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Que definição se pode dar de moral?
A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.
Deixa-me falar uma coisa: vou continuar me alongando na resposta a cada uma das questões sobre a lei natural. Isso porque a lei natural é o fundamental a se compreender. Vamos lá.
O Espírito da Verdade diz que o bem é o cumprimento da lei de Deus. Pergunto: qual é a lei de Deus? Os dois mandamentos que Cristo deixou: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Então, isso é o bem.
A partir daí, pergunto: o que é o mal? É amar qualquer coisa acima de Deus e a si mais que o próximo.
Aí está, então, a distinção de bem e mal. Amar a Deus sobre todas as coisas ou amar a qualquer coisa acima de Deus; amar ao próximo como a si mesmo, ou amar a si mais que ao próximo. Para compreendermos isso, vamos falar um pouco do amor ensinado por Cristo.
Amor é fidelidade. Amor é felicidade. Amor é igualdade.
Quando se ama a Deus acima de todas as coisas, você demonstra fidelidade a Deus. Quando ama a Deus acima de todas as coisas, está feliz, pois ama. Quando ama a Deus acima de todas as coisas, se sente igual a tudo e a todos, nem inferior, nem superior. Agora, quando ama alguma coisa acima de Deus, a si acima do próximo, a sua fidelidade é a você, àquilo que ama, ao seu amor por alguma coisa.
Quando você ama alguma coisa acima de Deus perde a felicidade, a harmonia e a paz. Entra na exaltação do prazer, na euforia, o que nada tem a ver com felicidade. Euforia é estado obsessivo. E quando ama alguma coisa acima de Deus, acaba com a igualdade, pois tem algo melhor que o próprio Deus para si, Esse é o primeiro aspecto.
Voltando ao tema da resposta, lembro: amar ao próximo como a si mesmo é o bem. Então, o mal é amar a você mais do que ama o outro. Quando você ama o próximo igual a você, você é fiel ao próximo e mantem laços de fidelidade com a família espiritual. Quando você ama ao próximo igual a você, você vive em paz e felicidade, em harmonia com os outros. Quando ama o próximo como a si mesmo, você alcança a igualdade. Isso é o bem.
Quando ama a si acima dos outros, a sua fidelidade é com você mesmo, é fiel a você mesmo e os outros que se danem. Isso porque precisa satisfazer esse amor egoísta. Quando ama a si acima dos outros, não vive em paz e harmonia, pois precisa estar sempre subjugando alguém para satisfazer esse auto amor.
É dessa análise que chegamos à definição que o bem é o universalismo, a ligação com Deus. Já o mal é o individualismo, pois é a ligação com você mesmo.
Fizemos toda essa análise para poder falar da lei moral que o Espírito da Verdade cita nessa questão. A lei moral precisa ensinar o ser a viver a fidelidade a Deus, a paz, a harmonia e a felicidade que resulta do amor a Deus. Precisa conter a igualdade entre todos.
Ora, se isso é a lei moral, a amoral, a falta de moral existe quando você não faz isso. A partir daqui podemos quebrar alguns conceitos da lei humana.
Amoral não é dormir com a mulher do próximo, é dormir com a mulher do próximo porque quer dormir. Na primeira hipótese não existe intenção e por isso não existe individualismo, que é a característica da amoralidade.
A amoralidade está em pensar antes em si mesmo do que em Deus e no próximo. Por isso, a amoralidade não está em roubar dinheiro dos outros, mas no querer ganhar mais do que o outro, ganhar acima do outro. Querer ganhar; isso é amoral, porque está ligado ao desejo individual.
É a partir disso que precisamos começar a repensar a vida. Cristo resumiu todos os mandamentos da lei de Deus nesses dois, todo o caminho para o Pai nessas duas posturas sentimentais. Ele não disse que se chega a Deus dando prato de comida aos outros. Não disse que se chega a Deus passando a mão na cabeça dos outros. Até porque ele não fez nada disso.
Cristo disse que se chega a Deus cumprindo a lei natural, cumprindo o bem, o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
É a hipocrisia humana que criou condições diferentes para a elevação espiritual estabelecidas por Cristo que queremos quebrar. Para fazer isso comentei uma vez sobre a guerra do Iraque.
Um pequeno grupo quis ir à guerra. A humanidade como um todo não quis. Para defender a paz as pessoas foram às igrejas rezar para Deus pedindo que sustasse a guerra. Alguma coisa deu errada ou Deus é surdo, pois não ouviu a oração da maioria da humanidade, já que houve guerra. Ou será que o Senhor Supremo não pode, apesar da onipotência, deter aquele pequenino grupo que queria a guerra? É, não foi nem o país como um todo que quis, foi apenas um pequeno grupo dentro do país.
Tendo em vista o que vimos nessa resposta, pergunto: o que foi amoral nesse acontecimento, o ato da guerra ou a intenção individualista de quem provocou a guerra? Essa resposta é fácil, mas e as pessoas que pediram a Deus que sustasse a guerra, foram moralmente correta ou também pensaram em si? Só viveram o medo de se verem envolvidas nesse conflito?
A imoralidade aconteceu dos dois lados. Primeiro na intenção de guerrear. Segundo, na intenção de rezar. Isso porque todos pensaram antes de qualquer coisa em si mesmo e não em Deus e nem no próximo.
É, como disse, esse capítulo faz a diferença na hora da elevação espiritual. Acho que por essa primeira coisa já dá para ter uma noção, não é? Vamos continuar falando desse assunto.