Não podia Deus isentar os Espíritos das provas que lhes cumpre sofrer para chegarem à primeira ordem?
Se Deus os houvesse criado perfeitos, nenhum mérito teriam para gozar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o merecimento sem a luta? Demais, a desigualdade entre eles existente é necessária às suas personalidades. Acresce ainda que as missões que desempenham nos diferentes graus da escala estão nos desígnios da Providência, para a harmonia do Universo.
Novamente vamos estudar partes da resposta isoladamente, pois o texto contém diversas informações.
Comecemos vendo a própria pergunta de Kardec: ‘Não podia Deus isentar os Espíritos das provas que lhes cumpre sofrer para chegarem à primeira ordem’?
Temos aqui um problema de semântica. Quando Kardec fala em sofrer a ideia que vem à mente é que são obrigados a passar por sofrimentos para evoluir, mas isso não é verdade. Você não é obrigado a sofrer para evoluir. Não é isso que ele quer dizer.
Na verdade, para que o espírito evolua é preciso que passe por provas. Sofrer no texto não quer dizer sofrimento, mas passar por. Ao passar por elas, pode escolher viver sofrimento ou não: isso é decisão dele, escolha sentimental que faz utilizando seu livre arbítrio. Deus dá a prova e o espírito escolhe sofrer ou não ao passar por elas.
Quer um exemplo: a alimentação. O alimentar-se ou não é, na verdade, uma provação que o espírito vivencia durante a encarnação. Durante ela existem alguns que vivenciam não ter o que comer e não sofrem por causa disso. Mas, há outros que vivenciam o fato de ter a casa cheia de comida, mas mesmo assim sofrem por não conseguirem ter algo específico, o que querem.
Portanto, aqui não se está falando de ter que sofrer, mas de ter que se passar por.
Vamos, então, ver as informações da resposta do Espírito da Verdade. Primeira: ‘Se Deus os houvesse criado perfeitos, nenhum mérito teriam para gozar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o merecimento sem a luta’?
Já falei muito sobre isso. Sempre me perguntam para que tantas provas. Respondo: para gerar o merecimento. Sem merecimento não há gozo de bem celeste. O bem celeste não é dado por Deus, mas é conquistado pelo espírito.
Muitos me perguntam se devem dar graças (agradecer) a Deus pelo que têm. A esses respondo: ‘não, pois Deus não fez mais que sua obrigação, ou seja, deu o que você mereceu. Portanto, não se deve agradecer a Deus, mas sim louvá-Lo’.
Deus não dá nada a ninguém. Para receber alguma coisa, é preciso que gerar o merecimento de receber.
Tem uma máxima de Cristo que é perfeita: Deus dá a cada um segundo suas obras. Esse ensinamento explica muito bem o assunto. Ele deixa claro que se você não obrar, não conquistará, se não merecer, nada receberá.
Essa é uma lei universal: a lei do merecimento. É ela que fundamenta a lei da causa e efeito, do carma. O carma de cada um é o justo e amoroso merecimento pelo momento passado.