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Observação: essa conversa foi realizada em 08/12/2018. No período entre agosto e dezembro foi realizada a eleição para presidente que elegeu Jair Bolsonaro.

Para começarmos pergunto: alguém tem pergunta?

Participante: eu tenho. Pode falar do fim do mundo?

Falar do fim do mundo? Você já está nele.

Participante: fala mais,,,

Falar o quê?

Participante: se já está na hora, como vai acontecer, quando acabará?

Fique tranquila. Na primeira parte de nossa conversa de hoje vamos falar coisas interessantes sobre o fim do mundo. Interessantes porque ele já acabou e você nem viu.

Então, vamos começar a conversar.

Está tudo bem com vocês? Todo mundo em paz? Faz muito tempo que não apareço, não é? Desde agosto que não fazemos palestra, que não gravamos nenhuma mensagem.

Apesar disso acho que já ouviram tanta coisa de mim e de outros mestres e mentores e nem sentiram minha falta. Conseguiram viver em paz e harmonia, de uma forma tranquila durante esse período, não?

Participante: não.

Não? Por que não conseguiram?

Participante: por causa da política.

Eu não vou falar de política.

Por que não conseguiram viver em paz? Nós não conversamos por dezenove anos sobre viver em paz? Por que não conseguiram aplicar enquanto não estive por aqui?

Duas observações. Para quem ainda não sabe, o assunto de hoje é novo: felicidade, ser feliz. É um assunto novo, não é mesmo? Segundo, não vamos falar de política, mas de viver a política.

 Durante esses dezenove anos conversamos tanto sobre felicidade, vocês já leram tanto sobre manter a paz, despossuir e outros temas correlatos e não conseguiram ficar em paz? Por quê?

Por que que perderam a paz, amizades, camaradagens. Por que perderam a tranquilidade durante esse tempo? Por que será? Essa é a pergunta que faço no começo dessa conversa.

Participante: porque não colocamos em prática o que lemos.

Por que não colocou em prática? Não sei se a resposta é essa. Será que tiveram a opção de colocar em prática?

Olha bem a pergunta que faço: vocês tiveram a oportunidade de fazer essa opção, ou seja, no meio desse processo todo que viveram será que tiveram a chance de pensar que podiam agir de forma diferente? Pensaram nessa opção ou simplesmente viveram em um piloto automático entrando em confusões, em brigas sem lembrarem que tinham uma opção de viver diferente?

Não foi isso que aconteceu?

Porque não pararam para pensar? Porque nem houve a oportunidade de fazerem uma opção por viver de forma diferente?

Participante: [silêncio]

Ninguém sabe me dizer?

Ninguém sabe me dizer porque nem pensou em viver aquela situação de uma forma diferente e se entregou à discussão, se entregou à briga, às calúnias, à crítica à quem pensava diferente?  Porque?

Não estou falando de ninguém especificamente nem de política; estou falando de você frente aos outros, outras pessoas. Por quê? Porque quem apoiava um candidato não se lembrou de tudo que vem considerando como importante há tantos anos e decidiu atacar quem apoiava o outro?

Apesar de terem dezenove anos acompanhando nossos ensinamentos e buscando informações em outras fontes espiritualistas nem se lembraram de viver de uma forma diferente. Apesar de terem tido acesso a informações sobre a necessidade de se libertarem desse mundo, do sistema humano de vida, das posses, paixões e desejos, esqueceram tudo e se entregaram as desavenças que aconteciam. Por quê?

Porque nem se lembraram que o afã de defender um dos candidatos era uma posse e paixão que gerava um desejo do qual tinham a consciência que precisavam se libertar? Por quê?

Participante: a gente está viciada.

Não. Porque uns defenderam um candidato e outros defenderam outro? Em nome de que aconteceu essa duplicidade de opiniões?

Estou falando dentro da razão de vocês. Porque uns defendiam um candidato, achavam que ele era melhor, que faria mais? Você defendia um candidato porque achava que ele era o melhor para quê? Para o país!

É por isso que não lembraram dos ensinamentos: estavam preocupados com o país, preocupados em salvar o país, em salvar o pobre ou o rico. É por isso que nesse tempo nem se lembraram que era o momento de trabalhar você mesmo. Não é isso?

