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Hoje vocês já lidam com o pensamento-emoção. Como aqui não existem crianças pequenas, posso afirmar que estão encarnados há algum tempo e por isso já lidam com o pensamento-emoção há algum tempo. Só que lidam como ele de uma forma infantil… O que quer dizer isso?


Lidar com o pensamento-emoção de uma forma infantil é seguir o que ele propõe: se ele diz que deve sofrer, você vivencia a depressão da dor; se diz que deve vivenciar o júbilo, entra logo no êxtase do prazer. Ou seja, você lida com o pensamento-emoção de uma forma infantil ao não questionar as consciências que a mente cria.


Chamo quem lida desta forma com as criações mentais de infantil porque assim como uma criança, ele não questiona nada do que lhe dizem. Se você disser alguma coisa a uma criança, mesmo que aquilo seja completamente impossível de existir ou acontecer, ela acredita. A mesma coisa acontece com aquele que não é emocionalmente inteligente, ou seja, que não raciocina as informações que a mente cria. Vou dar um exemplo para ficar claro o que estou dizendo.


Quantas vezes a sua mente já não atribuiu intencionalidade para a ação de outros? Através de pensamentos, a mente lhe afirma que aquela pessoa agiu de determinada forma objetivando conseguir algo, mesmo que esta intencionalidade não esteja transparente no que ele fez. Será que esta intencionalidade é real?
Será que alguém pode saber o que vai por dentro do outro? Será que alguém tem capacidade de conhecer o mundo interno de outra pessoa? Acho que não. Acho que pessoas que conseguem ler a mente dos outros ainda não existem, não é mesmo? Mas, mesmo assim, vocês acreditam no que a mente afirma que o outro está pensando ou pretendendo ao agir de determinada forma.


Isso não é ser infantil, não é relacionar-se com a mente de uma forma infantil? Se você fosse maduro questionaria o que a mente está dizendo ao invés de aceitar simplesmente. Se questionasse, veria que é impossível para ela saber o que vai ao íntimo do outro e com isso não acreditaria no que ela está dizendo. Não crendo naquilo que ela afirma, poderia, então, libertar-se da ação emocional que ela propõe. Eis aí a forma de manter-se sereno, mesmo quando a mente diz que você deve sentir raiva.


O ser que se relaciona infantilmente com o que a mente afirma é um inconsequente espiritual, pois troca a vivência da felicidade que Deus tem prometido pela subserviência à mente. Vista desta forma a ação deste ser, posso dizer que a mente para ele é como o bezerro de ouro que Moisés encontrou o povo israelita adorando depois de subir ao monte Sinai.


Acreditar piamente no que a mente afirma sobre os outros é uma das formas infantis que vocês usam para relacionar-se com os pensamentos-emoções. Mas, existe outra relação que vocês nutrem com ela que também demonstra a infantilidade deste relacionamento: a esperança de alcançar o que ela promete.


Quem aqui nunca foi movido pela esperança de ganhar alguma coisa? Quem aqui nunca perdeu a sua serenidade por conta de uma promessa de ganhar algo? Acho que todos, não? E o que conseguiram na maioria das vezes em que se entregaram a este sonho? Decepção…


Os pensamentos gerados pela mente têm a característica de prometer ao ser humanizado que se ele agir de acordo com aquilo que ela propõe conseguirá atingir objetivos, ganhar determinadas coisas. No entanto, o que vemos são pessoas frustradas na maioria das vezes porque não conseguiram chegar ao ponto desejado. Será que vocês ainda não compreenderam que apenas seguirem o que a mente diz para fazerem não garante o sucesso? Quantas vezes já agiram fielmente aos seus pensamentos e não conseguiram alcançar o resultado esperado?


A vida vive a vida. Os acontecimentos precisam do seu trabalho para acontecer, mas não dependem só dele. Existem milhares de outros fatores que influenciam os acontecimentos da vida e que podem levar a um resultado diferente daquilo que vocês objetivam, por mais que operem com afinco seguindo as orientações da mente. Ou seja, a promessa de se conseguir atingir determinado objetivo que é feito pelo pensamento-razão depende de fatores que fogem ao seu controle e por isso são meras quimeras.


