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Participante: como aplicar o boiar no cotidiano, o não mergulhar nas questões humanas adentrando nos redemoinhos do eu? Viver o dia-a-dia sabendo que é tudo ilusão? Como não dar peso ou valor aos acontecimentos?
Não dando peso nem valor, ou melhor, não aceitando o peso ou valor que a sua razão guia.
A gasolina aumentou, aumentou, e daí? Ah, mas a carne está mais cara. Está, e daí, como outra coisa. O meu aluguel aumentou; vou morar embaixo da ponte, e daí?
É isso: não viver o valor que a razão cria para as coisas da vida.
O problema é que quando a sua razão cria a ideia de que a gasolina aumentou, você grita: meu Deus, e agora? Vou gastar mais dinheiro com a gasolina do meu carro. Nesse momento vai sofrer. Mais: vai sofrer à toa, porque seu sofrimento não vai baixar a gasolina. Esse sofrimento não vai fazer o presidente dizer: coitadinho daquele ali, não tem mais dinheiro para pagar a gasolina, vou baixar o preço. Não vai; por isso, é sofrer à toa.
Então, você precisa se libertar do peso dos acontecimentos. Se libertar é dizer: e daí, aconteceu, o que posso fazer? Essa é a resposta para tudo, mesmo que o acontecimento envolva a morte de alguém: matou gente? Matou, o que posso fazer? Está morto. Não sei ressuscitar ninguém.
Ao pensar assim parece que você não é amoroso, é frio. Mas, a vivência espiritualista é isso mesmo: é ser frio. Por quê? Porque quem vive o peso da vida é o quente.