Participante: você nos fala sobre estar com a consciência tranquila. Diz que o mais importante é colocar a cabeça no travesseiro e dormir, viver com cara de bobo. Qual a relação entre ter a consciência tranquila e estar em paz espiritualmente falando, tanto na carne quanto fora dela? Ou, do contrário, estar em busca do perdão de alguém por algo feito ou não conseguir perdoar, achando-se injustiçado e suas consequências?

Isso, vamos lá!

O que é perdão? Já conversamos sobre isso: perdão é não ver erros no que você ou o outro faz. Só isso.

Vocês confundem o perdão. Acreditam que seja uma atitude sublime de alguém que, mesmo ofendido, não faz cobrança, não exige penalidade. Não, perdão não tem nada a ver com penalidade.

Pai, perdoa, eles não sabem o que fazem. Isso é o perdão, ou seja, crer que não houve erro porque quem fez não sabe o que está fazendo. Não fez com intenção de errar.

O que determina o erro é a intenção. Erro, entre aspas, pois nem a própria intenção é problema. Na realidade, o problema é o egoísmo que está atrás da intenção.

Portanto, aquele que precisa ser perdoado é quem ainda acusa a si ou ao outro de alguma coisa. Que acha que alguém fez alguma coisa errada!

Diria que quem tem que se perdoar, ou seja, tem que se libertar da culpa de ter participado de alguma coisa errada, é ele mesmo! É ele que precisa trabalhar em si a libertação, não do que fez, mas da culpa de ter feito.

Se você fez e tem a ideia de estar errado, diga a si: está bom, eu estava errado. Reconheço meu erro e vou tentar não fazer de novo. Se não sabe que estava errado, se acha que o que fez era bom, mas assim mesmo está se acusando, diga: eu fiz o que achava que era bom. Se foi entendido como erado, desculpe.

Claro, tudo isso estou falando em termos humanos, pois, na verdade, a grande libertação, o grande perdão, é dizer a si: fiz, fiz, e daí? Está feito, nada vai mudar o que já aconteceu.

Diante do exposto, afirmo: não existe necessidade de perdoar a si, mas sim a necessidade de se amar. Quem ama não precisa perdoar, porque nem vê erro no que faz.

E quanto ao perdão dos outros, exigir, esperar ou depender do perdão dos outros? Pergunto: para quê?

Saiba de uma coisa: o outro não quer perdoar ninguém. Se quisesse, já tinha perdoado. Mas, mesmo que perdoe, esse perdão seria um ato de egoísmo.

Por isso, esqueça. Se fez, fez; se não fez, não fez; se o outro fez, ele fez; se não fez, não fez. Desista dessa busca de perdão porque só exige perdão quem tem culpa, quem culpa a si ou ao outro. Quem culpa alguém de alguma coisa é porque sentiu que perdeu alguma coisa.

Sim, qualquer sensação de atacar ou de ter sido atacado é, na verdade, uma sensação de ter pedido. Como isso é uma característica do pensamento que leva ao sofrimento, é preciso se libertar da sensação de ter pedido.

Resumindo, esqueça o perdão. Se a razão começar a cobrar o perdão, esqueça. Diga a si: não tem que perdoar nada e não precisa ser perdoado por nada.

Ficou claro?

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