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Mas em nenhum momento nós cedemos, pois queríamos que vocês tivessem o verdadeiro Evangelho. (Carta aos Gálatas, 2, 5)
Os judeus eram circuncidados e como Jesus Cristo disse que não veio tirar nada da lei, os apóstolos materialistas queriam criar a mesma obrigação para os não judeus. Estes apóstolos, aprisionados à letra fria da lei, esqueceram da essência do ensinamento do mestre nazareno.
No Evangelho trazido por Tomé, Cristo ensina assim: “Seus discípulos perguntaram-lhe e disseram: Queres que jejuemos? Como deveremos rezar, e deveremos dar esmolas? E que dieta deveremos seguir? Jesus disse: Não mintais, não façais aquilo que odiais, pois todas as coisas são manifestadas ante a verdade. Nada há de oculto que não venha a ser desvelado, e nada há de coberto que permaneça sem ser descoberto” (logia 6).
Nesta pergunta ao mestre fica claro que os apóstolos, viciados na religião de então que era totalmente balizada por código de normas de procedimentos, buscavam criar para a nova “seita” que eles imaginavam que Cristo estivesse criando um novo padrão de comportamento. Os procedimentos especificados pelos apóstolos, aliás, são os mesmos da religião judaica: jejum, oração, caridade material e restrições alimentares.
Pela resposta fica bem claro o que Cristo esperava daqueles que adquirissem a consciência amorosa: não minta a si mesmo e não faça aquilo que odiais. Estas são as duas únicas exigências para ser cristão: não mentir a si mesmo nem fazer aquilo que odeia.
De que adianta fazer jejum com fome? De que adianta fazer caridade (servir ao próximo) se a sua intenção é servir-se dele (realizar aquilo que você deseja fazer)? De que adianta orar se ao invés de conectar-se com Deus com submissão (faça-se a Sua vontade) o que deseja ainda é que Ele lhe sirva (faça o que você quer)? Todas estas ações com estas intenções são falsas, são mentiras para si mesmo.
Cristo deixou bem claro: não adianta fazer nada enquanto para você aquilo for falso. Falsidade no sentido de imaginar que está fazendo por amor a Deus e ao próximo, quando na verdade está fazendo para si mesmo (individualismo).
Este ensinamento vale para todos os atos da vida carnal, inclusive no tocante à elevação espiritual ou cumprimento de “obrigações religiosas”. Em uma palestra antiga, afirmei para uma pessoa: enquanto você buscar a elevação espiritual baseado na sua vontade individual de elevar-se, não conseguirá. Isto porque estava fazendo para si, para satisfazer o seu desejo e não para Deus e para servir ao próximo.
Esta caminhada espiritual, portanto, é falsa, uma mentira. Isto porque toda a busca espiritual desta pessoa, que ela imaginava estar fazendo para Deus e para o próximo, objetivava apenas se satisfazer. Era feita a partir de um desejo oriundo de uma paixão individual.
Enquanto você se satisfaz, não entra na Realidade, no Universo: ficou preso no seu desejo, no seu “eu”, no individualismo.
Os apóstolos, apesar terem ouvido isto do Cristo, quiseram obrigar os novos cristãos a circuncidarem-se, mas Paulo foi inflexível: nós somos livres para adorar Cristo, circuncidado ou não. Somos livres para adorar Cristo indo a Igreja ou não, usando crucifixo ou não. É esta liberdade que o próprio Cristo deu a cada um quando viveu aquela encarnação com a consciência amorosa da ação, mesmo ferindo todas as leis religiosas judaicas.
Na hora que você achar que para Deus é importante usar uma cruz, use. Mas enquanto a cruz for importante só para você, só para dizer que é cristão, não use, pois, neste caso, é uma mentira usar a cruz.
Isto precisa ficar bem claro a quem postula a elevação espiritual: no espaço religioso (centro, templo, igreja, etc) que você for e colocarem regras e normas para pertencer àquele grupo, faça como Paulo e preserve a sua liberdade. Saia de lá, pois Cristo não pertence àquele grupo.