Deixe-me dizer algo. Para participar de minhas conversas, é preciso ter ouvidos de ouvir. Vamos falar um pouco disso.
O que é ouvidos de ouvir? Para responder a essa questão, pergunto: o que é carma para o mundo humano?
Digamos que agora você vá ler um livro escrito por um ser humano e lá conste que tal fato é um carma. O que isso vai dizer a você?
Participante: um resgate de vidas passadas, um castigo pelo que foi feito em outras vidas.
Isso é uma verdade. Ela é verdadeira? Não sei. O que Joaquim falou a respeito de carma, como o defini?
Participante: é a reação a atual situação do espírito no mundo espiritual.
Essa é outra verdade. Ela é verdadeira? Não sei, mas obtê-la é abrir o leque de possibilidades. Se for ver outras definições dadas por outros mentores ou seres humanos terá novas informações, novas verdades. Elas são verdadeiras? Não sei, mas expor-se a elas abriu o leque de possibilidades ainda mais.
O que estou querendo dizer é que se não tiver a consciência de que tudo é apenas uma consciência criada pela mente e não uma verdade não conseguirá se dissociar daquilo que eu ou qualquer outro fala. Não se dissociando, acabará no prazer ou na dor, pouco importando o que comprou como verdadeiro.
Face a isso, posso dizer que o ouvido de ouvir é aquele por onde as palavras entram, mas não se transformam em verdades. É aquele onde o que é ouvido é compreendido apenas como mais uma possibilidade e não como realidade.
Quando Cristo disse que ouça aqueles que tem ouvidos de ouvir quis dizer exatamente isso. Ele mostrou que o ser humanizado vai ouvir muita coisa na sua existência, que não deve descartar nada, mas não tornar nada como realidade. Porque quando faz isso, afasta-se de Deus.
Somente aquele que alcança o nada é verdadeiro, apesar de existir , poderá manter-se em união com o Pai.