Áudio

Pergunta? Não tem? Então, vamos começar a conversar que as dúvidas vão aparecendo.

Faz, então, 19 anos que conversamos. Nessas conversas, estudamos a vida humana e os ensinamentos dos mestres. Se analisarmos profundamente, essas conversas tiveram como finalidade auxiliar a viver a vida humana, a passar pelos acontecimentos da vida humana.

Não importa se estávamos estudando Krishna, Buda, Cristo, Espírito da Verdade, nunca nos prendemos a analisar cientificamente o que estava sendo visto. Estudar pelo simples fato de estudar, sempre buscamos conhecer o ensinamento e saber como ele poderia ajudar cada um de vocês a viver a vida.

Quando falo em viver a vida, estou dizendo passar pelas situações da existência carnal em paz, harmonia e felicidade, pois é isso que prova que alguém está vivo.

Vivo é aquele que consegue manter-se em paz, em harmonia com o mundo e em uma felicidade que não é o prazer, a satisfação, mas um estado de espírito. Como costumo dizer, é estar na boa, estar de bem.

Não importa o que estudamos, nunca nos prendemos a tentar entender o ensinamento pelo próprio ensinamento, mas sempre buscamos trazer o ensinamento para o dia a dia, para os acontecimentos da vida.

Quem já nos ouviu, quem já acompanhou, sabe que não importava o que estava falando, no final sempre arrumava um jeito de aplicar aquilo em algum momento da sua vida. Por que isso é necessário?

Sei que, se perguntar, todos querem ter uma vida em paz, feliz, harmonizada. Apesar disso, não conseguem ter, não conseguem viver isso. Por quê? Alguém saberia me responder por que não conseguem viver em paz, apesar de 19 anos de busca de prática?

Participante: devido à briga com a mente.

Não.

Participante: expectativa de querer aquilo que você quer.

Não.

Você pode ter essa expectativa, pode querer ter alguma coisa que não tem, mas mesmo assim ter paz e manter sua felicidade. Então, não é isso que decide.

Participante: não aceita o que acontece e quer mudar.

Não.

Você pode querer mudar, pode não aceitar o que está acontecendo e mesmo assim manter-se em paz com o que está acontecendo.

Participante: estamos presos aos valores humanos?

É quase isso. Não é bem preso aos valores humanos, mas à humanidade.

Vocês sofrem porque estão presos aos valores humanos. Por isso, mudo a pergunta: preso à humanidade em que aspecto?

Participante: valores humanos?

Participante: a ideia de ser humano?

Participante: as normas, regras, vícios?

Não.

É mais simples: por que sofrem.

Por que sofrem? Porque vivem o sofrimento quando ele acontece.

Por que fazem isso?

Participante: porque esquecemos de ser feliz.

O que vou dizer agora talvez possa chocar: vocês não conseguem ser felizes porque são emocionalmente imaturos. Quando a vida diz sofra, vocês sofrem.

Essa é uma postura que denota imaturidade: quem segue o que a vida manda fazer, quem não assume as rédeas das suas emoções.

Vejam, me disseram que sofrem porque não aceitam o que acontece. Na verdade, podem não aceitar o que acontece, mas se tiverem a rédea das suas emoções, a não aceitação não será vivida com sofrimento. Pode desejar o que quiser, ter a expectativa que tiver, mas, por causa dessas coisas, não precisam entrar em um processo de sofrimento, de agonia, de reclamação da vida.

Participante: a imaturidade emocional não é decorrência da imaturidade espiritual?

Não, não necessariamente.

A imaturidade espiritual é caracterizada pelo fato de não trazer o ensinamento para o momento, usá-lo apenas como algo místico ou científico. Aí é uma imaturidade espiritual, porque vive só o lado humano. Estou falando de outra imaturidade: a de aceitar o que a mente cria.

A maturidade a que me refiro é dizer a si: sei que não quero sofrer, sei que não quero passar por sofrimento, por isso não vou aceitar o sofrimento que vem neste momento para mim. O ser maduro é esse: aquele que sabe lidar com seus problemas, que sabe lidar com as suas emoções.

Sabe, é inacreditável ver alguém que acredita em vida depois da vida, que sabe que a vida depois da vida é a real existência do espírito, que fala que quando alguém morre volta à pátria espiritual, chorar porque seu parente morreu. Isso é uma prova de imaturidade emocional. Se assumisse a rédea de seus sentimentos, simplesmente diria: morreu, vou ter saudade, vou sentir saudade, mas não preciso viver com a ideia de que a minha vida acabou por causa disso, que nunca mais vou ser feliz.

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