O maduro espiritualmente sabe disso e por isso, mesmo seguindo o que a mente planeja, não se entrega ao pensamento-emoção vivendo a esperança de conseguir. Ele faz tudo o que a mente lhe diz para fazer, mas não vivencia a esperança de atingir o resultado que ela oferece. Já os que se relacionam com os pensamentos-emoções de uma forma infantil acreditam sempre que vão encontrar o pote de ouro no fim do arco íris e por isso sofrem antes, durante e depois da busca. Sofrem antes com a preocupação se estão certos, durante com a ansiedade de chegar logo ao fim dele e quando chegam lá sofrem, pois na maioria das vezes não há pode de ouro algum a ser encontrado.


Eis aí as duas características do relacionamento infantil com a mente: crer e confiar nos pensamentos-razões que ela cria. Quem age desta forma, quando ela cria o pensamento-emoção da frustração e da desconfiança vivencia também as emoções que ela determina e por isso perde a sua serenidade. Mas, existe outra forma de se lidar com o pensamento-emoção: a forma madura.


Como se lida com o pensamento-emoção maduramente? É o que já falamos: agindo quando possível para acabar com a contrariedade e entregando-se a Deus quando isso não é possível. Vu dar um exemplo para podermos entender a interação do ser humanizado maduro com os pensamentos-emoções.


O pensamento-emoção diz que você foi humilhado num determinado momento. A criança vai chorar, sofrer, ter raiva, sentir-se mal. O ser humano adulto, ao invés disso, responde à mente: ‘Está certo, fui, mas o que é que você quer que eu faça? Posso reagir buscando provar que não sou o que ele diz que sou. Posso isso e muito mais, mas me sentir humilhado vai resolver alguma coisa’?


Essa é a inteligência emocional. O ser humano maduro é inteligente emocionalmente porque sabe conviver com a emoção. Ele não aceita a emoção quando a mente lhe diz que deve tê-la. Ele questiona: ‘Para que vou sentir raiva, para que vou me sentir humilhado, para que sentir prazer? Isso vai resolver alguma coisa na minha vida? Não, então não quero isso’…


O que não resolve não adianta… Adianta você ficar chorando no canto porque uma pessoa morreu? Adianta chorar no canto porque veio uma onda gigante e matou diversas pessoas? Vai resolver alguma coisa chorar? O melhor não seria pensar assim: ‘Depois eu choro, agora vou ajudar quem ficou vivo e enterrar quem morreu’.
Esse é o ser maduro: aquele que encara a realidade de frente e não com os pensamentos-emoções. É simples assim… Mas, para isso preciso querer crescer. É sobre isso que já conversei diversas vezes…


Mas, quando tento acordar vocês, algumas pessoas reclamam dizendo que estou sendo duro, que não queria que eu chamasse tanto a atenção de vocês. Mas, não é assim que se faz com criança? Com crianças, você tem que brigar, pois elas muitas vezes não entendem o que está sendo ensinado. Às vezes, para poder se ensinar às crianças alguma coisa, temos que falar duro e seco. Com isso as despertamos do mundo de fantasias que vivem…


Para não se sentirem magoados ou feridos com a forma que falo, é preciso que entendam que devem despertar. Para isso é preciso se conscientizar que vocês não têm a menor inteligência emocional. Lidam com os pensamentos-emoções como crianças, aceitando qualquer coisa que a mente disser que têm que sentir ao invés de maduramente raciocinar o sofrimento, o pensamento-emoção.
Adianta sofrer porque roubaram o seu carro? Não vai trazê-lo de volta… Adianta reclamar do bandido que o levou dizendo que ele não presta, que é um safado, ter raiva dele, se isso não vai trazer o carro de volta? Ele já está roubado… O que você tem que pensar agora é em como arranjar outro ou tentar recuperar aquele, se possível…


Esse é o ser humano adulto: aquele que ao invés de se entregar à mente, para e raciocina. Aliás, raciocinar a vida é algo que vocês esqueceram. Falo em raciocinar a vida não para entendê-la, para querer saber o porquê das coisas, como elas acontecem ou que futuro surgirá deste presente. Não é esse raciocínio que estou me referindo. Esse é um raciocínio cultural; estou falando de emocional: aprender a raciocinar os pensamentos emoções que constituem a sua vida.


