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Participante: se o instinto nunca se engana e é feito para satisfazer as necessidades, então as necessidades instintivas não fazem parte do ismo. É isso? As necessidades da mente, então, seriam as que prejudicam o instinto no ser humanizado?

Vamos lá, vamos conversar sobre instinto rapidinho.

Na realidade, as necessidades instintivas não existem. O que é uma necessidade? É algo que você avalia que seja necessário, ou seja, julga face a alguma coisa se aquilo é necessário ou não.

Isso não é instinto, é raciocínio. Não existem necessidades instintivas porque o instinto não raciocina para achar nada necessário ou desnecessário. Instinto reage pura e simplesmente sem qualquer razão, sem qualquer noção se é necessário ou não. A reação instintiva e a necessidade não têm a ver uma coisa com a outra.

Então, veja, na verdade, você, ao falar em necessidade, está tendo um raciocínio sobre o instinto. Ele nunca vai ser o próprio, pois o instinto não pode ser raciocinado. Não tem como: ou você raciocina, ou tem instinto.

Agora, no final do seu questionamento, tem outra pergunta: as necessidades da mente, então, seriam as que prejudicam o instinto do ser humanizado? Respondo: jamais! Elas não prejudicam, dão valor.

A ação sempre vai acontecer e o instinto do ser humano vai acontecer no íntimo, por trás, no inconsciente. Por quê? Porque o instinto não pode ser raciocinado, não pode passar pelo raciocínio.

Sabe aquela hora em que faz alguma coisa sem pensar? Naquele momento, aconteceu o instinto. Agora, quando pensar se é instinto ou não, acabou o instinto.

Instinto é uma coisa, raciocínio é outra. O que precisa entender é que o instinto existe e jamais vai deixar de existir. É por isso que o Espírito da Verdade diz que vocês deviam dar mais atenção ao instinto. Por quê? Porque o instinto nunca deixa de existir.

Agora, precisa também entender que ele não pode ser observado, não pode ser analisado, não pode ser compreendido, não pode ser conscientizado. Você faz e não pensa sobre o que faz, nem sabe o que fez, isso é instinto.

Instinto e razão são coisas opostas. Além disso, saiba que a razão jamais pode apontar a existência do instinto. Se apontar, houve um raciocínio, sabe o que foi feito. Nesse momento, acabou o instinto.

Participante: só um aparte, Joaquim. Essa pessoa fala que o instinto nunca se engana, é feito para satisfazer as necessidades. Seriam as necessidades, vamos dizer, do corpo? Fome, sede, por exemplo?

Não, necessidades do espírito.

Não tem nada a ver com comer. Comer é ato e quem cria a ação é Deus.

Participante: e a fome?

A fome é ato. O assunto fome está dentro do narrar a vida, algo que vamos conversar.

Participante: porque a impressão que tive é que ela está falando do instinto para satisfazer as necessidades do corpo.

O animal não tem necessidade nenhuma. Ele não come por fome, não come por necessidade. Come porque come.

Participante: como que ele não tem fome?

Exato, você, humano, não consegue imaginar como não ter fome: não tendo fome.

A fome é o raciocínio que diz que está sentindo fome. O ter fome, passar fome, achar errado sentir fome, é um ismo.

Participante: então, quando o cachorro está magro na rua procurando comida, isso não é fome?

Não, isso é falta de comida, não fome.

Ele não tem fome. Não faz a busca pela comida porque tem fome nem reclama: meu Deus, eu preciso comer, tenho que comer.

Por quê? Porque não tem raciocínio. A fome é um raciocínio. E, veja, ele está magro, não é porque tem fome, é porque não come.

Participante: e o não comer não desperta esse instinto da fome?

Não. O instinto não, porque ele não raciocina.

O problema é que vocês nem fazem ideia do que é instinto. Vocês não sabem o que é ser instintivo. Por quê? Porque para vocês tudo é racional, tudo é raciocinado. Tudo segue uma lógica humana, como acabou de falar.

Esse não comer não desperta fome porque não existe fome no instinto. A fome é o resultado de uma análise, algo racional. Uma coisa é diferente da outra e é por isso que vocês são animais diferentes.

O ser humano é considerado um animal racional. Ele raciocina, sabendo quando tem fome, sabe quando está doente, quando está cansado, sabe. Todo saber é fruto de um raciocínio.

O raciocínio é que cria as coisas, o instinto não cria nada.

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