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Não sucede frequentemente resultar o mal, que o homem pratica, da posição em que os outros homens o colocam? Quais nesse caso, os culpados?

O mal recai sobre quem lhe foi o causador. Nessas condições, aquele que é levado a praticar o mal pela posição em que seus semelhantes o colocam tem menos culpa do que os que, assim procedendo, o ocasionaram. Porque, cada um será punido, não só pelo mal que haja feito, mas também pelo mal a que tenha dado lugar.

Já dissemos aqui que cada ser humano é um instrumento carmático do outro. Se você é individualista, está no mal, será instrumento carmático daqueles que precisam passar por aquilo que fará.

Você não é culpado do que faz por ser merecedor de ser instrumento daquela ação carmática. Se transformou em merecedor porque é um individualista, porque é do mal. Só que, ao agir nesse sentido está proporcionando uma oportunidade para que o outro transgrida ou não a lei de Deus.

Dessa forma, não é culpado pelo ato que pratica, mas sim por ter se tornado apto a servir de instrumento para aquele tipo de ação. É isso que o Espírito da Verdade está dizendo nesse trecho.

Já quanto ao outro, se ao ver que você pratica um egoísmo também for egoísta, o problema é dele. Ele também usou do seu individualismo quando não gostou do que você fez.

Portanto, você é culpado não por praticar, mas por ter se tornado apto a servir de instrumento para uma determinada oportunidade onde o outro. Já o outro, quando não gosta do que você faz, também é culpado. Por quê? Porque ninguém consegue fazer mal ao próximo.

Ninguém consegue agredir o próximo, é quem recebe a ação que decide como vai participar daquela ação.

Participante: antes da encarnação?

Não, na encarnação.

Participante: escolhe como vai participar sentimentalmente?

Isso, escolhe como participar sentimentalmente.

Então veja, se uma pessoa lhe dá um tapa no rosto, isso não é sinal de agressão. Tal ação só se transformará em uma agressão se você, ao invés de oferecer a outra face, sentir a dor da agressão. Sentir a dor do tapa, ofender-se, achar que foi agredido.       É com essas coisas que precisamos tomar cuidado.

Sei que vocês não aceitam o que digo. Imaginam que o outro é o culpado pelo que pratica, mas escute o que Kardec perguntou ao Espírito da Verdade: se eu reajo a alguém que bate em mim, ele não é culpado pela minha reação? A resposta foi clara: não. Ele é culpado pela sua maldade, pelo seu individualismo. Já eu sou culpado por optar pelo mal, pelo individualismo ao invés de fazer a opção pelo bem, pelo amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Aliás, a vida Jesus Cristo é exatamente isso. Ele apanha de todo lado, não só fisicamente, mas através da crítica, moral, inclusive de seus apóstolos. Pedro critica Cristo duas vezes. Apesar disso, ele sempre reagiu oferendo a outra face. Reagiu sem odiar, sem criticar, sem acusar ninguém, nem os seus discípulos.

Participante: Jesus disse que o escândalo é necessário, mas aí de quem o praticar.

Agora a pouco respondemos isso quando Kardec perguntou se o canibal que come carne humana é culpado. Naquele momento a resposta do Espírito da Verdade foi: é culpado pela vontade de fazer.

O escândalo está na vontade de fazer e não no fazer. Querer ganhar individualmente: esse é o grande escândalo.

O escândalo existe quando algo é muito fortemente contrário a moral. Por isso o querer para si é um escândalo no universo uno, onde todos são iguais. Quer ganhar acima do próximo, querer ser sempre o beneficiado, é um grande escândalo para o mundo espiritual. Sabia disso?

Respondendo, então, o escândalo é necessário, o querer ganhar é necessário, pois aí acontece a interdependência das coisas: você que quer ganhar age contra o outro que quer ganhar. Mas, aí daquele que participar desse escândalo escandalizando, querendo ganhar.

Ficou claro?

Participante: durante uma encarnação, nós estamos ora no mal, ora no bem. Na hora do desencarne, se estivermos no bem, não passaremos pelo umbral, ou não é bem assim?

Na evolução espiritual não há retrocesso, isso já foi dito.

Por isso seria impossível estar no bem e ir para o mal, amar a Deus em um momento e em outro não. Isso é impossível! Tudo que se avançar no sentido do amor a Deus, sempre ficará.

Você está confundindo com as próprias vicissitudes. Quando não está bem consigo mesmo não quer dizer que está amando ou não a Deus. Quer dizer que está passando por uma vicissitude sentimental. Por isso ame a Deus nesse momento, pois aquilo também é uma prova.

É isso que precisamos compreender. Ninguém vai viver essa vida em um estado de pureza eterna. Por quê? Porque no planeta existem espíritos mais ou menos no mesmo grau. Por isso não existem santos e demônios convivendo nesse planeta. Saiba que ninguém conseguirá se tornar um santo na Terra. Por isso serão necessárias sempre as vicissitudes.

O problema é quando você está na vicissitude superior e tem prazer, goza a cara dos outros e diz: olha como eu sou gostozão, coloco tudo em prática, sou o bom! Já quando está na vicissitude negativa, acha que não está amando a Deus e diz a si mesmo: eu não presto, não valho nada, não sei fazer nada, não consigo pôr em prática.

É preciso amar a Deus em todos os momentos, mesmo no momento que não está bem. É preciso ficar feliz por não estar bem.

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