Apesar dessa preocupação sei que se perguntar aqui todos vão saber de algo que Paulo disse e que já vimos: o governante é escolhido por Deus. Vocês nem lembraram que já conversamos diversas vezes sobre isso, não é mesmo? Acharam que poderiam mudar o voto do outro para o seu candidato ganhar.

Por isso não trabalharam a si mesmos e viveram em sofrimento: porque estavam preocupados em salvar o país, o pobre, o rico. Viveram com o sonho de que alguém pode salvar alguém que Deus não salva. É por isso que sofreram.

Pergunta?

Participante: mas essa escolha em salvar o país que vivemos não foi motivada por Deus? A escolha racional não foi gerada por Deus?

A escolha racional foi gerada por Deus. A sentimental, achar que é certo lutar para defender o país, foi você que fez.

Não falo de atos, falo de sentimentos, de emoções. Atrás de cada ato há um sentimento, uma emoção, com a qual você vive o ato.

A emoção com a qual viveram os atos desses tempos, e daí o sofrimento, é a de concordar com a razão. Quando fez essa escolha – achou certo, verdade, justo, que era preciso discutir política para salvar o país, que são ideias criadas pela razão – viveu o sofrimento. Se discutisse política, ato, sem achar que estava certo, não sofreria.

Participante: se isso levar a viver o sentimento de culpa?

A culpa é por não ter feito e achar que fez.

Participante: não dá para fazer isso…

Dá, dá sim, claro que dá! Dá para a boca falar sem o coração sentir!

Participante: um exemplo?

Um exemplo que vocês mesmo dizem que acontece: falam coisas da boca para fora e internamente, no coração, estão sentindo ao contrário. São paixões que apenas a boca diz que existe, mas no coração não estão presentes. Quantas vezes você chega para uma mulher e diz que a ama para poder tê-la, mas sabe que não existe esse amor?

Participante: o senhor está falando que torcíamos para um lado?

Não. Na verdade, você não estava torcendo por um candidato, mas sim vivendo a esperança, o desejo, que quem ganhasse salvasse o país. Tanto é verdade que um dos candidatos foi trocado e você passou a acreditar que o outro era o salvador da pátria.

Então, não estava torcendo por um candidato, mas para um ideal para o povo brasileiro. Mas, sabe quem vai salvar o povo brasileiro? Sabe quem pode salvá-lo? Ele mesmo.

Na hora que o povo brasileiro amar a Deus sobre todas as coisas é ao próximo como a si mesmo, ou seja, ser feliz como está, com o que faz e acontece ele se salva. Se isso é verdade, por que não se salva? Porque briga com o outro para salvar a si.

Participante: eu votei…

Votar é ato e eu não falo de atos. Você pode votar em quem quiser, pode não votar em qualquer um, isso não me interessa.

O que importa e por isso falo sobre, é o que carrega aqui dentro do coração. Se votou com a mão e o seu coração não votou junto, não tem problema algum. Só que na eleição vocês tiveram uma paixão pelo voto. A paixão é no seu íntimo, o que importa no sentido espiritual, o voto é na mão e ela não importa para Deus.

Participante: é porque nos preocupamos com a necessidade básica do povo…

Você precisa de comida para amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo? Precisa satisfazer seus desejos para ser feliz? Desculpa, mas não ama nada nem a ninguém, a não ser você mesmo. Você é egoísta.

Saiba de uma coisa: a ação de amar não tem objetos direto nem indireto. Quem ama verdadeiramente não ama ninguém especificamente e nem por qualquer motivo. Ele só ama.

O todo amor que existe condicionado a alguma coisa não é amor, é egoísmo. ‘Eu amo aquela pessoa porque me trata bem’: é claro, você é egoísta, quer, precisa, ser tratado bem. Quando isso acontecer será feliz.

Eu amo a pessoa que me ama’: isso é mole, quero ver amar quem não lhe trata bem. Aí é amor.

Participante: era isso que Buda fazia quando pedia esmola?

Era o que Buda fazia, o que Cristo fazia, o que todos os mestres faziam.

Encerrando esse assunto, chego a uma conclusão: vocês sofreram em troca de nada. Querem ver? Quem ganhou eleição?

Participante: o povo?

Não. Quem Deus escolheu para ganhar.

Seu voto não valeu de nada. Desculpe, valeu sim: valeu para que sofressem esse tempo todo…

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