Participante: comecei, há um tempo atrás, fazer exercícios de compaixão com as pessoas próximas que minha razão dizia que incomodavam, com os familiares que traziam dissabores e problemas e que muitas vezes sentiam prazer em me cutucar, com as pessoas do trabalho que geravam problemas e apreciavam dificultar, com os políticos que minha razão não concordava e que não ressoava com as minhas verdades. Compaixão para comigo e para o plano que vivo. Notei que essas práticas traziam algo muito bom para minha vida, tanto que com o tempo não era mais uma prática virou uma atitude de vida. Agora não ficava mais irritado com as pessoas que me cortavam no trânsito, na pessoa deselegante do dia a dia e outros. Inclusive notei que algumas das pessoas que eu emanava compaixão mudaram seu comportamento para comigo e algumas passaram até a me procurar. São coisas que minha razão humana não consegue explicar. Você poderia explicar de uma forma mais ampla e universal o que ocorre nesses casos?
O que acontece nesses casos é que Deus, vamos dizer assim, dá a cada um segundo suas obras.
Se você está exercitando a compaixão e está conseguindo viver com compaixão, começa a receber uma geração de acontecimentos e energia contra, que são recebidas com mais amenidades. Na semana passada chegamos a falar um pouquinho sobre isso, mas agora vou falar mais.
Tem um detalhe que vocês não entenderam: a felicidade de cada um, o bem-estar, o sentir-se bem, o estar em paz com Deus, o estar zen, depende única e exclusivamente da forma como lida com o mundo. Se lida com ele internamente em guerra, vai receber um mundo que guerreia com você. Se lida de uma forma preconceituosa, vai receber um mundo que lida com você da mesma forma.
‘Ah Joaquim, você disse que a vida não muda?’ Não estou falando em mudar atos, mas mudar recepção da ação.
Uma pessoa faz uma coisa e você, se estiver em um patamar, se estiver com uma predisposição interna, recebe de um jeito, receberá do mundo o mesmo tratamento. Agora, se aquela mesma pessoa faz a mesma coisa de antes, mas agora você está com outra predisposição interna, receberá mais tarde de outro jeito. Não mudou o ato: mudou a recepção interna.
Esse é o grande segredo que realmente já é hora de começarem a entender. Quanto mais você guerreia com o mundo, mais o mundo guerreia com você. É simples assim.
Na verdade não é o mundo que está guerreando com você, mas você que vê guerra no que o mundo faz. Quando guerreia com o mundo vai ver todos em guerra com você.
Quando entendemos isso, começamos a entender uma coisa. Sabe quem mais sofre? Quem tem mais verdades, quem tem mais complicações, quem tem mais conceitos, quem tem mais leis, quem quer obrigar a si e ao próximo a cumprir as leis. Esse sofre porque, como acredita na lei, no tem que ser, que algo é o certo, guerreia com o mundo. Por isso, o mundo guerreia com ele.
Se quer ser feliz, precisa lidar com o mundo com felicidade. Não estou falando de esperar que o mundo lhe faça feliz, mas fazer o mundo feliz. Lembre-se: se não fizer o mundo feliz, o mundo não vai lhe fazer feliz. Nunca.
Esse é um grande segredo que, na verdade, vamos comentar muito mais na próxima semana, quando falaremos das posses, paixões e desejos. Vamos ver a submissão às verdades humanas, aos códigos de lei materiais (tem que limpar, arrumar, fazer, caminhar, andar, falar, ir a festa, fazer). São todos esses ‘tem que’ que acabam com a sua paz. Essas normas e obrigações são como espada que ferem você, mesmo quando acha que está ferindo o outro, que está ensinando algo ao outro.
Sua pergunta mostra claramente o resultado desse trabalho que estamos fazendo. Mostra o amor, a compaixão e o tema de hoje, a caridade, que gera a sua paz.
Deixe-me falar uma coisa. Você é incapaz de amar ao próximo enquanto não amar a si mesmo. Enquanto não tiver compaixão por si, enquanto você não for caridoso, ou seja, tiver boa vontade com você, tiver com consciência para nem ver erro no que faz nem no que os outros fazem, jamais terá paz, jamais terá felicidade. Enquanto não agir assim consigo e com o outro sempre haverá uma pedra no seu caminho onde vai tropeçar.
Muito obrigado pela pergunta.