Isso é mentira. Se ainda quer alguma coisa que não tem, não ama o que tem.

Deixe a razão ter seus desejos. Saiba que ela sempre irá criar posses, paixões e desejos, mas reconheça que aquilo é um desejo e que deseja-lo pode perder sua paz e felicidade. Por isso, diga a si mesmo: se conseguir, consegui; se não conseguir, não consegui.

Pode até tentar trabalhar para ter, mas viva a condicionalidade: ‘vou buscar, se eu vou conseguir ou não, não sei’.

Compartilhar