Para certos homens, o meio onde se acham colocados não representa a causa primária de muitos vícios e crimes?
Sim, mas ainda aí há uma prova que o Espírito escolheu, quando em liberdade, levado pelo desejo de expor-se à tentação para ter o mérito da resistência.
Sabe quem é o bandido, o assaltante do meio da rua? Não é o mal, é um espírito que vive em um meio onde ele mesmo pediu para estar e que, talvez, não tenha resistido à tentação. Portanto, não é mal, não é o diabo, um sem vergonha, ordinário; é seu irmão perdido.
Diante dessa conclusão lembro do ensinamento de Cristo: abandone as noventa e nove ovelhas de seu rebanho e vá buscar a que se perdeu. Ou seja, abandone a sua coletividade certinha, bonitinha, que cumpre todas as leis e que você elogia, e vá amar a ovelha perdida.
É isso que precisamos compreender. Há um ditado no planeta, e que fazem questão de manter na vida, mas que não aplicam ao mundo espiritual: diga-me com quem andas que te direi quem és. Eu prefiro andar, viver, com Cristo – não vim para os sãos, vim para os doentes – do que com os seres humanos, com os valores humanos.
Ora, se você só anda, só ama, só diz que está certo, só acha bonito, quem satisfaz os seus padrões de moralidade, que vantagem leva dos pagãos? Eles também fazem isso. As prostitutas e os cobradores de impostos também.
Aí está verdadeiramente o fazer o bem: trata-se de ir àquela ovelha que desgarrou e amá-la. Amá-la não superficialmente, mas com muita intensidade, pois ela não é negra, como muitos querem pintar.
Muitos dizem que aquele que não vive dentro do bom que a humanidade crê, é uma ovelha negra. Tem até preconceito contra essas pessoas, mas é o contrário: são seres espirituais carentes, ou seja, espíritos com falta de amor! Esses seres não precisam da sua acusação, mas sim do seu amor. Só que é justamente para esses, aqueles que mais precisam, que vocês têm a palavra negativa, a crítica, a acusação.
‘Ah, Joaquim, é muito difícil amar um bandido’, vocês me diriam. Só tem um detalhe: sabe quem é aquele que lhe agride, que faz fofoca, que diz que você é um ignorante, que faz acusações? Alguém que cedeu à tentação pelo meio onde pediu para viver. É um necessitado. Por isso, ame-o! Ser amado: é isso que ele precisa. Não a sua acusação de ser do mal.
O que precisa é do amor. Por isso amar é a prática do bem. Ninguém faz o bem mostrando o quanto é valoroso para a sociedade dando comida ou bens materiais para auxiliar os pobrezinhos que estão no hospital. Até porque, esses são sãos viu? Quem precisa mesmo de você é aquele que pediu para nascer num determinado meio e que não conseguiu vencer os padrões daquele meio.
Então, se de repente alguém diz que você é errado, que é macumbeiro (só para aproveitar a questão do candomblé que o moço falou antes), que não presta, o ame. Ele nasceu num meio, numa religião onde precisa vencer a idolatria, mas não venceu. Coitado; ele precisa de amor. Dizer que é um fanático, que é isso, aquilo, aquilo outro, não é prova de bondade.
Gosto de ir aos centros Espíritas e ver quando se fala mal dos evangélicos ou dos católicos. Se para vocês eles estão errados e por isso acham que têm o direito de criticá-los, perdeu uma grande oportunidade de amar.
Se o amor é o contraponto a crítica, posso dizer que optou por criticar e não em amar. Se optasse por amar, teria amado. Ao escolher não amar, não praticou o bem, não fez a caridade, apesar de achar que fez.
Repare na diferença que o Espírito da Verdade mostra nessa pergunta, entre fazer a caridade e ser caridoso. Para vocês ser caridoso é participar de auxílio aos pobres, mas não é isso. Ser caridoso é amar a todos indistintamente. Como Cristo ensinou: partir atrás da ovelha perdida e dizer: eu te amo mais que as outras porque você estava perdida e agora se encontrou.
Repararam na fala? É da parábola do filho prodigo. O pai diz àquele que volta ao convívio familiar: eu lhe amo mais do que ao outro que ficou aqui. O outro reclama: eu fiquei aqui, cumpri aminha obrigação e lhe ajudei. O pai responde: mas o outro se salvou.
O importante quando o assunto é elevação espiritual é vencer alguma coisa, alguma tendência humana. Por isso, ajude as ovelhas a vencerem, ou seja, ame aquele que não faz o que você acha certo ou bom, nem que para isso precise abandonar as noventa e nove que fazem o que humanamente é considerado bom.
Não fique preso no seu grupinho de pessoas certinhas, arrumadinhas, engomadinhas que fazem tudo dentro da lei. Se ficar não achará quem realmente precisa de você.
Participante: nós espiritas não falamos mal de nenhuma religião, respeitamos a todas indistintamente. Todos os caminhos nos levam a um único Deus. Nós é que devemos discernir o certo do que é errado.
Desculpa moço, não falei da religião Espírita, falei de espíritas.
Louvado seja Deus que essa seja a sua posição. Só que não é nem a posição oficial da Federação Espírita, que dirá da maioria dos centros.
Quem está falando com você é um trabalhador que já permaneceu muito tempo trabalhando na falange espírita. Vi muita crítica e ainda h lamento muito encontrar na maioria das casas o discurso que o Espiritismo é a religião que vai salvar o mundo porque é melhor que todas outras.
Muitos ainda dizem que o Espiritismo é a verdade: conheça a verdade e ela vos salvará. Falam como se as outras religiões fossem todas mentirosas.
Sei que essa não é a postura do Espiritismo. Por isso não falo da religião, mas de espíritas. Só que apesar dessa constatação deixo bem claro: esses não são para serem criticados. São para ser mostrados como exemplo que precisam ser amados acima de todos que estão, são seres que pediram para nascer em determinado meio e sucumbiram as tendências dele.
Participante: não estamos acima da carne seca, por isso disse que todos os caminhos nos levam a um só Deus.
Concordo plenamente com você.