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Há o doente e há aquele que tem uma doença.

Uma pessoa pode ter doença, mas não precisa ser doente.

Participante: para mim isso ficou bem claro recentemente. Apareceu um nódulo no meu corpo e até saber se era câncer ou não, esqueci completamente os ensinamentos espirituais. Xinguei a vida, você, Deus.

Na verdade, não ficou chateada por ter um nódulo, pois ninguém sabia se era benigno ou maligno. Ficou chateada porque ficou chateada por estar com um nódulo.

Porque, na realidade, sofreu, ficou chateada, quando houve uma perspectiva de estar doente?

Participante: porque não queria ficar doente.

Não. Porque é aprisionada a ter que ter saúde. A estar sempre saudável.

Só sofre ao ficar doente aquele que não quer estar. Quem quer ter doença, pois existem muitos que querem, tem prazer quando vem. Já quem não está nem aí para ter saúde, estando ou não doente fica indiferente. Por isso, não sofre.

Participante: mas havia a possibilidade de ser um câncer.

O câncer, nesse caso, é o último dos problemas. Quantas pessoas, e você mesmo, não ficam chateadas, sofrem, quanto têm uma simples gripe?

É preciso tirar a importância, o valor que se dá a uma doença. Não importa qual seja a doença, se for escravo de ter que ter saúde sofrerá.

Frente a necessidade de mergulhar dentro de si mesmo para chegar ao autoconhecimento necessário para poder se libertar do mundo humano é preciso que admita para si que o que a fez sofrer não foi a possibilidade de ser um câncer, mas porque não quer ficar doente, porque quer ter saúde sempre. Esse querer representa uma posse, uma paixão e um desejo e denota a sua prisão a o mundo humano, apesar de dizer que quer se espiritualizar.

A sua contrariedade frente a doença mostra claramente que o seu coração está comprometido com a ideia de que ter saúde é bom, que o certo é não ficar doente. Quando descobre isso está na hora de usar um ensinamento para se libertar dessa ideia.

É isso que estou querendo mostrar. No entanto, não adianta querer colocar o ensinamento em prática quando vem a notícia que está com um câncer. É preciso tentar colocar em prática o ensinamento antes.

Também de nada adianta colocar em prática contra algo específico, algo que aconteceu. A prática do ensinamento precisa acontecer quando se descobre que dentro de si há uma posse, uma paixão e desejos.

É quando descobre que irá se contrariar se ficar doente, ou seja, quando descobre que é apegado a ter saúde, que precisa colocar um ensinamento em prática e acabar com essa posse e paixão. É isso que estamos falando.

Como disse anteriormente, vocês só colocam em prática um ensinamento quando ele não fere o seu lado humano. Isso não adianta nada.

Todos que estão aqui acreditam em vida depois da morte. Acreditam que morrerão um dia, mas quando o assunto é doença grave, algo que pode levar à morte, esquecem tudo que ouviram e agem como qualquer ser humano.

Que espiritualistas são vocês que subordinam sua espiritualidade, a prática dos ensinamentos, a busca espiritual, à satisfação humana? Se acham melhores que os outros por terem determinadas informações, por saberem que a vida continua, mas ficam defendendo o permanecer vivo.

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