Participante: tenho sugestão de um tema: o ser liberto e sua felicidade harmônica com tudo.
Perfeito, você pede para falar sobre o ser liberto e a sua felicidade harmônica com tudo. Vou falar, hein?
Silêncio…
Pronto, falei. Ouviu? Claro que não. Não posso falar sobre um tema desses em palavras. Porquê? Porque você não faz a mínima ideia do que é ser um ser, quanto mais do que é um ser liberto.
Na verdade, não existe um ser liberto. Para isso ele teria que ser preso antes. Só que se é livre, não conhece prisão. Como pode ser preso então?
Ah, pede para falar também do ser liberto e sua felicidade harmônica. Impossível, não ser que viva uma felicidade harmônica. Para isso ele teria que conhecer a felicidade sem harmonia. Aquele que vive felicidade harmônica, não conhece desarmonia. Por isso não pode falar da harmonia.
O que estou querendo dizer é que você está querendo analisar coisas que não pertencem ao seu mundo. Coisas que só vivenciará depois que sair da roda de encarnações.
Acontece que enquanto está interessado em conhecer coisas que não pode conhecer, não está se libertando de nada, não está se harmonizando com nada. Enquanto estiver preso, não vai entender o queé ser liberto.
Então, esqueça. Esqueçam essas histórias sobre o ser. Esqueça essas histórias sobre ser liberto, sobre a felicidade incondicional, etc. Ao invés disso vamos aprender a viver com a visão que temos sobre esses assuntos sem sofrer. Vamos aprender a viver a felicidade desarmonizada que nós temos para um dia entender a harmonia e ser feliz.
Um passo de cada vez. Aliás, tinha um ponto que cantava muito no início que dizia: oi devagar, oi devagarinho, caminhar com o preto velho para não ficar no caminho.
É isso: um pé na frente do outro, nunca um passo longo. Nunca querer saber o fim da caminhada quando ainda se está no início dela.