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O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominando sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e não desfigurado por ficções alegóricas.
Dois aspectos a analisarmos neste trecho. Primeiro: o egoísmo acaba com a elevação moral.
Se o egoísmo é contrário à elevação espiritual e se é fundamentado no eu a elevação moral, então, o processo de reforma íntima se consiste em buscar o nós. A partir daí pergunto: o que é elevar-se moralmente?
Certamente não tem nada a ver com não fazer aborto, com não matar, ou seja, não está vinculada à padrões humanos. A elevação moral ocorre apenas quando o ser humanizado abandona o eu e vive o nós, não tendo importância que atos pratique.
O nós a que estamos nos referindo é aquele que é alcançado pela fusão perfeita de todos, ou seja, quando todos tiverem direitos iguais. Sendo assim, a elevação moral é alcançada quando cada um tiver o direito de ser, estar e fazer o que quiser e você não o julgue por isso.
Segundo aspecto destacado por Fénelon: o espiritismo ensina a Realidade. Para podermos entender isso vamos ver que Realidade o Espiritismo nos ensina.
Em primeiro lugar o Espiritismo diz que você é um espírito. Encarnado, ligado a um ego, mas não deixa de ser um espírito. Isso fica bem claro numa série de perguntas que já estudamos.
O que era a alma antes de encarnar? Espírito. O que voltará a ser a alma depois de desencarna? Espírito. Estar alma, ou seja, encarnado, portanto, não acaba com nossa essência Real (espírito), mas apenas destaca uma condição especial temporária de vivência (estar ligado a um ego).
Segunda Realidade que o Espiritismo ensina: há uma interação entre mundo espiritual e material a tal ponto que nada acontece nesse mundo sem a interseção dos espíritos.
Como essa Realidade criada pelo Espiritismo nem sempre é aceita pelo ego humanizado, vou citar textualmente o comentário de Kardec aos ensinamentos do Espírito da Verdade.
“Imaginamos erradamente que aos Espíritos só caiba manifestar sua ação por fenômenos extraordinários. Quiséramos que nos viessem auxiliar por meio de milagres e os figuramos sempre armados de uma varinha mágica. Por não ser assim é que oculta nos parece a intervenção que têm nas coisas deste mundo e muito natural o que se escuta com o concurso deles.
Assim é que, provocando, por exemplo, o encontro de duas pessoas, que suporão encontrar-se por acaso; inspirando a alguém a ideia de passar por determinado lugar; chamando-lhe a atenção para certo ponto, se disso resulta o que tenham em vista, eles obram de tal maneira que o homem, crente de que obedece a um impulso próprio, conserva sempre o seu livre arbítrio” (pergunta 525 a).
Nas perguntas seguintes (526 a 528) essa Realidade fica muito mais clara quando o Espírito da Verdade mostra que os espíritos conduzirão o homem que deve sucumbir de tal forma para uma escada quebrada ou para debaixo da árvore onde o raio cairá, já que não podem alterar o curso dos elementos da natureza, mas dirigem o homem para que aconteça o que está previsto. Cita ainda que aquele que não deve morrer de uma bala perdida será inspirado para se desviar e não que se desvie a bala para salvar o homem.
Essa é a Realidade que o Espiritismo ensina: os espíritos comandam as ações do ser humano ao invés de, como mágicos, agirem sobre os elementos da natureza.
Esse conhecimento deveria levar, nas palavras de Fénelon, a acabar com a ficção alegórica que você vive e chama de realidade, verdade. A sua realidade não tem nada de Real, pois não percebe toda movimentação dos amigos espirituais guiando seus passos, mas imagina que age por moto próprio.
Krishna também ao comentar a realidade que o ser humanizado vive a define a como fantasias fantasmagóricas. Ou seja, os dois mestres têm a mesma compreensão sobre aquilo que você vive como real: uma ficção, uma fantasia.
Olhe agora para o computador à sua frente. Você está vendo um monitor que está projetando uma imagem? Essa percepção é uma ficção alegórica, uma fantasia fantasmagórica. O que está à sua frente na realidade é fluído cósmico universal.
Você está vendo um inimigo, aquele de quem não gosta? Isso é uma ilusão, uma ficção alegórica, porque não há um ser humano à sua frente, mas um espírito encarnado. A compreensão de que ele está agindo contra você também é uma ficção porque ninguém pratica atos, mas cumpre a ação guiado pelos amigos espirituais a partir do mundo dos espíritos.
Então veja. Não é só hinduísmo que fala, mas também o Espiritismo diz que você vive uma peça de teatro chamada Divina Comédia Humana, como realidade, mas que ela não passa de uma ficção alegórica, de fantasias fantasmagóricas.