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Pode o homem gozar de completa felicidade na Terra? Não, por isso que a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra. (O Livro dos Espíritos – pergunta 920)

Para aqueles que sonham em ser feliz nesta vida o Espírito da Verdade tem uma notícia: isto não pode ocorrer, pois a vida lhes foi dada como prova ou expiação. Ou seja, a vida não foi feita para que você seja feliz, mas têm como motivação básica servir como provações e expiações.

Portanto, você não veio aqui para ser feliz. Mas, que felicidade é essa que estamos falando?

Para vocês a felicidade pode ser comparada com o prazer: ela existe como fruto de um contentamento. Estar feliz para o ser humanizado é um estado de espírito que surge quando o acontecimento do mundo ocorrer do jeito que ele quer ou gosta.

É por conhecer esta Realidade que o Espírito da Verdade ensina: não, você não veio aqui para que o mundo lhe satisfaça. Você veio à carne para que o mundo, o planeta, as situações, a vida, enfim, sirva como provação através da expiação.

Quem sonha deitar em berço esplêndido (ter a sua existência composta apenas por acontecimentos que satisfaçam o querer e o gostar individual) enquanto ainda encarnado (vivendo sujeito às verdades do ego), se ilude. Isto porque o ego faz parte da vida e por isso, faz parte da própria provação.

Sabe, existem pessoas (espíritos encarnados) que sonham com um determinado padrão de vida (‘se a minha vida fosse assim, se eu tivesse dinheiro, saúde, fosse casado com a mulher mais bonita, tivesse filhos educados, um grande emprego…’) e afirmam que se eles fossem reais viveriam na felicidade… Mentira!

Se por acaso ele tivesse tudo isso, o ego certamente ia criar novas condições para o estado de espírito de felicidade acontecesse. Isto porque esta é a função do ego. Como já disse, ele é o tentador, o diabo no deserto, e age com esta finalidade: criar as tentações.

O ego existe e foi criado pelo espírito antes da encarnação justamente para gerar situações de desejo, para gerar condicionamentos à felicidade e, por isso, ele não pode deixar de fazê-lo. Esta é a função do ego e ele vai exercê-la sempre, pois está continuamente recebendo o comando de Deus para cumprir a sua função e com isso possibilitar a realização da provação através da expiação.

Então, aprendam: a felicidade jamais poderá ser alcançada enquanto ela for dependente das condições que o ego cria para você serem felizes. Falo da felicidade como prazer, mas existe outra que pode ser alcançada…

Você pode, nesta vida, alcançar a felicidade que Cristo chamou de bem-aventurança. Esta não é a felicidade oriunda daquilo que você gosta e quer que esteja acontecendo. Pelo contrário, ela se fundamenta nas “Bem-Aventuranças” que o mestre transmitiu na passagem que é conhecida como “Sermão do Monte”.

Bem-aventurado será você quando for perseguido e caluniado, quando tiver fome e sede de fazer a vontade de Deus; quando for pobre de espírito; chorar sendo consolado por Deus; for humilde. Ou seja, você viverá uma bem-aventurança, uma felicidade completa e universal, que é diferente do prazer, quando se libertar dos condicionamentos do ego.

Quando falamos nas bem-aventuranças, vamos nos lembrar de São Francisco ou do exemplo de Gandhi. Quando estes seres humanizados se libertaram da busca do prazer, da satisfação do contentamento das condições que o ego gerava para que existisse a felicidade e com isso aceitaram as perseguições e calúnias respondendo a elas com amor, sem raiva ou rancor (sofrimento), foram felizes de verdade.

São exemplos e ensinamentos como estes que nos levam a afirmar: não, você não pode ser feliz do jeito que quer. Isto porque o mundo não está aqui para servir aos caprichos que o seu ego cria, mas para gerar situações contrárias às que são criadas pelo seu tentador e daí surgir a sua provação: você vai amar mais ao que o ego está dizendo ou a Deus?

Alguns afirmam que eu distorço a verdade ou coloco palavras na boca do mestre, mas isso é irreal. O que estamos fazendo aqui é lendo as entrelinhas do ensinamento. Leia novamente a resposta (“Não, por isso que a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra”) e compare com o que eu falei. Veja se não é o que o Espírito da Verdade diz…

A única coisa que acrescentei, e que não podia ser dito àquele tempo por falta de cultura material, foi quem gera os seus males: é o ego que cria os seus sofrimentos (diz que você foi ofendido, roubado). Disse ainda, em complementação ao ensinamento do mestre, que você pode minorar seus sofrimentos libertando-se das condições geradas por ele. Foi só isso que acrescentei…

Participante: na verdade a felicidade que conhecemos é somente a satisfação do nosso prazer …

Deixe-me colocar um pouco melhor. A felicidade que você conhece é a satisfação de ver seu desejo realizado. Desejo esse que é fruto de uma paixão. Vou dar um exemplo para compreender melhor o que estou afirmando.

Você possui uma paixão: que o seu marido, em determinada circunstância, aja de uma forma específica. Guardar a roupa que tira, por exemplo. Isto é uma paixão.

Aí ele age assim e você é afirma que está feliz, mas não vê que ela é condicionada, ou seja, ocorreu por causa da ação do marido. Ou seja, você tem uma paixão e passa a desejar que ele seja assim e a felicidade acontece porque o que você queria aconteceu. .

Neste momento você diz que está feliz, mas eu digo que está satisfeita apenas. Isso porque o seu desejo oriundo de uma paixão foi satisfeito.

Imagine agora o contrário: seu marido não age da forma que você queria, ou seja, não guarda a roupa quando a tira. Neste momento você sofre…

A felicidade que estamos falando, a universal, que encontra respaldo nas bem-aventuranças, está acima disso. O estado de espírito feliz existirá se o seu marido guardar ou não a roupa, se fizer ou não o que deseja que seja feito.

Esta é a verdadeira felicidade, porque ela não se altera jamais. Ela não está sujeita à dependência de acontecimentos, mas existe por si só sempre.

O que estou falando é um ensinamento budista. Sidarta Gautama ensina: você precisa se libertar da prisão aos desejos e paixões que condicionam a sua felicidade para alcançar a iluminação. 

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