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O que esperamos da vida Buda diz que estão em três grupos: as posses, as paixões e os desejos.

Sobre isso acho que a maioria aqui já me ouviu falar, mas hoje quero traduzir, já que estamos aprendendo a atirar, a mirar nesses alvos, para algo mais fácil de compreender, para que seja possível aprimorar a mira.

O que é a sua posse? É tudo que acha certo, tudo que acha errado, que acha bom ou mau, limpo ou sujo. Possuir é querer controlar o mundo. Isso leva ao sofrimento porque para controlar o mundo é preciso antes julgá-lo.

Portanto, a primeira coisa em que temos que atirar é naquilo que acreditamos como verdadeiro, certo, bonito, sujo, feio. É preciso mirar e atirar nesses conceitos porque enquanto houver uma crença de que algo está certo ou errado, vai haver sofrimento.

Porque estar apegado aos conceitos leva ao sofrimento? Porque a vida – e acho que isso vocês já descobriram – não se guia pelo seu certo. Ela acontece por ela mesmo, baseia-se nos seus próprios valores e não nos seus. De vez em quando o que ela cria coincide com o seu certo, mas a maioria das vezes está fora dele.

Paixão! O que é paixão? Tudo que gosta, mas também tudo que desgosta. Desgostar é uma paixão negativa. A paixão faz sofrer pela mesma razão da posse: a vida não está preocupada em privilegiar o seu gostar.

Quantas vezes gosta de uma pessoa, mas é a outra que leva vantagem? É aquela que não gosta que aparece, que ganha. Quantas vezes você, que não gosta de uma casa de um determinado jeito, vai à de alguém e ela está como não gosta?

Tudo isso é contrariedade que gera sofrimento. Por isso, para não sofrer, para não viver contrariedade, é preciso ir à casa dos outros sem ter uma limpeza ou uma arrumação que goste. Se for preso a um conceito vai criticar o dos outros. Essa contrariedade, essa crítica, é sofrimento.

A terceira coisa em que é preciso mirar: o que quer, o que espera, o desejo.

Desejar qualquer coisa nessa vida é sinônimo de sofrer. Por quê? Porque desejar não é garantia de ter. É garantia apenas de diversos sofrimentos.

Enquanto não chega a hora de poder ter sofre com a expectativa e a incerteza. Depois que passa a hora e não consegue ter, como acontece na maioria das vezes que deseja alguma coisa, sofre porque não teve. Por isso viver o desejo, apegar-se ao desejar é sofrer.

Esses são, portanto, os três alvos que precisamos identificar para poder fazer essa revolta: tudo o que acha certo, tudo o que é verdade para você, tudo o que gosta, tudo o que desgosta, tudo que quer e o que não quer. São esses conceitos que precisam ser derrotados durante a revolução para alcançar a implantação de um estado de paz e harmonia, ou seja, uma felicidade.

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