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Participante: quer dizer que não temos espíritos protetores? Como, então, vivermos tranquilamente, se estamos sujeitos a ataques de espíritos do mal?

Mais uma inverdade do mundo humano criada pelo misticismo: não existem espíritos capazes de lhe fazer o mal…

“Um Espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe, exageradamente aos seus olhos um perigo físico, o poderá abalar e amedrontar. Nem por isso, entretanto, a vontade do Espírito encarnado deixa de se conservar livre de quaisquer pelas”. (O Livro dos Espíritos, pergunta 851)

Os espíritos não podem lhe causar nada, a não ser aquilo que já esteja previsto para acontecer. Nesse caso, mesmo sem saber, estão contribuindo para a obra geral e não lhe atacando, por mais que eles imaginem que estão fazendo isso…

Um espírito pode exagerar aos seus olhos um perigo. Como ele faz isso? Dando-lhe o pensamento do perigo e o medo do que pode acontecer. Ou seja, criando o cabeçalho de sua provação. Neste momento você é livre para optar entre o medo (o mal) ou permanecer em união amorosa com Deus (o bem). Fazendo esta última opção, não sentirá medo.

“530. Não podem os Espíritos levianos e zombeteiros criar pequenos embaraços à realização dos nossos projetos e transtornar as nossas previsões? Serão eles, numa palavra, os causadores do que chamamos pequenas misérias da vida humana? Eles se comprazem em vos causar aborrecimentos que representam para vós provas destinadas a exercitar a vossa paciência. Cansam-se, porém, quando veem que nada conseguem. Entretanto, não seria justo nem acertado, imputar-lhes todas as decepções que experimentais e de que sois os principais culpados pela vossa irreflexão”. (O Livro dos Espíritos)

Os humanos são mestres em conferir a responsabilidade pelos acontecimentos que desagrada a ação de um espírito leviano ou zombeteiro. Acham que qualquer ser é capaz de causar transtornos. É isso que diz o conhecimento místico do mundo humano, mas ele está errado.

Existe uma coisa chamada carma. Diferente do que pensam, o carma não é apenas castigo ou punição, mas simplesmente a reação a uma ação. O carma é o resultado da ação de um espírito quando exerce o seu poder de livre arbitrar pelo bem ou pelo mal.

O que é cada acontecimento do mundo? Uma provação. Nela o espírito tem que fazer a opção entre o bem (Deus) e o mal (a defesa dos seus interesses individuais). Quando faz essa opção gera um carma para si, que será um reflexo justo e perfeito da sua opção.

Quem opta pela vivência do salário fruto do trabalho realizado com a defesa de seus interesses humanos, gera um carma. Qual é este carma?

Quando o espírito encarnado se apega à defesa de seus interesses gerada pela mente, o que ele está fazendo? Respondendo de forma equivocada a questão da sua provação. Qual é a reação a quem age assim? Uma nova provação sobre o mesmo tema… Ou seja, novamente aquele interesse será atacado e com isso existirá uma nova situação onde o ser humanizado experimentará esse ataque e que será vivenciada como um constrangimento…

Sendo assim, mesmo que o novo acontecimento tenha sido presidido por um espírito que chamam de mau, ele nada mais é do que uma nova provação. Apesar desse ser desencarnado ter participado da ação, a origem do acontecimento não está na vontade dele, mas sim na sua desatenção no momento anterior. Que culpa tem esses espíritos, então?

Ao invés de criticá-los ou acusá-los de alguma coisa, ao invés de procurarem um centro para realizar um processo de desobsessão ou orarem a Deus pedindo que o afaste esse ser, atentem-se mais à questão da elevação espiritual e responderão corretamente na primeira oportunidade de provação. Assim, estarão evitando problemas futuros.

Viu como a vivência do místico como fazem os humanos atrapalha a questão espiritual? É a partir dessa vivência que acham que existem espíritos que protegem os interesses humanos e alguns que podem atacá-los por livre opção. É ainda por causa dela que, ao invés de se atentarem a evolução espiritual para viver de uma forma mais suave, buscam os rituais místicos para proteger os seus interesses. Ou seja, quando se entregam ao místico, acabam afundando cada vez mais no lodaçal da humanidade…

Estanquem todo este processo voltando-se para a vida humana. Para fazer isso parem de querer conhecer o desconhecido e confessem a sua ignorância a respeito das coisas do mundo espiritual. Só desse jeito poderão concentrar todos os seus esforços em vencer as suas provações criadas pela mente.

Participante: e aqueles que nos ajudam na vivência da vida. Os anjos da guarda e espíritos protetores, como ficam dentro do que o senhor está falando?

Realmente você tem grandes espíritos protetores. Você, o espírito; não você, o humano…

O que chama de anjo da guarda, defende os interesses dos espíritos que, como já vimos, são diferentes daqueles que são nutridos pelos seres humanos. Defendem os anseios espirituais e não aos materiais, se prendem aos sistemas espirituais e não aos humanos.

Quer ver o que um espírito protetor pode fazer com você ser humano se isso for aquilo que o espírito precisa como provação?

“526. Tendo, como têm, ação sobre a matéria, podem os Espíritos provocar certos efeitos com o objetivo de que se dê um acontecimento? Por exemplo: um homem tem que morrer; sobe uma escada, a escada se quebra e ele morre da queda. Foram os espíritos que quebraram a escada para que o destino daquele homem se cumprisse? É exato que os Espíritos têm ação sobre a matéria, mas para cumprimento das leis da Natureza, não para as derrogar, fazendo que, em dado momento, ocorra um sucesso inesperado e em contrário àquelas leis. No exemplo que figuraste, a escada se quebrou por não ser bastante forte para suportar o peso de um homem. Se era destino daquele homem perecer de tal maneira, os Espíritos lhe inspirariam a ideia de subir a escada em questão, que teria que quebrar-se com o seu peso, resultando-lhe daí a morte por um efeito natural e sem que para isso fosse mister a produção de um milagre”. (O Livro dos Espíritos)

Viu do que são capazes aqueles que você julga que existem apenas para proteger os seres humanos? São capazes de lhes insuflar a ideia para que subam por uma escada que esteja quebrada para que morram…

Algum de vocês quer morrer? Não. Então, esse espírito não está protegendo o ser humano. A quem ele está protegendo? Ao espírito… Protege-o gerando no ser humano o acontecimento que era necessário para a sua provação.

“853 a. Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos? Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existência”. (O Livro dos Espíritos)

O momento da morte e a forma como acontece fazem parte da provação gerada a partir das escolhas dos espíritos para viver esse ou aquele gênero de provas. Sendo assim, quando o espírito desencarnado é chamado a participar do acontecimento na existência humana de um encarnado, não age para defender os anseios do homem que levam a não querer morrer, mas sim àquilo que o espírito escolheu antes da encarnação. Se para isso tiver que induzir o ser humano a subir por uma escada quebrada, o fará sem o menor constrangimento ou culpa.

Sendo tudo isso verdade, sabe quem é o seu anjo da guarda? É aquele que arranja as coisas para que você, que tem o destino traçado para morrer por um projétil, esteja frente a um ser humanizado que, pelo seu papel na obra geral, esteja incumbido de atirar.  Ao fazer isso ele protege os interesses do espírito e não aqueles com os quais você está vivendo quando humanizado.

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