Por ser inerente à espécie humana, o egoísmo não constituirá sempre um obstáculo ao reinado do bem absoluto na Terra?
É exato que no egoísmo tendes o vosso maior mal, porém ele se prende à inferioridade dos Espíritos encarnados na Terra e não à Humanidade mesma. Ora, depurando-se por encarnações sucessivas, os Espíritos se despojam do egoísmo, como de suas outras impurezas. Não existirá na Terra nenhum homem isento de egoísmo e praticante da caridade? Há muito mais homens assim do que supondes. Apenas, não os conheceis, porque a virtude foge à viva claridade do dia. Desde que haja um, por que não haverá dez? Havendo dez, por que não haverá mil e assim por diante?
O que será que quer dizer o Espírito da Verdade quando afirma que o egoísmo se prende à inferioridade dos espíritos encarnados na Terra? Que o egoísmo se prende ao nível de elevação dos espíritos encarnados na Terra.
Sendo assim, o egoísmo que hoje é vivido pelos seres humanos é resultante do nível de elevação dos espíritos e não uma maldade enraizada em seu coração. Ou seja, o egoísmo que fundamenta as compreensões que os seres recebem do ego através da razão durante a encarnação é o objeto de sua provação, um dos seus carmas que precisa ser vencido e não um sinal de maldade.
A partir daí a compreensão do nosso ensinamento se altera fundamentalmente. Muitos acreditam que quando falamos que o ser humanizado é egoísta estamos afirmando que ele é mal, errado. Por isso muitos se sentem ofendidos quando dizemos que o egoísmo é a característica principal de todo ser humano. Não precisam ficar.
Temos a plena consciência que é natural que qualquer ser humanizado vivencie o egoísmo quando recebe a interpretação dos acontecimentos da vida carnal do ego. Isso porque o egoísmo faz parte do seu atual nível de elevação.
Não estamos aqui para criticar ninguém, mas para alertar sobre a ação contrária do individualismo nas suas pretensões de elevação espiritual e, por conseguinte, da necessidade de libertar-se desse padrão vibratório para que mude de patamar de elevação.
Constatamos o egoísmo apenas para poder afirmar que é necessária a libertação do vício de ser sempre atendido e não para acusar. Fazer esse aviso é um padrão de todos aqueles que realmente se interessam em aproximá-los de Deus. É preciso constatar a presença do egoísmo, propor alternativas, mas nunca acusar nem cobrar aceitação ou cumprimento das diretrizes propostas.
Isto é muito diferente dos espiritualistas materialistas, ou seja, daqueles que utilizam o ensinamento espirituais para atender a pré-requisitos seus. Esses vivem com uma compreensão do ensinamento dos mestres e os usam para descobrir erros, acusa o próximo de ser errado, pecador, de não prestar.
Não é isso que estamos querendo dizer quando apontamos o egoísmo com o qual vive hoje. Sempre que constatamos uma característica do ser humanizado, como hoje estamos fazendo com o egoísmo, compreendemos que ela é um fundamento do ser humanizado porque faz parte do nível de elevação do espírito. Jamais afirmamos que um ser universal, um filho de Deus é ruim, mal ou errado.
Aliás, como já afirmamos anteriormente em diversas oportunidades, sabemos que o espírito é sempre luz, puro por natureza e jamais perderá na sua essência esta pureza. Ele está viciado em egoísmo, está egoísta, como resultante do seu nível de elevação espiritual, mas não é nada disso.
Todo seu individualismo é uma poluição que surgiu com o advento, ou seja, com a ligação à personalidade humana (ego) que está vivenciando para provar a si mesmo que é capaz de superar o vício do egoísmo.
Então, não acusamos ninguém: mostramos o caminho onde o egoísmo pode ser superado. Fazemos isso para que o ser humanizado tenha consciência da sua ação e possa mudar a sua forma de vivenciar a vida carnal. Só isso.
Declaramos expressamente que, para nós, não há mal, não há nada errado, mas que existem apenas espíritos vivenciando a sua existência, seja na matéria ou fora dela, dentro do seu nível de elevação espiritual.
Essa também deverá ser a sua atitude se quiser libertar-se nessa vida do egoísmo que está vivenciando. Constatar que não existem seres humanizados maus, ruins ou errados, mas que cada um possui valores dentro do seu grau de elevação espiritual.
Se ao contrário, continuar se prendendo aos seus padrões como o certo, saiba que, mesmo que busque o caminho da espiritualidade, estará praticando o espiritualismo materialista, aquele que acusa os outros de pecador.