Áudio

Participante: estudos na área da psicologia incentivam a força de vontade para a realização de metas, mas meditando sobre isso percebo que a vontade pode se tornar uma prisão, se for um objetivo egoísta. Seria o desejo da libertação também um ismo?

Sim, o desejo da libertação é um ismo. Aliás, qualquer desejo é um ismo, pois é uma regra, uma norma, ou seja, quando se gera a obrigação de se libertar criou-se um ismo. Na verdade, você não precisa se libertar de nada.

Agora, deixe falar uma coisa. Veja que você usou ideias diferentes. Falou que a psicologia orienta a ter metas, mas você foi além: falou na vontade de cumprir metas. São coisas diferentes.

Você pode ter qualquer meta nessa vida. Não há o menor problema em aceitar as metas colocadas pela razão. O problema é aceitar a obrigação de atingir as metas. Uma coisa é diferente da outra.

A relação com as metas precisa ser: ‘eu quero alcançar tal meta. Está bom, quero e vou tentar conseguir, vou trabalhar para conseguir, mas se eu vou conseguir ou não, não sei’.

Esse é o grande problema. As pessoas traçam metas e se obrigam a cumpri-las. Justamente porque se obrigam a cumprir as metas, sofrem de ansiedade enquanto estão fazendo e, quando não atingem, sofrem a frustação de não ter feito. Todo esse sofrimento é gerado por causa da obrigação de atingir a meta que foi vivida.

Não há menor problema em não atingir a meta. Até porque não é você que a cria. Quem cria é a sua razão. É ela que cria a meta para, vamos dizer assim, estimular o seu egoísmo, ou seja, para você se comprometer em atingir, desejar atingir, buscar atingir.

Viver esse estado emocional é egoísmo. Qualquer desejo está sempre ligado a possessão. Posse e desejo são instrumentos do egoísmo.

Portanto, você pode ter qualquer meta que sua mente estimular, o que não pode é se comprometer em realizar. Não pode é viver a busca da meta com obrigações e necessidades.

Ninguém precisa ser nada. Se cumprir as metas estabelecidas pela razão, cumpriu, se não cumprir, não cumpriu. Isso não muda nada, porque cada um já é tudo que pode ser. Não é fazendo isso ou aquilo, alcançando isso ou aquilo que vai dizer que se você é uma pessoa melhor ou pior.

Essa a forma de se relacionar com a meta que a razão cria. Você diz a si: ‘eu tenho que atingir aquilo lá, vou tentar, vou trabalhar para fazer. Agora, se vou atingir não sei. Só sei que não vou me sacrificar para atingir metas, porque minha prioridade nessa vida é viver em paz, é me harmonizar com a minha vida’.

Essa é a forma de lidar com metas e esse é o nosso trabalho, vocês colocam um tema, eu o analiso e respondo de forma genérica como lidar com aquilo.

Salve!

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