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Ninguém constrói felicidade, ninguém é feliz. A pessoa se harmoniza com as suas emoções ou sentimentos libertando-se de suas posses, paixões e desejos e com isso passa a viver feliz.
Sendo assim, o processo de reforma íntima não se trata em buscar a felicidade, mas trabalhar para libertar-se de suas posses, paixões e desejos. Quem faz isso alcança a felicidade, mas quem não faz vive eternamente no ciclo do prazer e dor que caracteriza o mal.
Mas, o que são as emoções que vivem? A vida…
O que é viver senão estar bem num lugar e mal no outro, sentir-se bem com uma situação e mal com outra, gostar de uma coisa e não gostar de outra, sentir carinho por alguém e não sentir carinho pelo outro? São as emoções que sentem que determinam o que estão vivendo.
Sendo assim, posso dizer que a vida humana de um ser espiritual é o somatório do que ele sente o tempo inteiro. Nada mais que isso.
Quando falo que a felicidade nasce da harmonização com as suas emoções, estou dizendo, portanto, que nasce quando você está harmonizado com a vida que tem. Quando está harmonizado com a carência ou abastança que ocorre na sua existência, ou seja, está em paz consigo mesmo, não vive as emoções nem com prazer nem com a dor. Com isso atingiu a felicidade.
Participante: e se eu conseguir atingir isso plenamente?
Plenamente, você não consegue fazer nada nessa vida.
A plenitude de qualquer coisa não existe no mundo humano. Por quê? Porque os acontecimentos dessa existência obedecem ao preceito da existência das vicissitudes, ou seja, da alternância das situações da vida. Por causa disso, nada é pleno. Por isso durante o processo de reforma íntima haverá momentos que conseguirá se harmonizar com as emoções e outros onde não conseguirá.
Atingir plenamente, portanto, não deve ser o seu objetivo. Isso quer dizer que nem deve tentar ou que o seu processo de reforma íntima está fadado ao fracasso. Não, se a alternância das situações é parte da vida, ela também é um acontecimento que gera uma emoção.
Portanto, ao invés de se preocupar em atingir a plenitude a sua atenção deve estar voltada para entender o que deve fazer quando não conseguir harmonizar-se com uma emoção. O que deve fazer quando não conseguir harmonizar-se com uma emoção? Harmonizar-se com o não ter conseguido.
Quem sonha em conseguir libertar-se de suas possessões sempre não está harmonizado com a vida, ou seja, com a existência da vicissitude nela. Quem se harmoniza com o mundo humano sabe que ele não é absoluto. Por isso, quando consegue não vive o prazer nem o pesar quando não consegue.
O ser humanizado precisa compreender que não conhece sua forma de reagir aos acontecimentos. Se conhecesse veria que não deve se deixar levar por algumas conclusões mentais, pois muitas vezes elas mascaram uma emoção.
Por exemplo: num determinado momento o ser humanizado pode libertar-se de alguma posse e viver harmonizado com as emoções. Acontece que no momento seguinte surge a emoção do dever cumprido. Nesse momento há algo novo do qual também precisa se libertar: a emoção de ter conseguido. Se não o fizer, naquele momento não terá vivido em felicidade, mas sim com prazer.
O trabalho de reforma íntima, portanto, é algo que deve ser realizado a cada momento da vida humana, a cada emoção que surja. O ser humanizado deve estar sempre atento às emoções que surjam a cada momento de sua existência e buscar libertar-se de uma possessão neste momento, pois se não o fizer, estará vivendo o prazer achando que está sendo feliz.
Aquele que acredita que pode um dia conseguir realizar o trabalho da reforma íntima por atacado, nada conseguirá. Apenas viverá iludido achando que conseguiu.
Joaquim de Aruanda