Será que isso quer dizer que a Lei é contra as promessas de Deus? De jeito nenhum! Porque, se tivesse sido dada uma lei que pudesse dar vida às pessoas, então elas poderiam ser aceitas por Deus por meio da Lei.

Vamos entender esta afirmação de Paulo: “se tivesse sido dada uma lei que pudesse dar vida às pessoas”. Eu afirmo sem medo de errar: toda lei traz a morte. Isto ocorre porque a única coisa que a lei traz é a condenação.

A lei não traz a premiação, mas somente a condenação. A lei só leva à morte, ou seja, à acusação, nunca ao elogio. Por isto ela é incapaz de dar vida a alguém.

A lei diz, por exemplo, não mate. Se você matar será condenado, mas e se não matar, não ganha nada?

Seguir a lei não acrescenta nada para você. Ela é apenas coercitiva e nada agrega de positivo a você, pois nem lhe “proteger” ela é capaz de fazer. Existe a lei não matar, mas, mesmo assim, você está sujeito a andar na rua e levar um tiro. A lei, portanto, apesar de proibir, não lhe protege com relação a isto.

A lei não traz nada de “bom” para você ou para os outros. É neste sentido que Paulo está dizendo que a lei é incapaz de dar a vida.

A lei é incapaz de dar a felicidade, a tranquilidade, de trazer a paz, de trazer a harmonia, as únicas coisas que realmente importam nesta vida. Isto porque a única função da lei é penalizar. Esta é a posição de Paulo.

Esta afirmação tem muito mais força vindo de quem vem (Paulo) porque, antes de se tornar apóstolo de Cristo, ele foi “professor da lei”, aprisionado e arraigado nos códigos do Velho Testamento. Era um fiel seguidor de tudo o que estava escrito e baseado nestes códigos perseguiu os cristãos antes de se “converter”.

Seguindo os ensinamentos de Cristo, ou seja, alcançando a consciência amorosa, Paulo descobriu que quem vive pela lei, quem se subordina cegamente a textos legais, é incapaz de se virar para o lado positivo da vida. Vive de frente para o lado negativo, ou seja, está sempre querendo ver se o próximo burlou a lei para que ele possa trazer a condenação.

Neste aspecto tenho certeza que vocês nunca pensaram: a lei não traz nada de “bom”. A lei foi criada só para se dizer o que é “errado”. Ela só serve para que possa julgar, condenar acusar, ou seja, levar a morte, a desarmonia, a guerra, a infelicidade a quem quebra a lei,

A consciência amorosa é exatamente o contrário disto. Isto porque a lei, a observância irrestrita dos códigos legais é um caminho de vida enquanto que a fé, a consciência amorosa é outro caminho. Amar e pautar-se por leis, portanto, são comportamentos antagônicos.

A lei só promove a morte, mas a fé e o amor universal promovem a vida. Isto acontece porque a consciência amorosa nunca se preocupa em acusar. Quem vivencia com ela só se preocupa em transferir amor, em amar, não importa se o alvo deste amor feriu o código legal ou não.

A consciência amorosa não é usada para julgar, mas sim para amar. Por isto ela traz vida, enquanto que a lei traz a morte. A lei distribui condenação acusação, castigo; a consciência amorosa traz paz, tranquilidade, felicidade.

Portanto, para quem está na busca da elevação espiritual precisa se desligar das leis, para, assim, poder ser gerador de vida. Não estou falando desligar-se apenas dos códigos legislativos humanos ou das leis religiosas, mas das leis individuais (do seu padrão de certo e errado).

É o que falei anteriormente sobre o sapato: enquanto você usar sapato por obrigação sofrerá. Mas, na hora que atingir a consciência amorosa, ou seja, usar sapato por amor àqueles que acreditam que isto é obrigatório, o sapato não mais apertará e você não sofrerá.

O problema é que quando falamos em códigos de leis os seres humanizados só se preocupam em leis gerais, mas as leis da sociedade possuem as mesmas características das legislativas e só trazem a morte. Criar um padrão de vestir-se é criar uma lei que terá como fruto a morte de quem quebrá-la.

Por exemplo: verde e amarelo não podem ser usados juntos. Quem disse? Quando alguém não gosta da combinação do verde e com o amarelo transforma isso em lei (“é feio, cafona, está mal vestida”). Estes termos são uma condenação e as pessoas que os utilizam transformam-se em “anjos da morte” de quem utilizar esta combinação.

Já a consciência amorosa diz: “verde e amarelo são apenas duas cores criadas pelo meu Pai; louvado seja Deus que criou todas as cores”.

É para este aspecto que Paulo quer nos fazer acordar. Começarmos a ver as coisas pela consciência amorosa ao invés de “correr” e colocar na frente de tudo uma norma, um padrão, uma regra que inexoravelmente obrigaremos o próximo a seguir.

Há algo que quero deixar bem claro, antes que surjam perguntas: estas regras jamais serão universais. Todas as regras da sociedade são sempre individuais (cada um impõe a sua), pois são baseadas num “gostar” individual.

Mesmo que grande parte da sociedade “goste” de uma determinada coisa, se houver apenas um que não “goste”, a universalidade foi quebrada. A universalidade alguma coisa só está assegurada quando ela vale para cem por cento do universo. Como isto é impossível…

Então, a lei traz a morte porque ela só existe para julgar e porque ela é individualista e a consciência amorosa, traz a vida, porque traz a alegria, a felicidade e harmonia e é universal.  

Compartilhar