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Participante: antes da pergunta, gostaria de contextualizar a história. Tenho um amigo à distância. Conversando comigo sobre diversos problemas da vida dele, me enviou os questionamentos abaixo. Eu não sei como responder. Pensei, inclusive, em recomendar algumas palestras, mas antes pedi a autorização dele para falar primeiro a respeito do conflito que ele está vivendo.

A questão dele é a seguinte. Como conhecer melhor a mente? Como educar a mente? O que eu preciso fazer: meditar, pensar racionalmente ou o quê? Tem vezes que estou me sentindo mal, mas daí penso que ainda tenho minha mãe e meu pai vivos. Começo a vivê-lo agora, e a sensação ruim passa. No outro dia volta tudo de novo, e a mente consegue me arrastar.

Tem um versículo que diz que a mente vazia é a oficina do diabo. Eu estou em um trabalho que só é à noite, de quinta a domingo. Durante o dia todo fico sem fazer nada, no tédio. É o que me afunda. Penso em me ocupar com algo durante o dia, mas não tenho ânimo. Posso malhar, treinar, ler livros, estudar, mas preciso de mais dinheiro.

Enfim, há três anos atrás eu falava a respeito de uma garota quando estava em um estado de paixão. Há dois anos estava em um trabalho explorador. Não importa o cenário, minha mente arruma problema em tudo. Eu tenho consciência disso, mas ela sempre me sabota. Queria saber como dominá-la.

Boa pergunta.

Começo dizendo: A mente é um cavalo selvagem. É indomável. Ninguém consegue dominar a sua mente.

Vou falar em termos que você possa entender, uma vez que ainda não ouviu Joaquim.

Como disse, a mente é um cavalo selvagem, indomável. A grande comprovação disso é ver que em momento algum consegue saber de onde veio o pensamento. Constatar que de repente, do nada, surge aquele pensamento. Primeiro detalhe.

Segundo: a grande constatação da mente ser indomável é perceber que você não consegue pensar no que quer. Mesmo que aparentemente esteja induzindo o trabalho mental, repare que antes teve que ter um pensamento que criasse a indução.

São essas coisas que você precisa observar. Para quê? Para quebrar a primeira ilusão sobre o pensamento: achar que pode dominá-lo, mudá-lo, pensar de uma forma diferente. Só quando quebrar essa ilusão vai poder partir para a segunda etapa.

A primeira etapa é acabar com a ideia de que você pode dominar a mento, de que pode guiar o processo mental. Só quando se livra disso pode aceitar que você tem que conviver com a mente que tem. Esse é a segunda etapa da busca da felicidade.

Sabe, a maioria das pessoas sofre a vida inteira tentando mudar a mente que tem, tentando criar algo para a mento que tem, forçando ser algo que não é. Jamais consegue. Se ao invés de ficar discutindo com ela, ao invés de tentar muda-la, tentar dominá-la usasse todo esse esforço para aprender a conviver com ela, não sofreria.

Mas, o que é aprender a conviver com a mento? É não aceitar o que a mente fala.

Sua mente diz assim: você não presta, não sabe fazer nada, não é isso nem aquilo. Aprendendo a conviver com ela você responde: está bom, então eu não sou. O que quer que eu faça se não sei fazer? Mas, qual o problema de não saber fazer?

Novamente a mente fala: você tem que saber. Responda: Eu não. Não sou obrigado a nada. Você só está querendo me atribuir essa obrigação, que eu não tenho, para que possa sofrer.

Ela ainda pode continuar tentando: você não vale nada mesmo. Continue conversando: está certo, não valho nada, mas como me amo vou dizer que eu sou o melhor não vale nada do mundo.

É isso. Aprender a conviver com a mente é você entender que não pode mudá-la. E quando ela falar, criticar, acusar, não aceitar o que ela diz.

Esse é o trabalho que precisa ser feito. Na verdade, esse é o único trabalho que vai lhe trazer paz. Se não o realiza vai ter que lutar muito contra a mente e não vai conseguir achar a paz, a felicidade e a harmonia. Será sempre escravo dela.

Tenho certeza que ainda vai trazer mais perguntas. Aí voltaremos a esse assunto.

Fique em paz.

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