Quantas vezes eu já disse para as pessoas que reclamavam de alguém assim: ‘você está aqui chateada, nervosa, preocupada, mas o outro de quem está reclamando está lá feliz da vida’. Para as mães que reclamavam que o filho não arrumava a cama, dizia: ‘Você está chateada porque não arrumou a cama, mas, neste momento, ele está lá feliz namorando. Está chateada por quê? Quer a cama arrumada, vai lá e arruma’… Aí as mães me diziam: ‘Mas eu quero que ele arrume’… Isso não é uma criança que bate o pé quando a vida não lhe dá o que ela quer?


Então, é simples assim: é só amadurecer… Idade não dá maturidade a ninguém: é preciso ser maduro para estar maduro. E, ser maduro, é enfrentar os pensamentos emoções que a mente cria de frente…


Será que compensa o sofrimento? Será que compensa a tristeza? Só quem sai perdendo é você mesmo… Como disse, muitas vezes o causador de tudo isso está feliz da vida e você está aí chorando, sofrendo…


Todo trabalho que estamos fazendo é neste sentido: dar-lhes argumentos para que você saibam enfrentar a vida de uma forma madura e não como crianças. Saibam enfrentar os pensamentos-emoções como gente grande que dizem ser. Ou seja, de uma forma inteligente.
Quando falo que não existe filho, que a mãe tem que perder a ideia de ter tido um filho, eu não estou querendo acabar com o seu filho, porque isso nunca vai acabar. Mas, enquanto você for uma criança e achar que possui o outro, vai agir de uma forma infantil com o filho. Ou seja, exigirá que ele faça o que você quer, já que é a mãe… Para que você seja feliz, pare de achar que ele tem que fazer o que você quer, pois é a mãe e manda nele…


Quando mostro a armadilha que a mente cria ao dizer que você é mãe ou pai, estou querendo lhe dar armas para saber enfrentar o pensamento-emoção. Quando o pensamento lhe cobrar algo do seu filho, não caia na dele. Quando amadurece, você deixa de esperar que ele lhe ouça. Livre disso, fala, mas não exige que ouça e com isso pode libertar-se do sofrimento que vem sempre quando isso acontece.


Acho que com este termo (inteligência emocional) estou deixando a coisa bem clara. O que estamos conversando não tem nada a ver com espiritualismo, universalismo ou qualquer ‘ismo’ desses. É simplesmente o que a psicologia chama de saber lidar com as emoções, de inteligência emocional. É preciso alcançá-la, mas sem a maturidade, sem entender que você não é mais uma criança que precisa que o mundo lhe satisfaça, não vai conseguir.


Como você vai conseguir rezar de uma forma madura se ainda espera que Deus lhe dê o que quer? Como pretende viver num mundo em felicidade se as guerras nunca acabaram e nunca acabarão? Se as injustiças nunca acabaram e nunca acabarão? Sonhar com o paraíso na Terra é utopia, é coisa de criança presa ainda aos livros infantis…


Saibam de uma coisa: o bem nunca vai vencer o mal completamente. O bem jamais acabará com o mal, pois na hora que acabar o mal não existe mais o bem… Saibam de uma coisa: as violências, os assaltos, nunca vão acabar; as desigualdades sociais também não. Então, não precisa sofrer por isso… Estas coisas sempre existiram e sempre existirão… Até porque, se acabassem, o Universo se desequilibraria. O mal é o equilíbrio do bem. Ele existe para que o bem possa existir.


Portanto, esqueçam… Parem de brincar de Peter Pan…
Parem de brincar de paladinos da justiça lutando contra os piratas. Parem de se sonhar em voar com a fada Sininho. Parem de sonhar em viver num mundo onde todos só cantem e dancem. Isso não existe… Isso é coisa de gente infantil. E quem é infantil, não alcança a inteligência emocional…

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