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Porque as pessoas fazem inimigos? Porque querem fazê-los.
Na realidade, a mente humana só aceita como verdadeira uma informação que satisfaça seus desejos, suas vontades, suas características primárias ou natureza. Nada do que seja contrário a isso será aceito como verdadeiro, certo, bonito, bom, etc.
Digamos, então, que uma pessoa por natureza ou porque se sente bem assim, gosta de brigas, de discussões, de debates. Sei que para muitos essa afirmação parece falsa, errada, mas é só observar o dia a dia das pessoas que verão que é real. Tem muitas pessoas que sentem prazer – mesmo que seja inconsciente – em brigar ou discutir com os outros. São pessoas que fazem de tudo para iniciar uma discussão e fazem mais coisas ainda para que ela não acabe.
Esse tipo é presa fácil para a mente. A razão cria intenções para a ação dos outros dizendo que querem ferir, afrontar ou simplesmente desacreditar. Esse ser humanizado, preso à sua natureza e acreditando na intenção construída pela mente, então, aceita facilmente o rótulo de inimigo que a razão dá àquele outro.
A intenção que a mente cria para o próximo nem sempre é verdadeira. Na realidade, ninguém consegue saber a real intenção que está por dentro do outro. Aliás, às vezes nem sabe qual a intenção que está presente em si, pois a mente, muitas vezes, camufla a real intenção sob uma camada espessa de declarações (pensamentos).
Quando o ser humanizado acredita em tudo o que a razão diz, facilita o trabalho dela em escravizá-lo. Este ser, então, movido por sua natureza íntima não controlada (gostar de discutir), vivencia a briga como algo certo, que deve ser feito. O caminho está, então, aberto ao devaneio.
A razão, então, exercendo a função de tentador do ser universal humanizado, começa a criar verdades para o outro. Diz que aquele tem a intenção de ferir, que quer ser melhor, que quer traí-lo, etc. Vivendo estes pensamentos como realidade, como não deixar de ver o outro como inimigo?
Acontece, que nada disso é real: são apenas pensamentos que a razão cria para tentar o ser universal na sua jornada encarnatória. Esses pensamentos não contêm verdades, mas insinuações que a mente faz a partir do gostar de brigar.
Ou seja, as pessoas só são inimigas do ser humanizado, porque ele quer que sejam. Quer isso porque ainda depende da realização de sua vontade mais íntima para se sentir feliz.
Mas, isso só acontece com quem não está vigilante quanto ao seu processo evolucional. Aquele que realmente está buscando a elevação espiritual é vigilante (atenção plena correta) aos seus pensamentos, dando a eles o seu real valor (imagens criadas pela mente para a sua provação) e com isso não aceita o rótulo de inimigo que é dado ao outro.
Se parássemos por aqui teríamos atingido o objetivo desse estudo: mostrar que cada um faz seus próprios inimigos. Mas, há uma compreensão a mais que precisa ser alcançada sobre o tema. Vamos a ela.
Dissemos no início que existem pessoas que, por natureza, gostam de brigar e são elas que fazem seus próprios inimigos. Acontece que a maioria das pessoas não assumem que gostam de discutir, de brigar, mas vivem assim. Vamos então deixar claro o que é discutir, brigar.
Quem é aquele que gosta de brigar? Aquele que quer ter sempre a última palavra. Ou seja, aquele que sempre contesta o que o outro diz ou faz.
Gostar de brigar ou discutir qualquer coisa não se caracteriza apenas pela forma como se comporta o ser humano, mas sim pela sua intenção de provar ao outro que está certo.
Mesmo aquele que delicadamente chama a atenção de alguém ou que contesta pacificamente uma informação recebida, gosta de brigar. Afirmo isso porque quem age assim, mesmo que por meios pacíficos, como já comentamos, está se contrapondo ao que o outro pensa ser certo.
Sendo isso verdade, quem então é aquele que não gosta de brigar? Aquele que doa a razão.
Quem não gosta de brigas é aquele que não contesta os outros, que não diz aos outros como ou o que deve ser feito. Ele doa a razão, ou seja, deixa o outro acreditar que está certo. Só esses é que não fazem os seus próprios inimigos.
Aqueles, que mesmo de forma delicada e sem ofender contestam o que o outro pensa sobre as coisas deste mundo, também fabricam os seus inimigos como o fazem aqueles que gritam e admoestam os outros com atitudes grosseiras.