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Participante: como lidar com essa contrariedade sem causar prejuízo a outros? Por exemplo: você foi lá e combinou algo com alguém para um serviço ser feito durante determinado tempo. Ele está esperando aquilo naquela data. Você empreendeu o seu máximo, mas chegou no final não conseguiu cumprir o prazo combinado. Por mais que a contrariedade venha, a gente tem que trabalhar internamente. Pode falar, poxa, isso não dependia de mim, coisas aconteceram, fiz esse trabalho.
Só um momento.
Como é que você falou: isso não dependia de mim? Não, o caminho não é esse. Você não pode trabalhar a contrariedade jogando a culpa em alguém.
Participante: pois é, sem julgar a culpa em alguém. Mas aí, vamos que eu faça o trabalho de alguma forma para que esta contrariedade não mate. Mas se o prejuízo veio ao terceiro, até que ponto consigo fazer esse trabalho minimizando também o impacto ao redor.
O impacto ao redor do que acontece você não pode minimizar. Por que? Porque não pode determinar como o outro vai viver ou vai receber uma ação. Por isso não pode minimizar o impacto no outro.
É quem recebe a ação que vai determinar como vai recebe-la. Se é ele quem vai escolher, pergunto: o que você vai usar para determinar o impacto?
Essa é uma pergunta interessante: o que faz com que determinadas coisas sejam recebidas com impacto mais negativo que outras?
Participante: talvez um merecimento?
Não.
Participante: o nível de apego.
Isso. Quanto mais apegado estiver a alguma coisa, o ser humanizado mais vai se contrariar caso o que acontece não atende ao que quer.
Portanto, você não pode minimizar o impacto sobre o outro. Isso vai ser determinado pelo outro de acordo com o seu grau de prisão que está ao que queria que acontecesse. Esse é o primeiro detalhe.
Segundo: se não pode trabalhar o impacto no outro, precisa trabalhar o impacto em si: como eu vou receber o prejuízo que causo ao outro? Para isso não lhe fazer sofrer há duas soluções.
Antes volto a repetir: diminuir o impacto em si. Não estou falando em fazer a coisa certa, a coisa perfeita. Esqueçam a ideia de que existe um certo. Não é isso que tem que ser feito. O que precisa é minimizar o impacto em si.
Primeira fórmula: dei tudo de mim. Fiz tudo que foi possível e assim mesmo não consegui realizar no tempo. Vou passar essa informação para a pessoa e se ela ficar magoada, se ficar sentida, essa será a forma dela receber. Não vou ficar sentido comigo porque fiz o melhor que pude.
Participante: esse é o ponto. Até onde isso não é um comodismo? Até que ponto eu não me acomodo com isso e falar poxa não consigo diminuir esse juro, entendeu?
Quando isso vira comodismo? Quando julgar que usou esse argumento por comodismo. Quando julgar que não fez o suficiente.
Quando usar esse argumento, sua mente vai acusar: ‘podia ter feito melhor. Vai confessa. Sabe aquele dia que podia ter parado de fazer aquela outra coisa e feito esse trabalho’?
É isso, ela vai usar desses argumentos. Nesse momento tem que outro trabalho a fazer. Qual é? ‘Podia, mas não fiz. O que tenho hoje como realidade é que não fiz. Acabou. Foi só até aqui que cheguei’.
Veja, poderia sugerir dizer que Deus é Causa Primária de todas as coisas, mas não é essa a intenção, não é essa a arma. Essa arma não serve. O que serve é conseguir, através de um processo eliminar em você tudo que geraria algum sofrimento ou contrariedade.
Então, precisa gerar o fim da contrariedade pelo que o outro vai passar. Isso é conseguido sabendo que é ele quem escolhe o que vai passar. Tem que gerar o fim da ideia que poderia fazer mais: poderia, mas não fiz.
Outro detalhe importante aquele que promove essa luta vive agora. Não vive no passado.
Ah, você podia… Podia, mas não fiz. Cheguei aqui hoje com isso só feito. Acabou. Não sei por que não fiz. Pode ter sido isso ou aquilo. Não me interessa o passado.
Para o revolucionário não existe o futuro. Ele vive o aqui e agora. Por isso não se compromete em fazer no futuro.
‘Nesse momento, aqui e agora, estou passando pela contrariedade de achar que não fiz o suficiente. Preciso me libertar dessa contrariedade’.