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Participante: o sábio atinge sabedoria sem erudição. Alcança a sua meta sem esforço. Termina a sua jornada sem viajar. Ego querendo estudar o Tao Te Kin por Joaquim.

Exatamente: o sábio alcança sem esforço.

Como alguém pode alcançar a liberdade ou o desviar-se dos tiros das armas da humanidade sem esforço, sem estar numa tensão completa na mente, sem puxar o corpo para lá ou para cá? Estando consciente que esse mundo é ilusório. Estando consciente que tudo é criação da mente para lhe afastar da vida.

Quando fala do sábio neste livro, se fala daquele que não está mais subordinado às normas, conceitos, esperanças hábitos e costumes humanos. Vou dar um exemplo: o que vocês chamam de monge budista. Ele compreende, vê e vivencia a vida muito diferente de vocês. Por quê? Porque vocês seguem um padrão racional fundamentado pela lógica humana. Ele não. Ele não tem lógica: é completamente ilógico para os parâmetros de vocês.

O alcançar sem esforço que é citado aí como a forma do sábio alcançar a elevação espiritual é muito importante. Estou ouvindo vocês falarem em luta, em vitória e um monte de coisas com respeito à busca espiritual, mas esse processo não tem nada a ver com batalha, com trabalho ou guerrear. Na verdade, ele se torna algo natural, normal quando se sai da fantasia gerada pela mente.

Que fantasia é essa? Um eu humano que vive uma vida humana. Enquanto você estiver preso em ser um humano que vive uma vida humana, jamais deixará de seguir o que fala a humanidade.

Tem muita gente que pouco participou de nossas conversas aqui hoje. Por isso vou aproveitar para falar uma coisa.

Esse trabalho começou no ano de 1999. Á época até estudávamos algumas coisas, mas muito superficialmente. Na verdade, o forte do nosso grupo era realizar trabalhos de umbanda. Este trabalho chamava-se Movimento Ecumênico Espiritualista Universal.

No ano de 2000 ou 2001 chamei as pessoas para estudar o Evangelho Apócrifo de Tomé. Começamos com algumas coisas loucas: o verdadeiro pescador é aquele que quando pesca fica com o peixe grande joga os pequenos foras, louvado seja aquele que mata o leão e ruim é aquele que deixa o leão lhe matar. Enfim, um monte de loucuras presentes nesse evangelho que fomos traduzindo.

Fomos avançando nesse estudo até o dia que encontramos a logia 19 do Evangelho de Tomé. Ele diz:

“019. Jesus disse: “Bendito aquele que era antes de existir. Se vos tornardes meus discípulos e ouvirdes minha palavra, estas pedras vos servirão. Há, pois, cinco árvores no paraíso que não se movem no verão nem no inverno, e suas folhas não caem. Aquele que as conhecer não provará da morte”.

Neste texto Cristo diz assim: no paraíso – que é o reino de Deus, o universo, o mundo espiritual – existem cinco árvores cujas sombras nunca mudam.

Ao comentar essa logia disse que a árvore, na Bíblia, é sempre tratada como a fonte do conhecimento, da informação. É por isso que no pecado original está o fruto da árvore do conhecimento.

Sobre a parte que afirma que a sombra dessas árvores não muda nem no verão nem no inverno disse que Cristo afirma que Aquilo que ilumina a informação, o conhecimento, jamais se altera. Tem que ser assim, pois quando falamos de uma árvore comum sabemos que a sombra dela se muda de acordo com a posição do sol.

A partir dessa informação, comentei que temos que entender que se essas cinco informações não mudam, elas veem de Deus e são universais, já que tudo o que vem de Deus jamais muda. Depois disso transmiti as cinco verdades universais.

A primeira delas é: não existe o ser humano, eu sou o espírito. Essa é a primeira coisa da qual você precisa partir para ir a qualquer lugar no sentido da busca espiritual

Essa informação junto com a segunda, que diz que não existe mundo humano, mas que tudo é um mundo espiritual de provações, é uma encarnação, são o fundamento da razão de quem vive liberto da mente humana. Essas informações foram tão fortes que disse: acabou o Movimento, o nome pelo qual éramos conhecidos.

Nesse momento as pessoas que estavam conosco não acreditaram. Disseram: como pode ter acabado se mal começou? Eu respondi: acabou o movimento, não o trabalho.

Movimentar-se é sair de um lugar e atingir outro. Com o estudo dessas verdades saímos da ideia de sermos humanos estudando assuntos espirituais e chegamos à ideia de que somos espíritos vivenciando uma encarnação.

Aí afirmei: por já termos chegado onde buscávamos, a partir de agora nos chamaremos Espiritualismo Ecumênico Universal. Não há mais movimento a ser feito.

Voltando a busca espiritual de cada um afirmo: nada vai se alterar, como não se alterou para quem já ouviu isso há muitos anos ou poucos, se não houver uma tomada de posição que leve à consciência de que é espírito e vive em um mundo espiritual ao invés de continuar vivendo um eu humano que vive uma vida humana.

Sem essa tomada de posição – e uma tomada de posição bem consciente – o medo de perder, que já falamos aqui, vai fazer você se subordinar a todas as armas da humanidade. Vai fazer ter um alvo no seu peito para que o assassino acerte diretamente.

Esse é o caminho, esse é o portão de entrada: eu sou um espírito vivendo um mundo espiritual. Quando você vivencia isso e se pega, como me perguntaram agora pouco, vivendo a culpa, diz a si mesmo: ‘espírito sente culpa? Se não, eu também não posso me sentir culpado’.

‘Espírito tem esperança de que o que ele quer vá acontecer? Não, então não posso ter esperanças’. ‘Espírito ainda sonha com um dia de amanhã melhor? Não, então não posso sonhar; tenho que viver o que tenho para viver agora’.

É esse o ponto fundamental. É preciso viver a partir da essência que é. Por causa da importância dessa mudança de consciência, e peço novamente desculpas por falar isso, volto a repetir: o problema é falta de vergonha na cara.

É preciso assumir aquilo que diz que acredita. Assumindo que acredita que é um espírito, desculpe, mas não viverá nada da humanidade. Se não viver nada do que é humano, já que sabe que o espírito quando liberto da humanidade pensa diferente, não viverá nada que é humano. Quando isso acontece não há prazer nem dor: só felicidade.

Esse é o caminho, é o ponto de partida, é o marco zero para fazer qualquer coisa. Isso porque se você submeter a sua elevação espiritual a qualquer critério humano, a força do dualismo jamais deixará você estar em paz ou se harmonizar. Estará sempre em um dos lados: do certo ou do errado.

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