“Ó Partha, os tolos cuja mente está cheia de desejos e que consideram a vida celestial como a sua meta mais alta, os quais estão submissos aos panegíricos védicos (no Ocidente, submissos à letra fria) e que consideram isso algo muito superior, estes ignorantes, ó Arjuna, falam com os costumeiros termos floridos a respeito das diversas classes de cultos védicos, cultos estes que originam os nascimentos, as ações e seus resultados, como meios para o prazer e a dor. Aqueles que se ligam a esses néscios e se deixam levar por toda essa fraseologia enfeitada, jamais lograrão a determinação única que conduz o homem à Absorção Espiritual”. (Bhagavad Gita, capítulo II, versículos 42 a 44)
Presos aos falsos conhecimentos que a mente cria a respeito das coisas espirituais, o ser humanizado acredita na interpretação humana que é dada aos ensinamentos que os mestres da humanidade trouxeram para balizar a vida daquele que quer aproveitar a oportunidade da encarnação para a elevação espiritual. Com isso não agem de acordo com o que foi ensinado, mas não veem isso porque conhecem os textos de seus ensinamentos. Este é o apego à letra fria que Krishna fala à Arjuna.
Estar submisso à letra fria não é apenas não agir, mas também agir em sentido contrário àquele que foi ensinado. Sem levar em conta que Cristo ensinou que não se deve servir dois senhores ao mesmo tempo, o ser humanizado conhece os ensinamentos deste mestre, mas não age dentro do propósito com que ele foi ensinado. O utiliza para exigir da vida que seus interesses se sobreponham aos dos outros. Isso também é apego à letra fria.
Presos aos falsos conhecimentos gerados pelo misticismo criam paraísos relativos e os buscam, como é o caso do nirvana, da tenda dos árabes, do paraíso dos cristãos e das cidades espirituais dos espíritas. Mas, como podem haver estes lugares se em O Livro dos Espíritos é afirmado que
“as penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa”. (pergunta 1012). Como pode haver estes lugares se Cristo ensina que “o reino do céu está dentro de vós e está fora de vós” (Evangelho Apócrifo de Tomé, logia 003).
Por causa da sua prisão às informações místicas que ensinam o que fazer e o que há além do mundo material, os seres humanizados acreditam nos cultos que as doutrinas que se fundamentam nestas informações propõem. Mas, como toda a fraseologia dos místicos e seus rituais estão apegados aos anseios humanos, o ser humanizado não vê que nada faz no sentido da sua elevação espiritual, mas apenas na busca destes lugares que são criações da mente humana.
Chamamos a estes lugares de mundo dos devas.