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Participante:  uma pergunta pessoal. Teoricamente sei de tudo isso. O que fazer para me tornar consciente, ou seja, agir com coerência? Ou fazer como ensina Jesus – Não saiba a sua mão esquerda o que faz a direita.

Pare de desejar, de esperar resultado.

Pare de programar futuro. Não queira fazer nada, ser nada, estar em lugar nenhum. Viva com o que tem, com o que é, esteja onde estiver, faça o que estiver fazendo. É só isso!

Viva o único momento que tem para viver a realidade: o agora. Quando se prende no processo de análise dos acontecimentos, do querer fazer alguma coisa, vive a ação, enquanto os mestres ensinaram que precisamos viver a inação. A inação é participar dos atos da vida sem vontade própria sem desejos, sem intencionalidade, sem compreensões.

Portanto, se quer um conselho prático, viva a sua vida sem perspectiva nenhuma de fazer o bem ou o mal, o certo ou errado, o bonito ou o feio. Faça o que fizer, esteja ligado em Deus amorosamente. Deixa-me dar um exemplo para ficar claro o que estou falando.

  Muitas pessoas já me disseram que não gostaram de alguma coisa que fizeram. Quando isso acontece digo sempre: nunca vou criticar o que fizer e você também não deve. O que me preocupa não o que faz, mas como reage ao que faz. O problema é reagir com sofrimento ao que faz porque queria fazer outra coisa.

O que cada um faz, não importa como é rotulado, é a lei de Deus. É a lei Natural. Por isso, pare de querer fazer outra coisa e aceite a lei. Assim não sofrerá e continuará fazendo o que faz em um estado de graça.

Participante: só o exercício na humildade e na caridade pode me ajudar?

Humildade e a caridade: é disso que estou falando.

Humildade de não ser nada, de entregar tudo a Deus. Caridade de fazer o que tem que fazer para o próximo.

Como já disse, mesmo que deixe de ter prazer no egoísmo, o ser encarnado vai continuar praticando atos egoístas. Isso porque pela interdependência das coisas é preciso que os encarnados ajam da forma que devem agir para auxiliar aqueles que estão em prova de egoísmo.

Essa é a verdadeira caridade, isso é servir ao próximo de verdade: ser instrumento consciente, sem tirar vantagem alguma da ação carmática do próximo.

Participante: mas isso não seria relaxar, negligenciar a vida?

Negligenciar a vida é o que você faz hoje. Quem vive preso nesse mundo negligencia a vida, porque ela é de Deus não da matéria.

Você, aquele que vive as coisas desse mundo preso aos padrões humanos, negligência Deus, a lei de Deus, para viver o ato preso aos padrões humanos. Esse está morto, porque o que chamam de vida é morte, pois está desligado de Deus.

Negligenciar a vida é negligenciar Deus na nossa vida, pois só Deus é a realidade. Por isso dou um conselho: negligencie a vida, mas nunca Deus. Deixe de cumprir compromissos materiais, mas nunca deixe de cumprir o seu compromisso com Deus.

Qual o compromisso com Deus? ‘Deus vou encarnar com a personalidade de egoísta e vou auxiliar na sua obra sendo egoísta para quem precise receber essa ação’. Negligenciando esse compromisso estará negligenciando a Deus, ao acordo firmado entre você e Ele.

Saiba: na encarnação cada um veste uma roupa para que durante a vida, agindo sobre as ordens de Deus, participe da obra geral.

Participante: mas a matéria não é o instrumento?

Não. A matéria é o teatro onde a prova do espírito se realiza.

Como já falamos, a matéria o instrumento, a essência de cada um é a prova. A matéria só existe para criar essências.

Participante: Joaquim pediu para ler o objetivo da encarnação. É a pergunta 132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

“Deus lhe impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição”.

  Portanto, não existe vida. A encarnação não é uma vida, é um caminho para a perfeição.

         “Para uns é expiação: para outros missão”

Uns fazem expiação e outros missão, mas todos realizam provas. Então, a vida não é composta por atos, mas por provas.

“Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal”:

Mas, para chegar à perfeição tem que passar por situações positivas ou negativas. Portanto, se existe uma situação negativa que você é obrigado a passar, tem que haver um agente para essa situação. Por isso ninguém é culpado.

“nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação”.

Ser egoísta é a parte que lhe toca na obra da criação. Você concordou com Deus em ser egoísta. Isso é sua missão e é sua prova.

“Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus”.

  A fim de aí (no corpo) cumprir as ordens de Deus. Para que? Para auxiliar na obra geral.

É isso que estou acabando de dizer. Nunca tem nada a ver com o que faz, pois o que faz pertence a obra geral de Deus e é comandado por Ele. Tem a ver como reage ao que faz.

Tendo prazer ou culpa por ter agido egoisticamente, não passou na sua prova. Mas, se simplesmente agir egoisticamente, sem prazer nem culpa, você é um Espírito que está vestindo um corpo de acordo com o mundo onde vive e sobre as ordens de Deus faz a prova do outro. Cria a prova do outro.

Então, quando responde mal a uma pessoa, não respondeu mal a uma pessoa. Naquele momento sob as ordens de Deus pronunciou as palavras previstas na obra geral. Com isso criou a prova para ver se o outro vai lhe criticar, julgar, condenar ou vai amar a Deus e ao próximo mesmo sendo criticado.

  Agora deu para entender a lei natural? A resposta à pergunta 132 nos mostra o funcionamento da lei natural, da lei de Deus. Aquilo que é executado sobre o comando de Deus. Aí Deus comanda para que você faça e você julga pela sua lei artificial, pela sua moral que aquele ato está errado, mas aquele ato está perfeito porque foi praticado sobre o comando de Deus.

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