Qual o meio de destruir-se o egoísmo?
De todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pode libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organização social, sua educação.
O egoísmo decorre da materialidade, nos ensina o amigo espiritual.
Já estudamos anteriormente o tema materialidade e definimos que ela não consiste em estar ligado a uma massa carnal, mas acontece quando o ser universal encontra-se ligado a um ego humano. Portanto, o egoísmo surge e é natural no espírito quando está ligado a um ego humano.
Sendo assim, enquanto houver a ligação com o ego, a intenção que o ser humanizado terá será sempre fundamentada no egoísmo. Não importa a que ato estejamos nos referindo, vivenciá-lo subordinado aos padrões ditados pelo ego é ter a intenção baseada no egoísmo.
Seja na aplicação das leis humanas, seja nos padrões organizacionais de uma sociedade, seja na orientação do próximo sobre o que é certo (educar), enquanto o ser universal estiver humanizado (submisso aos padrões ditados pelo ego) o egoísmo ocorrerá. Não importa que ache que esteja certo ou até que a grande maioria concorde com você, se aplicar o que acha que deveria estar acontecendo para julgar a atitude do próximo ocorreu um egoísmo e não uma justiça ou um amor.
Mas você não vê assim. Acredita que o acatamento às leis humanas deve ocorrer, que os padrões organizacionais de uma sociedade precisam ser respeitados, que deve educar os outros para eles ajam de forma certa. Mas, quem disse isso?
As leis humanas são temporárias e individualizadas; as organizações sociais são extremamente diferenciadas de acordo com cada povo; o que você acha certo já se modificou milhares de vezes durante essa existência. Ou seja, nada disso é universal; e tudo que não é universal é ilusório, individual.
As leis que acha certas são ilusórias, as organizações sociais que imagina que todos têm que se submeter são ilusões, tudo que acredita como certo mudará quando libertar-se dos padrões impostos pelo ego. Portanto, exigir agora o cumprimento desses padrões ao próximo é submeter-se ao ego o que, naturalmente, leva ao egoísmo.
Enfim, ter um padrão, seja sobre que assunto for, de certo ou errado, bonito ou feio, gera automaticamente o egoísmo. Porque o egoísmo consiste na cobrança de que o próximo atenda o seu padrão.
É por isso que Buda chama os padrões de paixões. Você é verdadeiramente apaixonado pelos seus padrões de certo e errado. Dessa paixão surge, então, o desejo do cumprimento daquilo que acha certo e o desejo da não existência daquilo que acha errado. Ou seja, o egoísmo em ação.